Devemos partir do ponto
fundamental que nos ajudará em nossa reflexão: O que é o Círio Pascal? O Círio
é a magna vela que ocupará um lugar de destaque no lado direito (do presbitério
para a entrada do templo), entre o altar e o ambão. Ele simboliza Jesus Cristo Ressurreto!
Sua chama é retirada do fogo abençoado no meio da noite silenciosa do Sábado Santo.
Uma vez que o pavio é aceso, seu fogo se torna em imagem de Jesus Cristo que
disse: “Eu sou a Luz do mundo;
quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”. (Jo 8,12)
A simbologia que envolve o Círio é muito profunda, pois
nele estão gravados sinais que nos ligam ao Mistério da criação do Universo, o
tempo atual em que vivemos e o seu fim último. Este Mistério é representado nos números do ano em curso e nas
letras do alfabeto grego rasgados sobre ele. Sobre esta simbologia o presidente da
celebração reza:
Cristo
ontem e hoje; princípio e fim; alfa e ômega; a ele o tempo e a eternidade; a
glória e o poder; pelos séculos em fim. Amém.
Antes de acender o Círio são cravados nele cinco grãos de incenso que
significam as cinco chagas de Nosso Senhor que ao ressuscitar permanece com as marcas da crucifixão, mostrando assim que o corpo sacrossanto que ele
traz consigo é o mesmo que nasceu de Maria – carne de sua carne e sangue do seu sangue
–, padeceu e foi sepultado no túmulo de José de Arimateia (Jo 18, 38) após a sua morte de cruz. Na
imposição dos cravos o presidente da celebração reza:
Por
suas santas chagas, suas chagas gloriosas,
o Cristo Senhor nos proteja e nos guarde. Amém.
Na procissão que fazemos, todos os
presentes acompanham o andar do Círio, com suas velas no fogo novo, significando
assim, que todos nós somos novas criaturas, banhados pelo sangue que Jesus
derramou no calvário e iluminados pelo mesmo Senhor que retoma o seu Corpo
Glorioso.
Uma vez introduzido o Círio no seu lugar que deverá ser fixo até a última Santa Missa do dia de Pentecostes, só sairá do seu lugar de destaque para ser imergido por três vezes na água batismal que será abençoada na mesma celebração do fogo. Terminado este rito, o Círio volta para junto do Ambão que nos remontará ao significado do sepulcro vazio e Cristo Ressuscitado de pé proclamando o seu Evangelho.
Com a solenidade de Pentecostes, fechar-se o Tempo da Páscoa, o Círio é
apagado. Este sinal sagrado é retirado do lado do ambão significando
assim: uma vez educados na Escola Pascal do mestre Ressuscitado e cheios do
fogo dos dons do Espírito Santo, agora, devemos ser nós, “Luz de Cristo”. Esta “Luz”,
obrigatoriamente, deve-se irradiar, como uma coluna luminosa que passa no
mundo, em meio aos irmãos, para guia-los no êxodo em direção ao céu, rumo a
“pátria prometida” que é o Céu.
Normas a serem obedecidas
Grande reverência e dignidade devemos dar ao Círio no
Tempo Pascal. Mas, não só neste tempo! Durante todo o ano litúrgico o respeito
lhe é tributado por direito de norma. Bom seria que o mesmo pedestal em que ele
ficou fixado junto ao ambão, fosse o mesmo que o guardasse junto a pia
batismal, após Pentecostes, para ser aceso somente no momento em que é
conferido os Sacramentos do Batismo aos catecúmenos e do Crisma (confirmação); ou na sacristia, como
acontece em muitas catedrais e paróquias.
Atenção! No Tempo Pascal o Círio deverá ser aceso sempre nas celebrações eucarísticas, celebrações dos sacramentos, exéquias e nas orações da Liturgia das Horas. Concluído o Tempo Pascal, o Círio só deve ser
utilizado, única e exclusivamente, nas celebrações dos Sacramentos do Batismo e
Crisma. Fora estes ritos, só é permitido o seu uso quando se está celebrando Missas
de Exéquias com a presença do corpo na igreja ou em outro lugar dignamente apropriado.
