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quarta-feira

A relação de Maria e a Igreja




A relação entre Maria e a Igreja se plasma em três términos empregados pela LG: membro, modelo e Mãe.



1º- O feito de que Maria é membro da Igreja não existem muitas explicações, mas nem por isso, devemos passar-lo por alto. Maria aparece como membro da Igreja no acontecimento de Pentecostes: estava presente na primeira comunidade reunida em oração, a espera da Vinda do Espírito Santo sobre toda a Igreja (At 1, 14), naquele momento recebeu ela a confirmação do Espírito em seu corpo novamente. Se o seu corpo já foi santificado desde o dia do seu nascimento (“pois o Espírito do Senhor já estava com ela”, quer dizer: Maria já era templo de Deus, casa do Senhor, lugar de seu repouso Lc 1, 28; onde ela estava revestida do Poder de Deus, do Amparo do Altíssimo – e se estava revestida do Poder de Deus, não tinha pecado, pois todos nós quando pecamos nos afastamos de Deus e de sua Graça. Maria, “encontrou Graça diante de Deus”, quer dizer, estava santificada sem pecado.), em Pentecostes, ela está reunida com a Igreja, orando para apressar a Vinda do seu Esposo sobre seu novo povo, adquirido pelo sangue de seu Filho. Por isso devemos concluir que, a partir daquele momento, Maria continuou vivendo como membro da Igreja e participando na vida litúrgica e apostólica da comunidade primitiva, especialmente na fração do Pão (At 2, 42). Como fico feliz em imaginar Maria comungando do Seu Filho, recebendo assim o conforto antecipado de viver nEle, antes de sua ida definitiva ao Céu. Comungar para Maria era viver do Seu Santíssimo Filho, experimentar á Aquele que ela deu a Luz ao mundo.


Esta participação na vida eclesial, marca a diferença entre Cristo e sua Mãe. Cristo é a cabeça invisível da Igreja, cabeça do corpo místico; é Redentor e não redimido. Maria, ainda sendo Co-Redentora, pertence à comunidade dos redimidos, pois Ela foi a redimida por excelência, porque foi redimida antes mesmo de seu nascimento.



2º - Maria é a Imagem da Igreja no sentido em que são certas figuras vétero-testamentárias como Judith ou Ester, as quais simbolizaram no AT as mulheres portadoras da salvação do povo escravizado pelos tiranos, mas, que essas libertações não foram definitivas porque era limitada a forças humanas. Em Maria, ao contrário, se iniciou a salvação definitiva do povo, por seu Filho, por sua Geração, por seu matrimônio Divino. É daqui que Maria é mais que uma imagem ou um símbolo: Nela começa a formar-se a realidade mesma da Igreja. Por isso que os santos Padres afirmaram que Maria é o “tipo” modelo da virgindade da Igreja. Mas, em que sentido? A LG á apresenta dizendo que a Igreja é também uma virgem: “guarda íntegra e pura a fé prestada ao Esposo e, a imitação da Mãe do seu Senhor, conserva a fé virginalmente íntegra, sólida à esperança e sincera à caridade com a virtude do Espírito Santo” (LG 64).


Mas, é evidente a qualidade de modelo da maternidade da Igreja, posto que, Maria coopera com seu amor materno no nascimento e na edificação dos cristãos. Também a Igreja é Mãe, “já que, com a predicação e o batismo, engendra a uma vida nova e imortal, os filhos concebidos por obra do Espírito Santo e nascidos de Deus” (LG 64). Esta descrição da maternidade da Igreja alude claramente à geração de Cristo por meio de Maria, geração operada pelo Espírito Santo.  Ela é também modelo da santidade da Igreja, modelo inaccessível para a Igreja terrena, posto que se trata de uma santidade absolutamente Imaculada.


Maria realizou neste mundo o que a Igreja só pode realizar mais pra lá um pouco; Maria encarnou em si mesma, o ideal escatológico da Igreja. Mas, durante sua vida terrena, a santidade de Maria não foi uma santidade celeste, senão, uma santidade impregnada pelas luzes e sombras da fé, e de uma fé em desenvolvimento. Maria teve que descobrir progressivamente a identidade divina de seu Filho. A idade de 12 anos, Jesus á introduziu mais profundamente no mistério de sua filiação divina, falando - Le da casa de seu Pai (Lc 2, 49). Durante a vida pública de Jesus “a Bem-Aventurada Virgem Maria avançou na peregrinação da fé” (LG 58). Deste modo constituiu para todos os cristãos, um convite a atualizar e desenvolver a fé, centrando cada vez mais a mirada na pessoa de Cristo.
3º - A LG, ainda que não emprega explicitamente o título de “Mãe da Igreja”, mas expressa a idéia, citando umas palavras de Bento XIV (1748): “A Igreja Católica, iluminada pelo Espírito Santo, venera com piedade filial a Maria como Mãe amantíssima” (LG 53). Onde o Papa Paulo VI em discurso de clausura do Concílio Vat. II, proclamou que “Maria Santíssima é Mãe da Igreja”, é dizer que todo o povo cristão, tanto os fieis como os pastores, são convidados a invocar a Maria como Mãe espiritual nossa.


