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De onde veio a Ordem dos Cônegos Regulares Lateranenses ?

   De onde veio a Ordem dos Cônegos Regulares Lateranenses ?

                                                 Séc. IV e V d. C.






Hoje somos convidados a olhar para Santo Agostinho como um orientador ativo em nossas comunidades canonicais. Mesmo que estejamos a 1580 anos de distância, desde a páscoa de Santo Agostinho até os dias de hoje, ele continua vivo em cada um de nós que o reconhecemos como pai. Sabemos que este santo quando morreu, não deixou patrimônio, exceto a biblioteca e algumas recomendações sobre o cuidado com os seus livros. E graças a isto, conservamos o seu espírito, sua característica, seu jeito de falar, de administrar, de ser homem de oração e seu pastoreio na Igreja de Deus. Após sua conversão, a Igreja ganha um cristão diferente de todos os demais, pois além de querer ser consagrado ao Senhor, quer também consagrar os que desejam fazer a diferença na vida batismal.
Ao fundar o seu mosteiro, coloca como base fundamental o amor a Deus em primeiro lugar e logo em seguida, o amor comunitário. Seria uma imitação autêntica as primeiras comunidades católicas, como reza em Atos 2, 42-47. Agostinho se faz monge após 24 de abril de 387, onde alguns de seus amigos o seguem neste ideal. Aqueles que outrora se reunia para debater assuntos filosóficos, agora debatem os assuntos de Deus. Mesmo após sua ordenação sacerdotal que se deu em 02 janeiro de 391 e sua sagração episcopal, cinco anos após, o idealismo de não abandonar a vida monástica, seguiu Agostinho. Antes de sua sagração, alega ao Bispo São Valério de Hipona que só aceitaria o convite de ser o seu Bispo coadjutor se ele (Agostinho) não abandonasse sua comunidade religiosa, trazendo-a para dentro do palácio episcopal. Aceito o pedido do santo monge, é sagrado Bispo. Com isto, podemos afirmar, que aqui inicia a Vida Canonical, onde os sacerdotes começavam a viver ao redor das catedrais e residências episcopais.
O ideal monástico de Agostinho não ficou limitado há seu tempo, nem a sua diocese. Mas, pelo contrário, ultrapassou todos os limites territoriais do norte da África, tomando adeptos tanto no oriente, como no acidente. Conta-se que só Agostinho havia fundado cinco mosteiros pessoalmente. E sua comunidade foi-se expandindo passo a passo através dos séculos e em diferentes lugares. Após a sua morte que se deu em 28 de agosto de 430, seu amigo São Posídio escreveu uma biografia sobre este homem de Deus, testemunhando sua santidade e exemplo de vida. Dizendo ele: “dos mosteiros de Santo Agostinho saíram mais de dez Bispos”, mostrando assim a seriedade e a santidade de Agostinho em seus seguidores. A formação que Agostinho dava aos seus monges não tinha segredo, mas tinha um grande amor. Seu desejo de formador era fazer que os seus formandos amasse a Mãe Igreja, sentir-se por Ela, chorasse e sorrir-se com ela, tendo o objetivo de gerar novos cristãos na fé e de alimentar-los com a Palavra e a Eucaristia. Por isso que o monge era convidado a estudar e rezar a teologia. Uma prova disso encontramos na Regra, quando ele escreve: “Quanto aos livros, haja uma hora certa todos os dias em que podem ser pedidos. Quem pedir fora da hora, não seja atendido”. (Regra cap. 5, 39)


