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segunda-feira

O Ano da Fé tem tudo para dar certo


A Igreja viveu o ano paulino e o ano sacerdotal no pontificado de Bento XVI, bebendo assim de uma riqueza espiritual muito grande. Todos os vocacionados refletiram sobre o seu chamado a vida sacerdotal, colocando na balança a sua disponibilidade ao Reino, para ser provada na arena do mundo pelas manifestações contrárias dos inimigos da Igreja, assim como São Paulo foi.
Hoje nos perguntamos: será que o Ano da Fé produzirá frutos? A Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo alcançará os seus filhos batizados em nome da Trindade, como espera?

O Santo Padre inicia sua carta apostólica Porta Fidei afirmando que “o Espírito Santo, guia a Igreja através dos séculos enquanto aguarda o regresso glorioso do Senhor.” E é este mesmo Espírito que nos conduzirá neste itinerário espiritual, porque quando nos lembramos da necessidade de redescobrir o caminho da fé, ela faz brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo.    
Vejo de suma importância, no curso da história em que estamos, fazermos uma releitura de nossa adesão a Fé da Igreja Católica e a Pessoa que abraçamos como Deus Trindade.
Quando o Beato João Paulo II deu a Igreja o Catecismo revisado, tal o como conhecemos hoje, ele iniciava a Constituição Apostólica Fidei Depositum dizendo que “Guardar o Depósito da Fé é missão que o Senhor confiou à sua Igreja e que ela cumpre em todos os tempos. Ao Concílio, o Papa João XXIII tinha confiado como tarefa principal guardar e apresentar melhor o precioso depósito da doutrina cristã, para o tornar mais acessível aos fiéis de Cristo e a todos os homens de boa vontade.” Sendo assim, o Ano da Fé provocará em todos os cristãos um questionamento profundo sobre as atitudes internas e externas da fé abraçada.
Relendo a Fidei Depositum, amparo-me debaixo do amor do Espírito Santo que guia a Igreja, para afirmar que o Ano da Fé proporcionará um crescimento em riquezas espirituais, recebendo a força de novas energias, olhando intrépidos para o futuro. Ele dará aos cristãos orientações para aquela renovação de pensamentos, de atividades, de costumes, e de força moral, de alegria e de esperança, que foi o objetivo do Concílio Vaticano II.
É triste saber que membros ativos, tais como ministros ordenados, religiosos e religiosas, leigos comprometidos e consagrados, tenham uma aversão quanto a utilização do Catecismo da Igreja Católica em suas homilias e catequeses. Não entenderam ainda que nele, a Doutrina da Igreja está didaticamente articulada em quatro partes: o Credo; a sagrada Liturgia, com os sacramentos em primeiro plano; o agir cristão, exposto a partir dos mandamentos; e por fim a oração cristã. Mas, ao mesmo tempo, o conteúdo é com frequência expresso de um modo “novo”, para responder às interrogações da nossa época. Só tenho uma coisa a dizer sobre isto: “Nós só amamos o que conhecemos”, já dizia São Paulo.  
Para obtermos êxito do Ano da Fé, é preciso incessantemente partir da Palavra de Deus e da Tradição, tendo como diretrizes todo o conteúdo do Compêndio do Vaticano II e os ensinamentos do Magistério do Corpo de Cristo que é a Igreja.
Atenção! O Catecismo da Igreja Católica até aqui, foi, é e será o texto de referência para uma catequese renovada nas fontes vivas da fé! Será ele o livro, unido a Sagrada Escritura, mais falado durante o Ano da Fé.
Muitos podem perguntar: “Afinal, que conteúdo prático trata o Catecismo da Igreja católica?”
O Catecismo apresenta, com fidelidade e de modo orgânico, o ensinamento da Sagrada Escritura, da Tradição viva na Igreja e do Magistério autêntico, bem como a herança espiritual dos Padres, dos Santos e das Santas da Igreja, para permitir conhecer melhor o mistério cristão e reavivar a fé do povo de Deus. Conta as explicitações da doutrina que, no decurso dos tempos, o Espírito Santo sugeriu à Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo em Deus Pai.
Precisamos apresentar a todos os membros da Igreja de uma forma amorosa o Catecismo, porque as quatro partes dele estão ligadas entre si: o mistério cristão é o objeto da fé (primeira parte); é celebrado e comunicado nos atos litúrgicos (segunda parte); está presente para iluminar e amparar os filhos de Deus no seu agir (terceira parte); funda a nossa oração, cuja expressão privilegiada é o “Pai-Nosso”, e constitui o objeto da nossa súplica, do nosso louvor e da nossa intercessão (quarta parte).
A Liturgia é ela própria oração; a confissão da fé encontra o seu justo lugar na celebração do culto. A graça, fruto dos sacramentos, é a condição insubstituível do agir cristão, tal como a participação na liturgia da Igreja requer a fé. Se a fé não se desenvolve nas obras, essa está morta (cf. Tg 2,14-16) e não pode dar frutos de vida eterna.
Lendo o “Catecismo da Igreja Católica”, pode-se captar a maravilhosa unidade do mistério de Deus, do seu desígnio de salvação, bem como a centralidade de Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, enviado pelo Pai, feito homem no seio da Santíssima Virgem Maria por obra do Espírito Santo, para ser o nosso Salvador. Morto e ressuscitado, ele está sempre presente na sua Igreja, particularmente nos sacramentos; ele é a fonte da fé, o modelo do agir cristão e o Mestre da nossa oração.
É ele, um instrumento válido e legítimo a serviço da comunhão eclesial e como uma norma segura para o ensino da fé.
 Faço votos que o Ano da Fé seja uma oportunidade impar para a Igreja que está em todo o mundo. A você que me acompanhou nesta reflexão, não deixe de acompanhar as reflexões que surgirão durante este tempo em que a Porta da Fé estará mais aberta a todos.

Autor: Cônego José Wilson Fabrício da Silva, OCRL

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