Na
Liturgia Latina, o mais belo e significativo símbolo pascal é o Círio. Ele
simboliza o próprio Cristo ressuscitado.
Em
geral, não é muito valorizado por falta de catequese litúrgica, mal gravíssimo
da Igreja latina atual.
Nunca
se deve, no âmbito da Liturgia, utilizar uma imagem de Cristo Ressuscitado.
Numa procissão sim, pois não se trata de um ato litúrgico, mas gesto da
religiosidade popular.
Por que representar o
Ressuscitado por uma vela gigante?
Nos
evangelhos, o Cristo ressuscitado não pode ser descrito ou representado: Seu
aspecto é glorioso, Ele não pode mais ser visto, apreendido pelos sentidos, a
não ser que Se faça ver. O Ressuscitado não voltou a esta vida, ao estado e à
fisionomia que tinha antes, nos dias de Sua humilhação. Ele agora é Senhor, é
Adon, como o Adonai, o Senhor Deus, Ele agora é Kyrios! Por isso mesmo a Igreja
O representa no Círio, para deixar claro que Ele agora é todo Misterioso, todo
Senhor glorioso na Sua santíssima humanidade divinizada.
O Círio
Pascal
O
Círio Pascal é Virgem, como é Virgem o Ressuscitado, Novo Adão, Princípio da
nova criação.
Nele
se inscrevem o Alfa e o Ômega, primeira e última letras do alfabeto grego, pois
o Ressuscitado é Princípio e Fim da história e de todas as coisas.
Uma
grande cruz com cinco cravos domina todo o Círio, pois a Ressurreição é fruto
da Paixão, de modo que o Ressuscitado traz e trará para sempre no Seu corpo
glorioso as gloriosas chagas, como troféus.
Vem
também inscrito os algarismos do ano em curso, pois, na Santa Liturgia, o
Mistério Pascal torna-se presente, continuamente contemporâneo a cada geração
de cristãos e atuante na vida da Igreja. A Igreja e cada cristão encontram
realmente, na Liturgia pascal, o Vencedor da Morte, feito Senhor e Cristo!
O
fogo que consome o Círio e ilumina as trevas é símbolo do próprio Espírito
Santo, no qual o Pai ressuscitou o Filho Amado; Espírito que vivifica, aquece,
ilumina! É este Espírito o grande Dom que o Ressuscitado faz continuamente à
Sua Igreja, vivificando-a, iluminando-a, aquecendo-a de Vida divina e
transfigurando-a como presença do Reino de Deus neste mundo e semente de Vida
Eterna.
Por
isto mesmo, o Círio deve ser conservado com respeito sagrado. Será sempre
incensado ao início das missas de Tempo Pascal nas quais se use o incenso (não
é incensado nem ao Evangelho nem ao ofertório).
Deve
ficar próximo ao ambão, como sinal eloquente da luz de Cristo ressuscitado que
ilumina as Escrituras.
Somente
é retirado após as segundas vésperas da Solenidade de Pentecostes. Deve ser, então,
colocado no Batistério, ao lado da pia batismal.
Existe
um belo costume de se retirar alguns fragmentos da cera do Círio e colocá-los
num pequeno relicário precioso - de ouro ou prata - que é levado no pescoço,
como medalha, em geral com a imagem do Cordeiro do Apocalipse, e se chama Agnus
Dei. Que bela relíquia: um pequeno fragmento da cera do Círio, imagem Daquele
que esteve morto, mas agora vive e vivifica para sempre!
Autor: Dom Henrique
Soares da Costa – Bispo Diocesano de Palmares - PE
Fonte: Via Facebook
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