Dicas para uma Pastoral Litúrgica eficiente em sua comunidade
- Cuidar a Liturgia
Cuidar no sentido de preocupar-se
com, interessar-se por, dar atenção à, envolver-se com, estar atento por, tirar
tempo com. O cuidado e cuidador são expressões por demais valorizadas pela pós-modernidade.
Quem recebe o encargo de cuidar de alguém ou algum valor, torna-se confiável de
quem se confiou. Nesta lógica, quem confiou, tornou-seu fiador a quem fiou.
A Igreja confia aos fiéis o cuidado
do “Mistério da Fé”[1], visível
na liturgia. E, em se tratando de liturgia, o cuidado é dobrado pois, quem
cuida da celebração, cuida da ação ritual e das pessoas que a constituem.
Particularmente, a partir do no ano
da fé que celebramos no pontificado do papa Bento XVI, a liturgia precisa de um
olhar especial, demorado, cuidadoso, amoroso, pois nela os fiéis fazem a
experiência de se configurar ao seu Senhor e dele aprenderem a viver “os seus
sentimentos”(Fl 2,5).
- Cuidar
de quem?
1º. Cuide da assembleia
reunida – por ela a Igreja se edifica![2]
- Que
as pessoas sejam acolhidas e ternamente envolvidas. Mas se a acolhida é
dispersiva, não contribui e multiplica os ruídos. Bom seria que antes de
toda celebração do santo Sacrifício da Missa, a comunidade reunida se
preparasse com a reza do santo rosário, um momento de adoração a Jesus e
um silêncio profundo, meditando nos santos mistérios que vão ser
celebrados.
- Que
as pessoas sejam respeitadas, no quanto conseguem acompanhar, de tudo o
que são convidadas a participar. Ex: Hinos conhecidos, ensino doutrinal e
bíblico claros, som nítido e equilibrado do templo, iluminação eficiente,
etc.
- Que
as pessoas sejam introduzidas no Mistério. Quem veio, veio para rezar.
Então colabore para que haja ambiente de silêncio e oração. E se alguém,
ao seu lado, puxar assunto, diga-lhe, pelo olhar, que ali não é o lugar. Que
nas celebrações sejam evitados os comentários, se houver, que seja
brevíssimo e sem caráter de homilia.
2º. Cuide do presbítero
que preside – por ele o próprio Senhor preside![3]
- Permita-lhe
que se concentre, se prepare, silencie. Não é hora de lhe dar informações
e de pedir informações. Não é ele quem deve decidir o que fazer se os
cantores não vieram ou se os leitores faltaram. Ou se “pode isso ou se pode
aquilo”. Se não houve preparação, assim, aconteça a ação.
- Permita-lhe
que, às vezes, fique zangado com o zumbido da “colméia” que o rodeia.
- Relembrem
a equipe que vai auxiliar no santo Sacrifício da Missa que depois de mesa
posta não se briga nela.
- Permita-lhe o sagrado silêncio que o lugar exige. Várias igrejas foram construídas com duas sacristias: uma, ao padre, que, antes, deve centrar-se no Mistério, a outra, a outros fins. Hoje, em alguns lugares, uma virou almoxarifado, outra um enxame de abelhas. Dica: Que cada sacristia tenha um crucifixo digno e uma mesa devidamente preparada com os paramentos do sacerdote. O crucifixo para que o sacerdote reze pedindo antes da missa, perdão por seus pecados e pelos pecados de todos.
3º Cuide dos leitores –
por eles é o próprio Senhor quem fala![4]
·
Mostre-lhes
que a leitura do folheto é a mesma que está no Lecionário[5] e
que no momento da leitura, deve-se ler do Livro, pois ele na liturgia é simbólico.
Por quê? É simples a resposta: o Livro do Lecionário está presente em todas as
celebrações durante todo o ano litúrgico. Já o tal “folheto” é descartável. Isto
é uma lástima, pois é a palavra de Deus que é descartada, assim que termina a
missa. O primeiro assim que termina a missa vai do ambão para a sacristia[6] e
volta na próxima missa, volta sempre novo, de novo; o segundo, vai para o lixo
e não volta mais.
·
Não
basta dizer, faça-lhes ver e ler as leituras antes do santo Sacrifício da Missa!
É necessária uma devida preparação do leitor, pra que respeite a pontuação, o
tempo e os gestos antes e depois de cada leitura. Atenção! Uma Leitura bem
feita dá gosto de ouvir.
·
Mostre-lhes
o leve movimento do microfone, para cima e para baixo, se necessário. Um se
ajuste ao outro, mas com calma.
·
Mostre-lhes
o texto ao leitor, antes, para que, depois, não haja pretexto.
3.Cuidar do que? Pelos
sinais a comunidade se constrói!(cf. Lc 24, 13-35).
- Compor
a credência com os vasos sagrados é tarefa dos ministros da comunhão e dos
coroinhas. Não havendo nenhum deles, uma pessoa idônea, o fará.
- Prepare
o presbitério com a cátedra para o sacerdote e cadeiras ladeadas para os
diáconos (dois), caso os tenham. Logo em seguida, as cadeiras para os
acólitos. ATENÇÃO! Leitores sem o ministério instituído pela Igreja, os
ministros extraordinários da comunhão eucarística devem ficar na
assembleia, juntamente com os irmãos fiéis. O presbitério é próprio do
presbítero! O ministro só deve subir ao presbitério na hora de exercer sua
função que é rápida e discreta.
