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quarta-feira

O Sacramento da Eucaristia segundo a Igreja Católica pelo Côn. José Wilson, ocrl


Depois de termos estudado na matéria anterior sobre o Sacramento do Batismo, hoje, vamos conhecer mais de perto o Sacramento da Eucaristia. É ele o Sacramento que pela transubstanciação, as oferendas de pão e vinho, se tornam no verdadeiro Corpo e no verdadeiro Sangue de Jesus Cristo, real e substancialmente presente debaixo dos acidentes de pão e de vinho consagrados. Nas matérias consagradas está Jesus Cristo todo inteiro em cada uma das partes. Devemos entender que o Sacramento é consumado pela Consagração que se dá na liturgia eucarística dentro do ritual da Santa Missa, principal culto da Igreja Católica Apostólica Romana.
“Todo o batizado deve participar da Santa Missa para comungar do Sacramento da Eucaristia”. Por quê?
Se pelo batismo sou inserido no Corpo Místico de Cristo que é a Igreja, quando se participa do Culto sagrado da Igreja e se toma parte da Mesa do Senhor, esta unidade se plenifica.
Culto principal da Igreja
Na Missa ou o Sacrifício do Senhor, o povo de Deus é convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote que representa a pessoa de Cristo, para celebrar a memória do Senhor ou sacrifício eucarístico (Mt 18, 20). Na celebração da Missa, se perpetua o sacrifício da cruz; Cristo está realmente presente tanto na assembléia reunida em seu nome, como na pessoa do ministro, na sua palavra, e também, de modo substancial e permanente, sob as espécies eucarísticas.
Para a Igreja Católica o Santo Sacrifício da Missa ou o Culto Eucarístico, não é apenas o ato principal da liturgia cristã; mas é o ato central. Assim como a luz cintilante que, encerrada numa urna de alabastro, dar relevo aos contornos do vaso, o Sacrifício, colocado no centro da Religião, como o altar no ponto de encontro de todas as linhas arquiteturais do templo, têm o mesmo valor. Por isto, todo o batizado nas salas de catequeses de Primeira Comunhão, deveria ser educado para compreender o valor da participação consciente e ativa da Santa Missa. Porque em volta do Sacrifício gravita a Oração oficial da Igreja, erguendo-se ao céu em suaves ondulações, em ascendentes espirais de louvor; desenrolam-se, num ciclo admirável, da Encarnação a Redenção de Cristo. Não é qualquer coisa que se está celebrando, mas, um Culto executado pelo mesmo Deus Filho, Jesus Cristo Nosso Senhor, que se torna oferenda e ofertado, celebrante e celebrado, servidor e servido, adorador e adorado, pedinte e doador.
Não existe e nem haverá outro meio pelo qual conseguiremos viver em plena comunhão com Deus, a não ser pelo meio do santo Sacrifício da Missa, momento especial onde somos nutridos de todas as formas para permanecermos em plena comunhão com Ele pela sua Palavra e pela Eucaristia, e, revitalizados para continuarmos a nossa caminhada aqui na terra.
No Sacrifício da Santa Missa fazemos uma oferenda do pão e do vinho, incenso e preces, frutos do trabalho humano a Deus, uma vez oferecida, a coisa cessa de pertencer ao homem; e o instinto do homem não tarda em descobrir-lo. É a inutilização da oferta – cremação duma substância sólida, efusão dum líquido, morte e ressurreição de um Cordeiro (Jesus Cristo – o Cordeiro de Deus).