Sem a realização dos ditos sacramentos e das missas exequiais, está proibido pela Igreja o uso do Círio para todo e qualquer ato dinâmico e representativo. Exemplo: utilizar o Círio como adereço em ambientação de encontros formativos, reuniões, assembleias, etc, mesmo que seja para proporcionar uma reflexão!, Utilizar o Círio para ladear o Ambão fora do tempo pascal, em festa patronal (para representar Cristo Ressuscitado ali), etc. Pede-se que se utilize outras velas, menos o Círio Pascal.
Sem a realização dos ditos sacramentos e das missas exequiais, está proibido pela Igreja o uso do Círio para todo e qualquer ato dinâmico e representativo. Exemplo: utilizar o Círio como adereço em ambientação de encontros formativos, reuniões, assembleias, etc, mesmo que seja para proporcionar uma reflexão!, Utilizar o Círio para ladear o Ambão fora do tempo pascal, em festa patronal (para representar Cristo Ressuscitado ali), etc. Pede-se que se utilize outras velas, menos o Círio Pascal.
Volto a repetir que o círio é PASCAL. Também Ele não foi feito pra ser usado como vela
solitária do altar ou ficar o ano todo ao lado do ambão.
Durante a permanência
do Círio junto ao ambão, não tem necessidade de ladear o mesmo com as velas da
procissão do Evangeliário, pois o Círio faz esta substituição magnífica. Não é proibido o uso dessas velas, pois, não há nada escrito que traz essa sanção, mas, utilizamos desse argumento para dar seu devido valor ao signo ali exposto.
Mesmo estando presente
o Círio no presbitério, sobre o altar deve-se colocar as velas:
O altar
seja coberto ao menos com uma toalha de cor branca. Sobre ele ou ao seu redor,
coloquem-se, em qualquer celebração, ao menos dois
castiçais com velas acesas, ou então quatro ou seis, quando
se trata de Missa dominical ou festiva de preceito, ou quando celebrar o Bispo
diocesano, colocam-se sete. Haja também sobre o altar ou em torno dele, uma
cruz com a imagem do Cristo crucificado. Os castiçais e a cruz, ornada com a imagem
do Cristo crucificado, podem ser trazidos na procissão de entrada. Pode-se também
colocar sobre o altar o Evangeliário, distinto do livro das outras
leituras.(Cf. IGMR 117)
Muitos
podem perguntar que fim deve-se dar ao Círio, caso já estamos neste ano e ainda
sobrou o círio do ano passado. Aconselho retirar dele os cravos e deixa-lo
consumir-se junto ao Sacrário, pois por falta de vela em nossas paróquias não
vamos sofrer. O importante é não deixa-lo jogado por qualquer lugar. O
raciocínio é lógico: o respeito a ele nós não devemos somente no tempo da Páscoa.
Quer dizer que passando a Páscoa ele perde o valor da benção solene que lhe foi
dada? Claro que não!
O apagar do Círio Pascal
Oficialmente não há um ritual para
apagar o Círio Pascal. Assim, traremos aqui as sugestões de Mons. Peter J. Elliott em seu excelente Ceremonies
of the Liturgical Year According to the Modern Roman Rite.
Durante a conclusão da última Missa do
Domingo de Pentecostes (ou das II Vésperas, onde esta é a última celebração
litúrgica do dia), o Círio Pascal é levado ao batistério, perto da pia
batismal.
Mons. Peter J. Elliott explica que a
transferência do Círio (aceso) ao batistério acontece em procissão – durante o
canto final ou antífona ou moteto apropriado –, da seguinte forma:
“Após a despedida, o incenso é preparado e abençoado. O diácono (ou, em
sua falta, o celebrante) leva o Círio Pascal, e, precedido pelo turiferário,
cruciferário e ceroferários (preferencialmente sem as velas), carrega-o até o
batistério, onde é colocado em seu castiçal ou suporte. O celebrante pode
incensá-lo com três ductos; então a procissão retorna à sacristia ou sala das
vestimentas, como de costume. O Círio deverá ser apagado quando todo o povo
tiver saído da igreja.”