                                     Do séc. V ao XI


Após a morte de Agostinho, no mesmo ano, algumas cidades – dentre elas estava Hipona – foram invadidas pelos bárbaros. Mosteiros foram saqueados e destruídos. E com este incidente, acontece a diáspora agostiniana, onde os mosteiros foram desmontados, monges dispersados e o ideal agostiniano, passado de comunitário a privado, levado pelos fugitivos. Podemos afirmar categoricamente que acontece aqui um eclipse na ideal religioso agostiniano, onde não vamos ter registros históricos de comunidades, que se dizem oficiais, que vá do século VI ao XI. Mas, aos poucos a vida religiosa agostiniana foi ressurgindo, florescendo e se expandindo. A tal ponto de no séc. XI, ser fato de que vários clérigos estiverem vivendo, segundo eles, no estilo de Santo Agostinho. Não todos, mas muitos em Itália e países europeus.         
E foi aí que iniciou-se a História da Ordem dos CRL. Quando São Gregório VII, Papa, no ano de 1059, convocou o Sínodo Lateranense, em Roma e solicitou o clero a viver mais radicalmente a missão de consagrados, à adotarem a Regra de Santo Agostinho, já que existiam muitos grupos de sacerdotes separados por toda a redondeza de Roma que afirmavam ter Agostinho por idealizador de vida. Então o Santo Padre sabendo a riqueza do jeito antigo e sempre novo do Doutor da Graça, disse que esta (Regra) seria a forma mais exemplar e admirável que o clero da Santa Mãe Igreja deveria tomar para as vossas vidas. Pois esta santa Regra os convidava a viver uma vida, tendo como núcleo essencial o amor, a comunhão do coração e de bens, a conservação da humildade, a prática da oração, a santa castidade de corpo e de mente, o perdão fraterno, a santa obediência aos superiores e a boa administração dos bens da Igreja; não vendo neles como algo particular e de direito próprio.

Isto foi muito louvável para Igreja, pois se participamos do Corpo Místico de Cristo que é Puro, Santo e Imaculado, os seus ministros teriam por obrigação de viver uma radicalidade parecida com a de seu Fundador.
Parece-me que o Papa observou que é contraditório, os ministros ordenados predicarem sobre a humildade cristã, o sacrifício, a obediência de Cristo, sua pobreza, sua castidade, seu modelo de oração, seus exemplos de desapego familiar e material e seu amor pelos irmãos, e estiverem como que, vivendo totalmente ao contrário de tudo o que é predicado. Entendo eu, hoje, que se for assim, Cristo não tem sentido de ser seguido e imitado, apenas estudado, pois ele se resume em um fato histórico e revolucionário que aconteceu e que merece ser atualizado em nossos dias. Por isso que Santo Agostinho já escrevia a Regra para a sua comunidade religiosa. Santo Agostinho foi um cristão amantíssimo da Igreja, defendendo-a de todos os ataques doutrinários e materiais; ele não queria que o escrito de Ezequiel 34, 1-11, não se aplicasse a ele, nem a sua comunidade religiosa que acabara de nascer. Por isso ele dizia: “Devemos ir aonde a Igreja necessite”. Acrescento eu, – procurando da melhor forma viver como Cristo, Casto, Pobre e Obediente. Não se preocupando “com quer comer, com que vestir, nem com o dinheiro na cintura”. Pois isto é fato experimentado; na medida em que se torna a preocupação principal do missionário a economia, os frutos da missão não vem, nem o missionário vai. Pois o medo de não ter o suficiente para a sobrevivência, denuncia que este missionário é um descrente da Palavra do próprio Cristo que disse: “Não vos preocupeis”, quer dizer, “Confiai-vos na minha providência”.
Esta é a grande barreira que a Igreja esta enfrentando hoje! Não é a falta de sacerdotes, nem de religiosos que está fazendo com que a Igreja perca sua dinâmica progressiva, mas a falta de compromisso contínuo, de amor pelo Ide e Pregai a Todos por parte da maioria dos são consagrados e ordenados. Quando a preocupação na Igreja deixar de ser como prioridade a economia, iremos nos tornar uma comunidade missionária de verdade, onde veremos que “Ir aonde a Igreja necessite”, renderá muitos frutos, pois serão as ovelhas do Bom Pastor que sentirá a proteção, a palavra e o ânimo de sua Mãe Igreja perto de si. E então acontecerá o milagre da multiplicação do rebanho, “do leite, da lã para o vestido do pastor, da alimentação” (Ez 34,3), onde não comerão, nem vestirão com remorso, pois não se sentirão culpados de não serem maus pastores. É isso que este grande Doutor da Eclesiologia quer que compreendamos, quando pede que os seus seguidores deverão “Ir aonde a Igreja necessite”. Mas, vivendo como regulares, quer dizer, baixo a uma disciplina, uma regra de vida, um conselho permanente, onde todas as semanas deveriam voltar e por obrigação, ler e relembrar tudo aquilo que foi escrito de novo, para que o relaxo não os domine. Vemos isto explicitamente na Regra de Santo Agostinho no Capítulo VIII, quando ele escreve, dando por conclusiva a sua Regra, dizendo:
“Conceda-vos o Senhor observar todas essas prescrições com disposições de amor, como enamorados da beleza espiritual e exalando, através de vossa boa convivência, o bom perfume de Cristo, não como escravos debaixo da lei, mas como pessoas livres, estabelecidas sob a graça.
Este livreto seja para vós como um espelho em que possais vos refletir. E para que não descuideis alguma coisa por esquecimento, seja lido em comunidade uma vez por semana.
E onde reconhecerdes ter sido fiéis às suas prescrições, daí graças ao Senhor, dispensador de todo o bem.
Onde, ao contrário, alguém se achar em falta, arrependa-se do passado, previna-se para o futuro, rogando a Deus que lhe perdoe a ofensa e não o deixe cair na tentação”.
                (Santo Agostinho, Regra de Santo Agostinho, cap. VIII)   

