Arquivo do blog

domingo

SANTO AGOSTINHO FUNDADOR E MÍSTICO


                                 
Estamos nos aproximando da festa do grande santo da Igreja, Santo Agostinho. O santo mais buscado, lido e conhecido de todos os tempos na história universal.




 Por que falar tanto de Santo Agostinho?


 Porque ele é o humano mais santo e o santo mais humano que já tivemos na era final da Patrística e início da Idade Média. É um santo que teve uma busca incansável pela Verdade e encontrando-a, escavou no profundo a fonte, para que assim não só ele ficasse saciado, mas todos aqueles que dele se aproximassem ou o escutasse, fosse contagiado pela força da Verdade que é o próprio Cristo Jesus. A famosa frase pronunciada por ele, sintetiza tudo aquilo que chamamos de busca incansável: “Fizeste-nos Senhor para Vós e o nosso coração está inquieto, enquanto não descansar em Vós”.

De Santo Agostinho nasce um carisma religioso no ano de 387 d. C., que se torna até os dias de hoje, como que eterna, apesar de sabermos que o único Eterno é Deus. Não estou falando neste sentido, mas no sentido figurado. Pois desde que Santo Agostinho resolveu viver uma vida religiosa de uma forma bem particular, Pois além de ser uma vida aberta as necessidades da Igreja em todos os sentidos, é uma comunidade que busca, luta e presa pela interioridade, o silêncio e o conhecimento pessoal. Sem esquecer a amizade, a fraternidade e o amor pela comunidade de irmãos. Isso foi muito novo na Igreja. Pois antes ou se vivia uma vida apostólica ou contemplativa. Santo Agostinho une as duas de uma forma harmoniosa.


                                        
Se inspirando nas primeiras comunidades de irmãos dos Atos dos Apóstolos 2, 33-42, ver que é possível viver como que, estar no mundo mas não pertencer ao mundo. Para ele, viver em comunidade é dilatar o amor de Deus que os une e nos faz ser verdadeiros adoradores em espírito e em verdade. Onde em cada casa religiosa deveria existir uma capela, destinada exclusivamente para a oração, como reza na santa Regra e que tudo seria posto em comum, onde todos vestiriam da mesma rouparia, usariam da mesma biblioteca, do mesmo alimento; e que só sairiam as ruas para qualquer necessidade em comum, para que um fosse o guarda do outro, e que assim, não viesse a pecar sem o aviso do irmão. Este santo foi um jovem, um estudante, um professor e um cristão que nunca gostou de viver sozinho, pois a amizade foi muito importante para que ele conseguisse viver tranqüilo e realizado. Lendo a sua autobiografia chamada de “Confissões” vamos observar que a amizade ao lado da busca foram as penas das asas que lhe levaram até Deus. As “Confissões” falam de pessoas caras, ao mesmo tempo que põe a nu os mais recônditos cantos de seu espírito, todas as tensões íntimas e as lacerações de sua vontade; vemos neste livro as suas superações e o seu encontro definitivo e progressivo com o Senhor que lhe chamou para uma vida sempre nova. De Agostinho nasce e bebe de sua fonte as Ordens Agostiniana, Agostiniana Recoleta, Agostiniana Descalça, Cônegos Regulares, Dominicanas, etc, etc, etc. todos vêem em Santo Agostinho um pai, um formador e um inspirador para as suas vidas.

Muitos podem ver na Regra de vida de Santo Agostinho uma utopia, na verdade não é, pois na medida em que eu vou vivendo, colocando os meus dons espirituais e matérias em comum, vou vendo que Regra é tão viva e eficaz. Para a vida dos seguidores de Agostinho ele diz: “Nenhuma coisa tenhais como própria e sim em comum”, Significando que cada agostiniano é convidado a ver que tudo é da comunidade primeiro, nada é meu a não ser a amizade, o carinho e zelo que devo colocar na casa, na fraternidade, nos trabalhos pastorais, na liturgia, na oração e em tudo o que é e vem de Deus.