Diferença entre o Sacrifício da Missa e um Culto pagão
Para não confundirmos as coisas, existe uma diferença entre o Santo Sacrifício da Missa e um sacrifício pagão. Qual?
ü  No culto pagão a oferenda é doada a um deus falso e inútil;
ü  O animal sacrificado é destruído para satisfazer um sentimento humano de satisfação; não existe uma doação (um retorno imediato) do sacrifício oferecido a o que está sacrificando.
Exemplo: quando se mata um animal, ele ou é consumido pelo fogo ou é deixado para que aconteça uma decomposição natural da matéria.
ü  Na Missa isso não ocorre assim. A oferta é oferecida ao Deus verdadeiro e Poderoso, e, devolvida ao homem santificada por Ele mesmo. O Deus Vivo é o principal objeto de Culto. Nós falamos com Ele e Ele fala conosco, nós nos doamos a Ele e ele se doa a nós.
De uma forma simples, não há mais um animal oferecido a Deus, como nos cultos pagãos de hoje para ser sacrificado, mas, o próprio Deus Filho faz as vezes do cordeiro, onde ele se torna Sacerdote, Altar e Cordeiro. Repito, a Santa Missa é o ato principal de toda liturgia, onde tudo converge a Deus, Princípio e Fim de todas as coisas, visíveis e invisíveis.
Sacramento da Eucaristia, Corpo de Cristo
Enfim, o Sacramento da Eucaristia, então, não é uma representação, recordação ou simbologia da Paixão e Morte do Redentor, mas uma real e verdadeira atualização do Sacrifício que foi feito no Calvário com o Corpo de Jesus Cristo. Podemos verdadeiramente dizer que o nosso Divino Salvador, em cada Missa a ser celebrada, misticamente renova sua Morte e Ressurreição por cada um de nós. Doa-se repetidas vezes para fortalecer, alimentar e criar no batizado a Vida de Deus.
Demos graças a Deus porque Ele nos dar permissão de nos envolvermos, de uma forma especial, no Mistério que se realiza sobre o altar, onde realmente renovado, ainda que de incruento, o mesmo Sacrifício que foi feito na Cruz com derramamento de sangue. O mesmo organismo, o mesmo sangue, o próprio Jesus foi oferecido no Calvário e nos é oferecido do mesmo modo na Santa Missa.
Sacramento da Eucaristia (Dogma de Fé)
O que a Igreja Católica ensina acerca deste Sacrifício, como dogma de fé, foi por ela tirado das palavras de Nosso Senhor, quando naquela última noite confiou aos Apóstolos os próprios Mistérios Sagrados, e lhes disse: “Fazei isto em Minha memória” (Lc 22, 19; I Cor 11, 24). Uma prova bastante clara desse fato está nas palavras que o Apóstolo escreveu aos Coríntios: “Não podeis, diz ele, beber o Cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis tomar parte na Mesa do Senhor e na mesa dos demônios” (I Cor X, 20ss). Ora, se por “mesa dos demônios” devemos entender o altar em que lhes eram oferecidos sacrifícios, a “Mesa do Senhor” não pode significar outra coisa, senão o altar em que se sacrificava ao Senhor. Só nesse sentido é que as palavras do Apóstolo têm sua força de argumentação.
Está na Eucaristia o mesmo Jesus Cristo que está no Céu e que nasceu, na terra, da Santíssima Virgem Maria. Por que acreditamos que no Sacramento da Eucaristia está verdadeiramente Jesus Cristo? Porque Ele mesmo o disse, e assim no-lo ensina a Santa Igreja durante toda a sua existência.
A Eucaristia no Catecismo de São Pio X
Antes do atual Catecismo da Igreja Católica de João Paulo II, o catecismo que orientava a Igreja era o de São Pio X, feito de perguntas e respostas. Ele era muito rico em conteúdo, só que havia um problema. Qual? As respostas para as perguntas tinham todo um fundamento, mas não sabíamos de onde eram tiradas, quer dizer, não sabíamos aonde estavam as fontes que orientavam as respostas. Esta necessidade foi suprida com o novo Catecismo de João Paulo II. Nele está nas notas de roda pé, todas as bases, bibliografias e etc. para irmos mais além, daquilo que ali está apresentado. Vejamos o que nos diz o Catecismo de S. Pio X sobre o Sacramento da Eucaristia:
Das disposições necessárias para bem comungar
625) Produz o Sacramento da Eucaristia sempre em nós os seus maravilhosos efeitos?
O Sacramento da Eucaristia produz em nós os seus maravilhosos efeitos, quando o recebemos com as devidas disposições.