            Eu vos convido a ler, meditar e rezar a Regra desse grande servo de Deus, onde ele não fala de coisas impossíveis para que a comunidade faça. Apenas que viva a originalidade de Cristo, onde nas coisas simples do dia, possamos ir se assemelhando a Cristo o Bom Pastor.
                               



Voltemos à história do nosso estilo de vida religiosa agostiniana...

Depois de muitos sacerdotes aceitarem o novo estilo de vida que o Santo Padre Gregório VII havia proposto, passaram a se chamar (os que aceitaram, pois nem todos quiseram mudar seu estilo de vida, que já vinham levando como ministro ordenado) de Cônegos Regulares de Santo Agostinho, quer dizer, sacerdotes regidos pela Regra de Santo Agostinho. Os que não quiseram ser regidos pela santa Regra passaram a ser chamados de Cônegos seculares ou Padres Diocesanos.
A preocupação do Santo Padre aqui não era os bens materiais da Igreja, mas a santidade dos seus ministros. Podemos observar claramente no curso da história eclesiástica que a partir de 1059, surgiu uma multidão de santos, cada um com uma história de vida heróica, tornando-se assim tábuas vivas do Evangelho, graças à santa Regra, após a reforma gregoriana.

                                    Séc. XII e XIII


Século XII e XIII, vemos o florescimento espiritual da Igreja. Grandes santos, homens e mulheres que marcaram a história como pessoas que deixaram em suas vidas transparecer o próprio Cristo Jesus. E aqui entendemos o que vem a ser: se configurar com Cristo. Graças a essa santidade sem fingimento dos Santos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, o Santo Padre confia todo o serviço pastoral da sua igreja sede, a Basílica de São João de Latrão a eles. Passando a ser chamados de Cônegos Regulares Lateranenses. Onde, passaram a servir aos Santos Padres por um período de mais ou menos dois séculos. Também, acontece aqui uma dilatação, um crescimento de vocações a vida canonical e por isso vieram à conquista de novas terras, contando assim na Crônica dos Cônegos Regulares, várias casas unidas a Casa Mãe, dentre elas se destacaram as casas de:
S. Jorge em Alga de Veneza;
S. Cruz de Mortara;
S. Marcos de Mântua;
S. João em Monte de Bologna;
S. Maria em Porto de Ravenna;
S. Frediano de Lucca;
S. Maria de Reno e S. Salvador de Bologna.
Graças ao impulso do Espírito Santo, os Cônegos Regulares de Santo Agostinho implantaram na Igreja uma vida de oração e de trabalho pastoral equilibrada, onde não só rezavam, nem só trabalhavam, faziam as duas coisas sem afetar ambas partes, lembrando as palavras do Doutor da Graça que dizia: “Ninguém pode falar de Deus, antes de conhecer-Lo e amar-Lo”. Os Santos Cônegos respeitaram e executaram a Sagrada Liturgia com grande amor e esmero na Basílica de Latrão. Fazendo tudo o quanto estava a seu alcance para melhor dignificar o Culto Sagrado e o amor pelo Sucessor de Pedro. Tudo isto sem esquecer a prioridade da vida canonical que era o seguimento da Regra e a interioridade agostiniana; vivida em comunidade, mas, junto aos Bispos e catedrais com fidelidade a Liturgia, tão desejada e difundida na reforma gregoriana.
Podemos lembrar aqui grandes homens e mulheres que seguindo a Regra de Santo Agostinho alcançaram a perfeição. Por exemplo: o grande São Gilberto de Sempringham que foi perseguido por causa da justiça e seu amor pela vida consagrada. É fundador de uma Ordem feminina, entregada aos cuidados de São Bento e sua Regra e uma Ordem masculina, entregada aos cuidados de São Agostinho e sua Regra, tendo por fim, um coração inquieto que desejava descansar no Senhor, como o Doutor da Graça, realizando o seu desejo no ano de 1189, entregando sua vida ao Bom Pastor.
Não esquecendo a São Guarino, Cardeal de Pavia e Palestrina; do português São Teotônio, muito estimado por São Bernardo, que saiu difundindo a Ordem Canonical por volta dos anos 1150; São Guilherme Tempério, Bispo, o santo das virtudes. Que recebeu um grande sofrimento por causa da justiça, onde foi um santo agostiniano, imitador de seu pai perto de Poitier, na França ano 1197; São Gauquêrio, Sacerdote, amante dos estudos e da vida austera, que entrega sua vida ao Deus Imortal em 1140 na França. Santa Catarina Thomas, Virgem, amante da humildade, consumida pela oração, trabalho e mortificação em Mallorca, Espanha; etc.; etc.; etc.; ...  todos foram  homens e mulheres que souberam imitar o Bom Pastor na França, Itália, Espanha, Inglaterra, Polônia, Uruguai, Congo, Porto Rico, Holanda, Bélgica, Estados Unidos, Argentina, Portugal e Brasil.  Muitos deles já foram esquecidos na memória do povo, mas nós que fazemos parte da Ordem que tem a honra de ter-los como irmãos primeiros, não devemos jamais deixar de proclamar as maravilhas que Deus realizou na vida desses nossos irmãozinhos mais velhos na congregação. A história de Santo Agostinho continua viva naqueles que seguem sua Regra e querem ser configurar com Cristo Casto, Pobre e Obediente.
                               