Prepare o altar com toalha branca. Entendamos
essa questão: Sabemos que as toalhas no altar eram usadas desde a Antiguidade,
ininterruptamente. Inclusive, ela é encontrada em todos os Ritos da Igreja e,
não apenas, no Rito Romano. Inclusive, o Missale
Romanum de
1962 (Rubricae
generales Missalis Romani XI,
526), ordenava que se deveria haver três
toalhas sobre o altar, e com um decreto (de número 4029) a Sagrada
Congregação Para os Ritos explicitou como e quais:
1. A que tocava a mesa feita de cânhamo e
cobrindo todo o tampo do altar;
2. Uma de linho acima da de cânhamo,
igualmente apenas sobre o tampo do altar;
3. Uma terceira, verdadeiramente a
toalha, que vai por cima das duas outras e, de maneira geral, cai pelas laterais
do altar tocando o solo.
Porém, todas
elas devem ser, obrigatoriamente, de
cor branca.
Há várias explicações para isso, uma delas é de que denota não apenas asseio,
mas também porque o sacrário estava sobre o Altar e a cor do Santíssimo
Sacramento, e a Ele associada, é a branca.
Porém, o que diz a rubrica da
Instrução Geral do Missal Romano, após o Concílio Vaticano II? O número 304 nos
diz:
“(…) O altar sobre o qual se celebra
deve ser coberto ao menos com uma toalha de cor branca, que, pela sua forma, tamanho e ornato, deve
estar em hamonia
a estrutura do altar”
3º. Cuide da coleta na
missa
- Quando
há procissão, duas pessoas disponham o “recipiente”, no corredor, à frente
do altar, e, em seguida, o deponham “aos pés do altar”, feito de tal modo
que transpareça a ação da partilha e não a dos pedintes;
- Se a
coleta for de mão em mão, duas pessoas entreguem aos primeiros dos
primeiros lugares. Recordo-lhes que o gesto será diferenciado se os
primeiros à frente derem o exemplo. Após, deponham “aos pés do altar”.
- Ao
final da missa, confiram e anotem o resultado. Em coletas especiais e
obrigatórias, no domingo seguinte, agradeça a colaboração e divulgue o
resultado, repetindo a destinação.
- Cuidar é próprio de quem ama –
Pelo testemunho os reconhecerão!(Cf. Jo 13,1-11)
Então, mãos à Obra.[7]
Sem jogo de empurra-empurra. Ao convidar a todos, dizendo a todos que todos são
responsáveis não atinge ninguém. Um espera pelo outro, que espera pelo outro, e
ambos esperam que outros tenham ido e no fim nenhum foi. Como a liturgia é feita
com pessoas, proponho uma forma:
1º. O padre comece por
convidar para uma reunião, 3 a 5 pessoas, entre os já ajudam na liturgia.
- Tomem
juntos um “bom café” e depois façam uma lista com nomes de pessoas que aceitem
o desafio de cuidarem das celebrações, “preparando as pessoas, os lugares,
os textos e os ritos”.[8]
2º. O padre diga que
sentido da reunião em maior número,
não é somente para distribuir funções na missa. Mas para rezar juntos, estudar
juntos, ensaiar juntos e, depois da oração e dos ensaios, tomarem “um
café-com-leite mais reforçado” juntos.
3º. Quem ama, cuida a
Obra, quem não ama não se importa e, cuida de si
Quem
ama encontra tempo, retira o carro da garagem ou arruma carona, e participa,
faz parte “da lista”. Quem ama não deixa que só “a fulana e o fulano” carreguem
o peso sozinho. Quem ama dá um jeito e ajeita. Que não ama arruma desculpa e se
justifica, lava as mãos. Quem ama, encara o desafio com fé, e ajuda a convencer
a si e a outros que ajudar é a melhor maneira de amar.
Pe. Enio
José Rigo
José Wilson
Fabrício da Silva, crl
Para Conversar:
Retomemos as perguntas:
Como entendemos o
“Cuidar a Liturgia”?
Na celebração
“Cuidar de quem”? “Cuidar do que”?
Para que tenhamos
um “bom cuidado da liturgia”, o que se faz necessário?
[1]
Aclamação Memorial, feita pelo presidente da celebração,diante da assembleia,
lembrando as palavras de Paulo em 1Cor 11,26.
[2]
Carta Encíclica “Ecclesia de Eucharistia”, cap, II
[3]
Sacrosanctum Concilium, n. 7. Falando sobre a presidência do ministro ordenado,
citando a Instrução Geral do Missal Romano, n. 92-95, diz o “Guia Litúrgico Pastoral” da CNBB, p.
93, que este ministério “situa-se no horizonte da unidade, da animação, da
coordenação e da presidência da comunidade e das ações litúrgicas”.
[4]
Idem, n.7.
[5] Livro
que contém todos os textos bíblicos para a Celebração da Eucaristia.
Constitui-se pela sequência do ano litúrgico A (Mateus); B (Marcos) e C(Lucas).
2013 é o ano C.
[6] “A
sacristia faz parte do templo, por isso seja harmoniosa e bem arrumada. Ela é
lugar do respeito, do silêncio, da concentração de quem preside, ministros(as),
coroinhas e demais participantes da equipe da celebração. O objetivo da
sacristia é favorecer sempre a harmonia e a acolhida”. CNBB. Guia Litúrgico
Pastoral, p.114.
[7] Trata-se
da Obra da Salvação, prenunciada por Deus, realizada em Cristo. (cf. SC n. 5).
[8] Missal
Romano, n. 1.
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