626) Quantas coisas são necessárias para fazer uma comunhão bem feita?
Para fazer uma comunhão bem feita, são necessárias três coisas:
1º estar em estado de graça;
2º estar em jejum desde uma hora antes da comunhão;
3º saber o que se vai receber e aproximar-se da sagrada Comunhão com devoção.
627) Que quer dizer: estar em estado de graça?
Estar em estado de graça quer dizer: ter a consciência limpa de todo o pecado mortal.
628) Que deve fazer antes de comungar quem sabe que está em pecado mortal?
Quem sabe que está em pecado mortal, deve fazer uma boa confissão antes de comungar; porque para quem está em pecado mortal, não basta o ato de contrição perfeita, sem a confissão, para fazer uma comunhão bem feita;
629) Por que não basta o ato de contrição perfeita, a quem sabe que está em pecado mortal, para poder comungar?
Porque a Igreja ordenou, em sinal de respeito a este Sacramento, que quem é culpado de pecado mortal, não ouse receber a Comunhão, sem primeiro se confessar.
630) Quem comungasse em pecado mortal, receberia a Jesus Cristo?
Quem comungasse em pecado mortal, receberia a Jesus Cristo, mas não a sua graça; pelo contrário, cometeria sacrilégio e incorreria na sentença de condenação.
631) Em que consiste o jejum eucarístico?
O jejum eucarístico consiste em abster-se de qualquer espécie de comida ou bebida, exceto a água natural, que, na atual disciplina eucarística, não quebra o jejum.
632) Pode comungar quem engoliu restos de comida presos aos dentes?
Quem engoliu restos de comida presos aos dentes, pode comungar, porque já não são tomados como alimentos ou perderam tal condição.
633)  Quem não está em jejum, pode comungar alguma vez?
Comungar sem estar em jejum é permitido aos doentes que estão em perigo de morte, e aos que obti prolongada. A comunhão feita pelos doentes em perigo de morte chama-se Viático, porque os sustenta na viagem que eles fazem desta vida à eternidade.
634) Que querem dizer as palavras: saber o que se vai receber?
Saber o que se vai receber quer dizer: conhecer o que ensina com respeito a este Sacramento a Doutrina Cristã e acreditá-lo firmemente.
635) Que quer dizer: comungar com devoção?
Comungar com devoção quer dizer: aproximar-se da sagrada Comunhão com humildade e modéstia, tanto na própria pessoa como no vestir, e fazer a preparação antes e a ação de graças depois da Comunhão.
636) Em que consiste a preparação antes da Comunhão?
A preparação antes da Comunhão consiste em nos entretermos algum tempo a considerar quem é Aquele que vamos receber e quem somos nós; e em fazer atos de fé, de esperança, de caridade, de contrição, de adoração, de humildade e de desejo de receber a Jesus Cristo.
637) Em que consiste a ação de graças depois da Comunhão?
A ação de graças depois da Comunhão consiste em nos conservarmos recolhidos a honrar a presença do Senhor dentro de nós mesmos, renovando os atos de fé, de esperança, de caridade, de adoração, de agradecimento, de oferecimento e de súplica, pedindo sobretudo aquelas graças que são mais necessárias para nós e para aqueles por quem somos obrigados a orar.
638) Que se deve fazer no dia da Comunhão?
No dia da Comunhão deve-se manter, o mais possível, o recolhimento, ocupar-se em obras de piedade, bem como cumprir com grande esmero os deveres de estado.
639) Depois da sagrada Comunhão, quanto tempo permanece Jesus Cristo em nós?
Depois da sagrada Comunhão, Jesus Cristo permanece em nós com a sua graça enquanto se não peca mortalmente; e com a sua presença real permanece em nós enquanto se não consomem as espécies sacramentais.
Conclusão
Ao chegar a conclusão de nossa breve reflexão sobre este Sacramento adorável, posso dizer que nenhuma palavra escrita aqui pode nomear o que é o Santo Mistério do Corpo e Sangue de Jesus Cristo presente sob os véus do pão e vinho consagrados. O que precisamos é redescobrir o valor real e verdadeiro desse Dom de Deus doado a sua Igreja. Que neste ano da fé, procuremos aprofundar o nosso conhecimento através dos estudos e no contado pessoal com o Senhor na Eucaristia presente em todos os sacrários da terra.

Autor: Cônego José Wilson Fabrício da Silva, ocrl

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