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quinta-feira

É preciso buscar aquilo que é novo e eficaz para a vida prática


Sou postulante da Congregação São Pedro Ad’ Vincula, que há pouco tempo iniciou os estudos de teologia, contudo, sinto em mim uma grande inquietação naquilo que tenho visto nesse mundo tão heterogêneo dos tempos atuais. Minha catarse ainda que mínima é a de escrever algumas linhas buscando explicitar esse sentimento nascido.
É imperativo dizer que em nossos tempos estamos vivendo dentro de um mundo bastante plural e cada vez mais cheio de distinções, nuanças, possibilidades, saídas ou válvulas de escape. A nossa subjetividade precisa ter cada vez mais postura de não querer seguir o que é exterior a nós, mas sim colocar em uso a nossa autonomia e assumir isso na vida concreta. Essa é, sem dúvida, uma chance a mais para nos humanizarmos cada vez mais. Humanização essa que Jesus Cristo sempre buscou realizar em nossas vidas com suas parábolas, ensinamentos e, principalmente, com seu exemplo de Messias.
Nosso mundo cada vez mais nos “impõe” objetos de desejo a serem adquiridos e consumidos, para dar, desse modo, a falsa sensação de felicidade ao comprá-los, gerando assim fascínio e, consequentemente, a competição para tê-los. A atração por aquilo que é produzido muitas vezes coloca o ser humano à margem da vida. Acredito que estamos vivenciando um processo de secularização, onde os valores religiosos e espirituais difundidos e vivenciados por Cristo têm ficado cada vez mais na periferia da situação cotidiana.
Fica claro para os olhos mais observadores que muitos jovens não buscam mais razões para viver de maneira autônoma e plena, já que estão diante de padrões vigentes e manipuladores. Se viver de maneira plena e realizada, com sinceridade e honestidade, for considerado algo fora do “anormal”; não se está priorizando na vida valores altruístas. Desse modo, perde-se o rumo, o foco, a razão de continuar a andar para frente. Uma grande parcela da humanidade está sem horizonte. Há forte crise afetiva e espiritual e é percebido um pensar vinculado diretamente ao prazer instantâneo, na eficácia a curto-prazo. Ter, fazer e produzir prazer têm sido a tônica da sociedade da eficácia em termos quantitativos e o que é considerado contrário a isso, acaba sendo banido do cotidiano por ser chamado de “inapropriado”, portanto, não serve porque não atende a demanda de hoje.
Nesse aspecto, vê-se uma sexualidade desintegrada. No sexo, onde deveria haver a reciprocidade, perdeu-se o encanto; afinal, o dar-se a conhecer é uma fonte de complementaridade, alteridade física, de amor e compromisso. Não se tem visto algo assim nas grandes situações expostas por essa sociedade contemporânea. Hoje impera uma crise na ética e na moral, o desprezo por tudo que é cristão. Sexo por dinheiro, o prazer pelo prazer e sem compromisso, hedonismo. Uma mudança de paradigmas que preocupa àquelas pessoas que carregam em si o compromisso de propagar o Reino de Jesus aqui na Terra.
Posso crer que, a falta de compromisso com a qualidade de vida a transforma em uma vida desequilibrada; classes mais privilegiadas que outras são os primeiros indícios desse desequilíbrio. Uns poucos com vida aparentemente plena e a maioria sem o necessário para sua sobrevivência digna, isso é uma agressão à vida. Tudo isso é um grande desafio aos cristãos/ãs que decidem viver de modo sincero o seguimento de Cristo. Pessoas que decidem abraçar a vida consagrada necessitam de uma ligação com a práxis que leva à responsabilidade da presença humana no mundo. Nosso papel de religiosos/as é o de viabilizar a integração do projeto de Deus com a nossa humanidade e com o mundo, afinal, somos seres que fazem parte da transformação do mundo e da sociedade local. Sem esse cuidado, corre-se o risco de ter comportamentos que nos deixam vazios.
Sabemos que é preciso buscar aquilo que é novo e eficaz para a vida prática, mas, sempre com responsabilidade, clareza e sustentação para acompanhar bem o ser humano em seus novos desafios, tornando aquilo que é novidade, um meio para alcançar uma vida dentro do seguimento de Jesus Cristo de modo cada vez mais pleno, para que possamos fazer nessa caminhada, um alicerce maduro e com o mínim
o de fragmentações possíveis na construção desse Reino dentro da realidade concreta e não fazendo disso um sonho utópico.
É necessário crer nos valores perenes da vida humana, elementos que devem ser buscados, cultivados, agregados e propagados. Resgatar para ajudar na busca de um novo mundo e, consequentemente, de um novo modo de humanizar-se sem perder o essencial da vida cristã pessoal e coletiva.

                                                          
Autor: Francisco das Chagas Santiago Silvestre Júnior,
postulante fissioniano

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