Aqui foi afirmada a idéia encarnada que já tínhamos desde o inicio do cristianismo, que Maria por ser Mãe do corpo de Cristo é Mãe dos membros de Cristo que são todos os batizados da Igreja Católica, “que tem como fundamento os Apóstolos e os profetas, e o próprio Cristo Jesus como pedra mestra” (Ef 2, 20). E se temos Maria por Mãe é porque foi vontade de Deus que ela fora nossa Mãe, como Ele disse a João que estava representando toda a humanidade redimida de Cristo ao pé da Cruz: “Eis aí tua Mãe” (Jo 19, 26). As palavras do Salvador não devem interpretar-se como uma simples atenção filial no sentido de que Cristo, antes de morrer, quis assegurar a Maria afeto e proteção e prover seu futuro. Expressam que o Salvador, para consumar sua obra (Jo 19, 28), dar a sua Mãe uma nova maternidade que se vai exercer na vida dos discípulos, representados aqui pelo discípulo corajoso que não fugiu, nem se escondeu no meio da dor de ver seu Mestre morrer. João é o discípulo amado que ver o seu Amado Senhor morrer, com a esperança de ver-Lo ressuscitado. Por isto que ele acompanhava a Maria de pé, quer dizer, na firme esperança no meio da dor. Se com o sacrifício da Cruz, Jesus engendra a Igreja do seu costado, que saiu “sangue e água” (Jo 19,34), Maria ver e se deixa fecundar espiritualmente a maternidade espiritual desse novo desejo de seu Filho, a filiação de Igreja na pessoa de João, membro da nova comunidade fundada por seu Filho (Mt 16, 18) e aceita por ela. O seu silêncio ao pé da Cruz foi sua aceitação, pois “quem cala consente”, já diz um ditado popular.


Finalmente, a condição glorificada de Maria está vinculada ao Espírito Santo que suscita os corpos e os fazem “espirituais”, quer dizer, incorruptíveis, imortais e portadores da vida (1Cor 15, 42- 45).   



 Os Santos e Maria


Todos os santos que imitaram, amaram e seguiram os passos de Maria no Caminho que é Jesus, foram mais felizes por serem amantes do Filho e da Mãe. Se formos citar aqui os nomes dos santos que exaltaram a Maria, será necessário que esse livro esteja em miles de páginas, porque é quase infinito o número de escritos que a Santa Igreja guarda como tesouro. Mas, aqui cito a S. Afonso Maria de Ligório, S. Luis de Montfort, S. Teresa de Ávila, etc.
S. Agostinho diz: “Por ter Maria cooperado com seu amor maternal, para que nós possamos nos regenerar-nos para a vida da Graça, tornou-se espiritualmente nossa Mãe, porque somos membros de nossa cabeça que é Jesus Cristo” (S. Virg. Séc. V).
S. Bernardo de Claraval reza:“Vos sois Mãe do Rei e Mãe do réu, vós sois Mãe do Juiz e do julgado. Sois mãe de Um e de outro, não podeis consentir que haja entre eles discórdia”.

Já S. Afonso M. de Ligório ensina: “Deus ordenou a Moisés que fizesse um propiciatório de ouro puríssimo para falar-Le desde ali: “Me farás um propiciatório de ouro puríssimo...; dali darei minhas ordens e falarei contigo” (Ex 25, 17). Disse um autor que esse propiciatório é Maria , desde o qual Deus fala aos homens, e desde aquele lugar lhes alcançaria o perdão, suas graças e favores.” (Las glorias de María)
O que a fé católica crê acerca de Maria, funda-se no que Ela crê acerca de Cristo, mas, o que a fé ensina sobre Maria, ilumina por sua vez, sua fé em Cristo. Diz o Catecismo da Igreja Católica no num. 488: “Deus enviou Seu Filho" (Gl 4,4), mas, para "formar-lhe um corpo" quis a livre cooperação de uma criatura. Por isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de Seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré na Galiléia, "uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria" (Lc 1,26-27): Quis o Pai das misericórdias que a Encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu Filho, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher também contribuísse para a vida”.
                                          
                 


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