                                      Do séc. XIII ao XXI

Muitos podem perguntar: Mas, a
Ordem de Santo Agostinho não é a primeira?

A Origem da Ordem de Santo Agostinho é muito obscura. Tudo quanto se sabe está cheio de lendas e narrações pouco fundamentadas. O que se sabe deve-se à história geral da época. Muito pouco é o que sabemos sobre os eremitas e, mais especificamente de suas casas. As investigações históricas, no entanto, avançam lentamente e nos permitem chegar às seguintes conclusões:
1.       A formação da Ordem foi lenta e difícil;
2.       Não está direta nem indiretamente ligada às fundações de Santo Agostinho;
3.       Foi resultado da união de vários grupos eremíticos independente;
4.       Nesta união, a Santa Sé teve uma influência decisiva, especialmente através do Cardeal Annibaldi.

No ano de 1244, aconteceu a Primeira União dos eremitas que seguiam a Regra de Santo Agostinho, onde eles foram pedir ao Papa Inocêncio IV, que lhes concedesse viver conforme a Regra, unindo a todos com o fim de fundar uma Ordem. Diante da perspectiva de com a união criar a força, o Papa viu com bons olhos a proposta e aceitou a petição.

Em março de 1256, por iniciativa do Papa, teve lugar em Roma o que se tem chamado a Grande União. Com este nome conhecem os Historiadores a união de outros grupos de eremitas à já existente Ordem de Santo Agostinho. num primeiro momento, o Papa Alexandre IV, somente queria unir os eremitas da Ordem de São Guilherme, os únicos da Toscana que tinham sido excluídos da união anterior. Mas foram vários os grupos aos que se estendeu esta união.

A Recoleção Agostiniana surgiu de uma compreensão de vida agostiniana, que aprofunda suas raízes na reforma do Concílio de Trento e na ânsia de viver uma vida mais perfeita. Entre 1540 e 1588 foram aparecendo, entre os agostinianos espanhóis, desejos de implantarem sua Ordem os ideais que estava transformando a estrutura espiritual e institucional de outras. Após várias tentativas sem resultados, este sonho, sendo impulsionado por Frei Jerônimo de Guevara e Frei Luis de Leon, favorecido por Filipe II, começou e se fazer realidade em 05 de dezembro de 1588. Acontecendo assim, um desmembramento da Ordem.