A vida religiosa para Santo Agostinho se caracteriza pela configuração com Jesus Cristo Mestre e Senhor. Portanto, a formação agostiniana é concebida e estruturada seguindo a pedagogia do próprio Senhor Jesus Cristo. De tal modo o candidato à vida agostiniana é introduzido na dinâmica formativa a qual o Mestre Jesus se submeteu, ou seja, aprender Dele e com Ele crescer em estatura, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens, para atingir a estatura e a maturidade de Cristo. Então o agostiniano deve percorrer o itinerário formativo semelhante ao de Jesus, que se inicia no anonimato em Nazaré (postulantado), passando pela consagração no seu Batismo e pela purificação no deserto abandonando-se na vontade do Pai (noviciado), seguindo sua missão na vida pública (juniorato) até morrer com Ele na Cruz e com Ele ressuscitar (formação permanente). Em outras palavras, desde que o agostiniano se propõe à sequela de Cristo, deve passar pelas mesmas etapas pelas quais passou o Mestre Jesus.

Santo Agostinho antes de sua morte não faz testamento, porque era pauper Dei, mas sua herança foi presentear a Igreja que ele tanto amava, deixando mosteiros de homens e mulheres, com bibliotecas que continham as próprias obras; à posteridade os seus escritos como testemunha da grandeza e grandes santos e santas que souberam seguir perfeitamente os ensinamentos de Agostinho, suprindo em todas as necessidades da Igreja. E agora veremos o que dizia São Posídio ao escrever sobre Santo Agostinho:

Senti-me inspirado por Deus, que criou e governa o universo, a empregar meus limitados recursos de inteligência e palavra para a edificação da Igreja Católica de Cristo Senhor, santa e verdadeira...” em consequência disso, também eu, o menor dos administradores dos dons divinos, animado da fé sincera que é indispensável para servir ao Senhor dos senhores e a seus fiéis, assim como para ser-lhes agradável, empreendi narrar, auxiliado pela graça de Deus, o nascimento, a vida e a morte baseado no que ele (Agostinho) me contou e no que eu mesmo verifiquei, tendo usufruído por muitos anos de sua amizade, testemunho que Agostinho foi verdadeiramente um homem de Deus”. (POSSÍDIO, São. Vida de Santo Agostinho, Paulus, São Paulo, 1997)

Santo Agostinho fundou uma comunidade para ser um lugar onde se cultive a fé no Deus Trino, a esperança de um mundo melhor e a caridade que une os irmãos no serviço mútuo. Quem quiser seguir as pegadas de Santo Agostinho tem que saber escutar a Cristo comunidade que ama o Pai e nos envia o Espírito Santo. Ele disse certo dia em um dos seus sermões, fazendo um comentário ao Evangelho de São João: “Você quer caminhar? Eu sou o Caminho. Você não quer ser enganado? Eu sou a Verdade. Vocês não querem morrer? Eu sou a Vida”. E é justamente esse elo que une todos os agostinianos! Um Caminho a percorrer, uma Verdade a ser vivida pra depois ser proclamada e uma Vida a ser defendida, amada e entregue a todos. Só aqui é que compreenderemos o que este homem de Deus aconselhava aos novos membros de sua comunidade: “Vocês devem ir aonde a Igreja necessite”. Esta é a beleza da vida agostiniana. Não ter um carisma específico, quer dizer, estar aberto a todos os dons que o Espírito Santo vá presenteando a cada irmão na comunidade. É se fazer presente em todos os lugares, culturas, línguas e raças, sem perder o foco, anunciar Cristo Jesus, Salvador e Senhor de nossas vidas.

Resumindo todo o carisma de Santo Agostinho vemos que é: Amar a Deus sem condições, saber viver em comunidade como irmãos, experimentar a Cristo na interioridade, servir a Igreja em tudo o que ela necessitar e o principal, anunciar a Cristo com a Palavra e com o exemplo de vida. O verdadeiro agostiniano fala de Deus sem dizer uma só palavra. Uma prova disso são os milhares de santos e santas que quiseram viver baixo a Regra de Santo Agostinho nestes 1580 anos de história após sua morte. Santo Agostinho descansou o seu coração que passou a vida toda inquieto no seu Amor, a “Beleza sempre antiga e tão nova”, Jesus.  Santo Agostinho abriu uma porta para o serviço da Igreja que nunca mais fechou, e Deus multiplicou o seu rebanho. Que Nosso Salvador Jesus Cristo nos ajude e esteja sempre atento as nossas preces. Assim seja!

                                                                    
                                                                              +José Wilson Fabrício da Silva
                                                                                     (josewilson.fabricio@gmail.com)

Nenhum comentário: