Faço chegar a todos os nossos visitantes uma bela reflexão que os iluminará no entendimento deste assunto.
“Eu gostaria de perguntar, como todo respeito, se
os padres devem usar “uniforme” somente quando estão em seus
respectivos “trabalhos”, para onde foram enviados, ou se devem sempre estar
identificados como sacerdotes, porque, na minha cidade, nenhuma congregação
se identifica como padre (nem em missão, nem nos colégios, nem nas
próprias paróquias), exceto na hora da Missa.”Sobre este tema é recorrer ao
último documento da Santa Sé que trata do tema: o número 61 do Diretório para o
ministério e a vida dos presbíteros, na sua última
versão, de 2013. É fácil encontrá-lo na internet, mas resumirei algo do seu
conteúdo.
O documento afirma, em primeiro lugar,
que o sacerdote deve ser reconhecido como tal, de maneira que sua
roupa seja “sinal inequívoco da sua dedicação e da sua identidade de detentor
de um ministério público”. Acrescenta, a seguir, que sua realidade interior
deve se manifestar no exterior, também desta forma.
Por isso, indica que
o padre deve usar o hábito talar ou
um hábito eclesiástico decoroso, que o distinga dos leigos, segundo
as normas das conferências episcopais e os legítimos costumes locais.
Não podem ser considerados legítimos os
costumes que se opõem às indicações anteriores. Obviamente, o documento está
falando de situações cotidianas – pois às vezes há circunstâncias
extraordinárias, como no caso da perseguição religiosa.
E conclui com um parágrafo que afirma
que estas medidas não beneficiam apenas o povo, mas o próprio sacerdote,
pois sua forma de vestir é uma lembrança permanente da sua entrega e missão, e
também o protege: “Vestir o hábito clerical serve, ademais, para a
salvaguarda da pobreza e da castidade”.
Estas são as disposições do Diretório.
Considero que ele deve ser entendido sem uma rigidez excessiva, que iria contra
o bom senso mais elementar (não se trata de vestir obrigatoriamente
o hábito sacerdotal quando o padre vai fazer um dia de
excursão na montanha), mas ao mesmo tempo com toda a exigência que se desprende
das suas palavras.
Um esclarecimento pertinente é que tais
palavras se dirigem fundamentalmente ao clero secular. O regular – os
religiosos (na pergunta se mencionam “congregações”, o que corresponde a estes)
– não é que fique de fora, mas é que cada instituto tem seu
próprio hábito religioso.
Há muitos comentários que poderiam ser
feitos sobre este tema, mas nos limitaremos aos mais relevantes. Em primeiro
lugar, existe a objeção de que o padre precisa estar no meio do povo, o
pastor com o seu rebanho, e de que qualquer singularidade (como a de se vestir
de forma diferente) o afastaria das pessoas e, portanto, da sua missão.
No entanto, por trás desta
forma de pensar, há um equívoco: estar com o povo não significa ser “mais um”
entre as pessoas. O sacerdote não é “mais um”, porque o que ele
proporciona é próprio e peculiar.
De um ponto de vista mais teológico,
o padre é uma pessoa consagrada, e o “sagrado” significa precisamente
algo que sai do uso comum e se dedica diretamente a Deus. Os fiéis precisam ver
no sacerdote o distribuidor do sagrado, e ele mesmo precisa dar a
entender isso com sua pessoa. Vê-lo de outra maneira é deformar o próprio
sacerdócio: para ser “mais um”, não seria preciso receber a ordenação
sacerdotal nem tudo o que a acompanha.
Ao mesmo tempo, corre-se o risco de
perder o próprio sentido do sagrado, como se comprova em alguns casos, nos
quais se começa por diluir a peculiaridade das coisas sagradas (por exemplo,
utilizando os templos para reuniões e outras atividades) e se acaba concebendo
os próprios sacramentos como algo meramente simbólico.
Do ponto de vista mais “leigo”, o
uniforme nos adultos (aqui não estamos considerando os escolares) têm o significado
de estar trabalhando. E um padre, ainda que logicamente tenha seus
horários de atendimento, precisa ser considerado como alguém que está
permanentemente “trabalhando”, a serviço. E a realidade costuma confirmar isso:
sempre há imprevistos, sempre surgem coisas inadiáveis.
A vocação sacerdotal é de serviço
permanente.
Valha como resumo o comentário feito em
um debate sobre o tema. Alguém recordou o ditado de que “o hábito não faz o monge”, mas
outro participante respondeu com estas palavras: “É verdade, o hábito não faz o monge. Mas o veste”.
Julio De la Vega Hazas
Disponível em:http://blog.comshalom.org/carmadelio/39312-como-os-padres-devem-se-vestir
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