(Garcia, Frei Afonso de Carvalho, OAR. Seguir a Cristo como Agostinho, vida dos santos e beatos agostinianos, Espiritualidade e Calendário Litúrgico. Capelinha. Franca, 2007. Páginas 13-14, 17) 

Fazendo uma busca na Wikipédia, para continuar a linhagem histórica agostiniana, encontrei um comentanário sobre a origem dos Agostinianos Descalços e os Agostinianos da Assunção, onde reza o seguinte:
A 19 de maio de 1592, o centésimo Capítulo Geral da Ordem de Santo Agostinho, como resposta ao pedido do Concílio de Trento, que as ordens religiosas voltassem a ter maior disciplina regular e uma observância mais estrita dos votos religiosos de pobreza, castidade e obediência, através de um decreto, prescreveu a reforma a todos os conventos da Ordem. Este apelo foi acatado prontamente em Nápoles, onde alguns religiosos constituíram a primeira comunidade reformada, no convento de Santa Maria dell’Olivella.
A 20 de julho de 1592 "Todos revestidos de lã rude, ficaram descalços", dando início a nova Ordem dos Agostinianos Descalços. Mais tarde, a nova Ordem recebera a aprovação do Papa Clemente VIII, iniciando seu desenvolvimento na Itália, até chegar à França e ao Império austro-húngaro.
Agostinianos da Assunção,fundados em 1845, por Emanuel d'Alzon, com a finalidade de restaurar o ensino superior, segundo os princípios de Santo Agostinho, combater as sociedades secretas e lutar pela unidade da Igreja.
                                                             (fonte:www.wikipedia.com.br)


  O que não devemos discutir aqui é a originalidade das Ordens, nem quem foi a primeira, mas sim o desejo de autenticidade evangélica que se buscaram na história do cristianismo, tendo como ponto de orientação (a bússola) Santo Agostinho, o humano mais santo e o santo mais humano que conhecemos. Todos são filhos dele e tomam parte de sua herança espiritual do mesmo jeito. Até hoje, mesmo após o Concílio Vaticano II, surge novas comunidades tomando como guia de vida a Regra de Santo Agostinho. Não importa a cor do hábito, da batina, se usa correia ou não. O que importa é que podemos dizer com todo o orgulho que fazemos parte da grande família agostiniana, sendo milhares em todo o mundo católico, tanto na Igreja peregrina, como na Igreja triunfante. O maior presente que daremos a Deus e a Santo Agostinho é quando chegarmos ao final do combate de nossas vidas, onde poderemos dizer, auxiliado pela graça do Espírito Santo, como São Paulo: "Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé". (2Tm 4,7). E só assim poderemos descansar com o coração quieto, pois encontramos e propagamos a Verdade. Que todos os santos cônegos, agostinianos, recoletos, descalços, assuncionistas, nobertinos, dominicanos, irmãos de S. João de Deus, gilbertinos, etc, etc e etc.; intercedam por nós que estamos buscando, assim como eles buscaram, a perfeição de vida.
O Santo Padre João Paulo II, escrevendo aos religiosos em Vida Consagrada, chama a atenção de todos os consagrados a serem fiéis ao seu carisma, vendo em seus santos fundadores um modelo a ser imitado. Não abandonando o hábito que é a identidade do religioso. Como podemos ver, o próprio Santo Padre nos mostrou que, quando voltamos na história de nossas origens somos convidados a retomar os trabalhos começados, com o mesmo empenho e amor pelo aquilo que somos e temos. Somos obrigados a retomar as nossas crônicas, escritos e ordenanças primarias de nossas Ordens ou já não participamos, ou não assumimos o carisma próprio de cada uma. Devemos ser muito cuidadosos nesta parte para não estarmos trocando o estilo de vida (carisma) que fui convidado a assumir no dia da minha profissão pelo meu próprio estilo de vida particular.  Santo Agostinho em um dos seus sermões já dizia:“Quando se volta à fonte, vamos encontrar uma água limpa e pura que não passou por contaminação no caminho”. Significando que quando nos interessamos em estudar a nossa origem, o que fazíamos, o que aprendemos e o que fomos convidados a assumir, deixamos, como que esquecido por nosso próprio capricho.
Por isso nosso pai Santo Agostinho escreveu na Regra no capítulo I, que devemos primeiro do que tudo viver em só coração e em uma só alma, voltados para Deus e não tendo nada próprio, mas tudo seja posto em comum primeiro. Significando que a forma de vida da comunidade deve está por cima de minha vontade. As vezes não quero fazer aquilo que não gosto, mas por caridade devo fazer, pois assumi este compromisso diante de Deus e de meus superiores.  

                                                             
                                                + José Wilson Fabrício da Silva