Rito para Apagar o Círio Pascal
Junto ao círio ainda aceso e faz uma breve introdução à liturgia
da luz:
Irmãos
e irmãs, na noite na qual se deu vida ao alegre tempo Pascal, o “dia de cinquenta
dias”, no momento de acender o Círio, nós aclamamos a Cristo nossa Luz. E a luz
do Círio pascal nos acompanhou nestes cinquenta dias e contribuiu não pouco a
nos fazer recordar a grande realidade do Mistério pascal.
Hoje,
no dia de Pentecostes, ao fechar-se o Tempo da Páscoa, o Círio é apagado, este
sinal nos é tirado, também porque, educados na escola pascal do mestre
Ressuscitado e cheios do fogo dos dons do Espírito Santo, agora, devemos ser
nós, “Luz de Cristo” que se irradia, como uma coluna luminosa que passa no
mundo, em meio aos irmãos, para guia-los no êxodo em direção ao céu, à “terra
prometida” definitiva.
Veremos
agora, no desenrolar do ano litúrgico, resplender a luz do Círio Pascal,
sobretudo em dois momentos importantes do caminhar da Igreja: Na primeira
Páscoa que viveram os seus filhos com a recepção do Batismo, e por
ocasião da última Páscoa, quando, com a morte, ingressarão na verdadeira
vida.
O cantor dirige-se ao ambão, e de lá canta as invocações a Cristo.
Cantor:
Cristo,
Luz do mundo!
Todos:
Demos
graças a Deus!
Sacerdote:
Cantando, em reto tom estas e as demais invocações.
Ó
Sol da justiça, raio bendito, primeira fonte de luz, o ardentemente desejado,
acima de tudo e de todos; poderoso, inescrutável e inefável; alegria do bem,
visão da esperança satisfeita, louvado e celeste, Cristo criador, Rei da
glória, certeza da vida/, preenche os vazios da nossa voz com a Tua Palavra
onipotente, oferecendo-a como súplica agradável ao teu Pai altíssimo/.
Cantor:
Cristo,
Luz do mundo!
Todos:
Demos
graças a Deus!
Sacerdote:
Esplendor
da glória do Pai, que difunde a claridade da verdadeira luz, raio da luz, fonte
de todo esplendor/. Tu, dia que ilumina o dia, Tu verdadeiro sol, penetra com a
tua luz constante e infunde nos nossos sentidos a chama do teu
Espírito/.
Cantor:
Cristo,
Luz do mundo!
Todos:
Demos
graças a Deus!
Sacerdote:
Sois
a lâmpada da casa paterna que ilumina com luz ardente/. Sois o sol da justiça,
o dia que jamais escurece, a luminosa estrela da manhã/.
Cantor:
Cristo,
Luz do mundo!
Todos:
Demos
graças a Deus!
Sacerdote:
Sois
do mundo o verdadeiro doador da Luz, mais luminoso que o sol pleno, todo luz e
dia/, ilumina os profundos sentimentos do nosso coração/.
Cantor:
Cristo,
Luz do mundo!
Todos:
Demos
graças a Deus!
Sacerdote:
Ó
Luz dos meus olhos, doce Senhor, defesa dos meus dias, ilumina Senhor o meu
caminho, pois sois a esperança na longa noite/. Ó chama viva da minha vida, ó
Deus, minha luz/.
Cantor:
Cristo,
Luz do mundo!
Todos:
Demos
graças a Deus!
Coral: Hino Pascal “Cristo Ressuscitou”
Terminado o Hino Pascal, o
Sacerdote faz a inclinação ao Círio Pascal, e o apaga. Depois, voltado
para o povo, canta a oração.
Digna-Te,
ó Cristo, nosso dulcíssimo Salvador, de acender as nossas lâmpadas da fé; que
em Teu templo elas refuljam constantemente, alimentadas por Ti, que sois a luz
eterna; sejam iluminados os ângulos escuros do nosso espírito e sejam expulsas
para longe de nós as trevas do mundo/.
Faz
que vejamos, contemplemos, desejemos somente a Ti, que só a Ti amemos, sempre
no fervente aguardo de Ti, Que vives e reinas pelos séculos dos séculos/.
