Podemos afirmar categoricamente, à luz da
experiência de fé, que a liturgia consta de elementos humanos e divinos
presentes dentro na Igreja. Os divinos não podem ser alterados pelos homens,
porque foram instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo; os humanos, ao
contrário, com a aprovação da Santa Sé, assistida pelo Espírito Santo, podem
mudar de acordo com as exigências dos tempos, dos lugares e dos fiéis, como
constatamos pela história da vida litúrgica da Igreja. Benedictus PP. XVI cita:
Esta
Tradição de origem apostólica é realidade viva e dinâmica: ela “progride na
Igreja sob a assistência do Espírito Santo”; não no sentido de mudar na sua
verdade, que é perene, mas “progride a percepção tanto das coisas como das
palavras transmitidas”, como a contemplação e o estudo, com a inteligência dada
por uma experiência espiritual mais profunda, por meio da “pregação daqueles
que, com a sucessão do episcopado, receberam o carisma da verdade”(...) A
Tradição viva da Igreja que nos faz compreender adequadamente a Sagrada Escritura
como Palavra de Deus.[1]
A necessidade de estudar a liturgia, seus
fins e sua importância para a Igreja, é algo fundamental para termos uma
verdadeira compreensão do significado que a simbologia litúrgica oferece a cada
um de nós. Com Ratzinger diremos que o conhecimento da Liturgia é o “centro
inspirador da Igreja e da vida cristã na sua beleza, riqueza oculta de uma
grandeza que transcende o tempo.”[2]
O povo escolhido por Deus foi convidado a
abandonar toda a prática de idolatria[3],
procurando tributar à Divindade revelada[4] um
culto agradável que deveria ser instrumento de glorificação para Ele e de
santificação para si mesmo.
Quando nos debruçamos sobre a vida ritual
da Igreja, constatamos que a alma do povo escolhido na Nova Aliança era
convidada no avanço da história, ter característica propriamente cristã, tendo
como ponto central de sua fé a Santíssima Trindade[5]
revelada no próprio Cristo imolado em cada sacrifício eucarístico. A oração da
Igreja, desde os primeiros dias de sua instituição passa a ser a oração do
próprio Cristo. Já dizia Agostinho ao comparar o “Corpo de Cristo” ao nosso
corpo mortal. O que é a alma para o corpo do homem, assim também é o Espírito
Santo no corpo de Cristo[6]. Na
liturgia podemos constatar que Corpo e Alma se tornam um, formando um único ser
(Cristo e os batizamos), pela ação do Espírito Santo.
Côn. José Wilson Fabrício da Silva, crl
[1] BENEDICTUS PP. XVI (Joseph
Ratzinger Aloisius). Verbum Domini. São Paulo: Paulinas, 2011, pp. 39-40.
[2] RATZINGER,
Joseph Aloisius. Introdução ao espírito
da Liturgia. 2ª. ed. São Paulo: Paulinas, 2006, p. 5.
[6] MADRID,
Teodoro C. La Iglesia Católica según San
Agustin: Compendio de Eclesiologia. Madrid: Agustiniana, 1994, p. 135.
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