E toda a assembleia aclama, cantando:
Amém!
Amém! Amém!
José Wilson
Fabrício da Silva, crl
Bibliografia
CERIMONIAL DOS BISPOS, Paulinas, São Paulo, 1988;
INTRODUÇÃO GERAL SOBRE O MISSAL ROMANO, 4ª ed., Paulinas,
São Paulo, 2011;
CATECISMO DA IGREJA
CATÓLICA, São Paulo, Loyola, 1993;
BÍBLIA
DE JERUSALÉM, 7ª ed., São Paulo, Paulus, 2011.
http://www.presbiteros.com.br/site/rito-para-apagar-do-cirio-pascal/
http://www.salvemaliturgia.com/2012/05/o-apagar-do-cirio-pascal-e-mais-acerca.htm
http://www.presbiteros.com.br/site/rito-para-apagar-do-cirio-pascal/
http://www.salvemaliturgia.com/2012/05/o-apagar-do-cirio-pascal-e-mais-acerca.htm
10 comentários:
Nossa maravilhoso o significado e rito sobre o Círio Pascal, fiquei até emocionado, obrigado senhor por ter me dado esta disponibilidade, acho que a maior modernidade que poderia haver na igreja, seria exatamente exercer seu ritual com mais frequência, que por si só já nos alimenta com amor e esperança, pois como rezamos só o senhor já me basta, e a igreja na sua liturgia nos leva a ele, amem, aleluia, amem.
Sempre fico confusa. O círio deve ser aceso na Celebração da Vigilia, mesmo sendo celebrando por um leigo? E após o término da Celebração da Vigilia ele deve ser apagado e deve continuar acesso até o témino do período Pascal? Em caso de ser apagado deve ser acesso somente nas missas onde á presença do Padre ou pode ser acesso nas Celebrações da Palavra/Eucaristica quando celebradas pelo leigo?
Olá Sara, fico feliz em ver que essa matéria lhe causou interesse!
Bom, vamos lá:
Sobre a sua pergunta:
Primeiro: Se de jeito nenhum há a possibilidade de o Círio Pascal de vossa comunidade ser enviado até a Comunidade Matriz aonde o vosso padre fará a benção do fogo e o rito do acendimento do Círio, e, havendo um leigo delegado por ele para fazer o que lhe compete na celebração da Palavra para o Sábado Santo, então esse leigo pode seguir a oração prescrita para a benção do Círio pascal.
Segundo: Em todas as celebrações da Eucaristia, da Palavra (celebrada por um leigo), dos Sacramentos e das Exéquias (que pode ser celebrada por um leigo) durante o tempo Pascal, o Círio deve ser aceso sim, e deixado ao Lado do Ambão. ATENÇÃO! Não tem que seguir "aquilo que está em vermelho" no Jornal "O Domingo". Aquela tal "oração de acender o círio" nunca existiu, e não deve ser feito, porque desqualifica a riqueza da oração de benção que teve na Noite Santa.
Deus abençoe,
Cônego José Wilson, crl
Podemos acender o cirio em nossas residências pois eu trabalho de duas as dez da noite e não vou ter o prazer de ir a missa
Olá, o Cirio Pascal da minha Capela já foi consumido até o cravo da parte de cima da cruz, o que devemos fazer, pode ser consumido por inteiro pode se queimar a cruz e o que faço com os cravos ?
Na ministração de alguns sacramentos usa-se o círio. Minha pergunta é se ele fica com os cravos ou não?
Na ministração de alguns sacramentos usa-se o círio. Minha pergunta é se ele fica com os cravos ou não?
O Círio Pascal substitui as velas rodeadas do altar, ou não, no tempo pascal?
Obrigatoriamente as velas do altar também são acesas?
O Círio Pascal substitui as as velas rodeadas no altar, ou não? Elas também são obrigadas à acende-las, no tempo pascal ?
A fogueira é acesa com os ramos do domingo de ramos. Os folhetos litúrgicos tb podem ser usados? Ou apenas para missa da quarta feira de cinzas?
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