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quinta-feira

A Assunção de Maria ao Céu (morte e ressurreição de Maria)

A Igreja celebra no mês de agosto algumas festas importantes do calendário santoral, dentre elas, destaca-se a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. 15 de agosto, dia santo de guarda, reverenciado desde o séc. VI no Oriente. Em Jerusalém, neste período, comportava uma procissão ao túmulo da Virgem, onde os cristãos acorriam para pedir graças. Esta procissão estendeu-se a Constantinopla. Em Roma, do séc. VII ao XVI, foi-se constituindo uma das “procissões e ladainhas” que tinha o seu lugar central na basílica de Santa Maria Maior.


O servo de Deus Pio XII, definiu em 01 de novembro de 1950, o Dogma da Assunção da Santíssima Virgem Maria. Proclamava assim solenemente como dogma de fé a crença, que segundo a qual a Mãe de Deus Filho, ao fim de sua vida terrestre, foi levada em corpo e alma à gloria do Céu.
Acreditar na assunção de Maria, desde o início do cristianismo já era comum na fé da piedade popular dos batizados. A dificuldade que temos é saber o lugar preciso que ela se deu. Pois, tanto em Jerusalém, como na antiga cidade de Éfeso, existem dois templos chamados de “igreja da dormição e túmulo de Nossa Senhora”. Mas, o importante não é o local e o ano em que isto se deu, e, sim o fato ocorrido.
Os Padres da Igreja sempre conservaram a santa tradição de celebrar de forma especial o dia da assunção. Destaca-se S. João Damasceno que dentre todos se distingue como pregador dessa eminente celebração. Passando pela Patrística, entramos na Idade Média, quando milhares de santos homens e mulheres fizeram desta celebração um propício momento de lo
uvor a Deus pela augusta presença de Maria, como Mãe e Rainha de toda a criação, abaixo do Deus Uno, Trino, Forte, Santo e Imortal.
Da Idade Média destacamos o santo bispo Amadeu de Lausana, Santo Antônio de Pádua, Santo Alberto Magno, Santo Tomás de Vilanova, São Bernardo de Claraval e Santo Tomás de Aquino. Entrando da Idade Moderna, exaltamos a São Bernardino de Sena, Santo Alonso de Orozco, São Roberto Belarmino, São Francisco de Sales e Santo Afonso Maria de Ligório. Nos últimos tempos lembramos inúmeros santos, papas e bispos. Mas, o Dogma da Assunção veio oficialmente fazer parte do Depósito da Fé recebido dos Apóstolos no séc. XX. Onde a Igreja confirmou solenemente que sempre olhou para Maria como aquela que à acompanhava como Intercessora no Céu de corpo e alma.
Agora, a comunidade dos filhos de Deus, tendo uma fé enraizada em Cristo Jesus, seu único e suficiente Salvador, olha para a Mãe de seu Senhor, como Aquela que sempre foi a “Bendita entre todas as Mulheres”, e que não poderia existir sombra de dúvida, que em razão de sua maternidade divina, desde a sua Conceição, teve o privilégio de ser isenta do pecado original. Por este motivo, Maria não deveria conhecer a corrupção do túmulo, assim como o seu Filho não a conheceu.
Para evitar qualquer dado impreciso, o Papa absteve-se inteiramente de determinar o modo e as circunstâncias de tempo e lugar em que a Assunção deveria ter-se realizado. Somente o fato da Assunção em corpo e alma à glória do Céu, constituiu o objeto da definição.
A nossa fé cristã nos afirma que o Senhor Jesus Cristo só esteve três dias no sepulcro, logo ressuscitou e subiu aos céus. A morte de Nossa Senhora mais parece um sono breve. É por isso que chamamos esse breve momento mortal de “DormicioDormição da sempre Virgem Maria. Antes de a corrupção lhe poder tocar o corpo imaculado, Deus ressuscitou-A e glorificou-A nos Céus (Ap 12, 1).
A dormição, ressurreição e assunção da Virgem Santíssima formam o tríplice objeto da solenidade do dia 15 de agosto, que no Brasil por motivos pastorais, celebramos no domingo posterior a essa data, para que todos os cristãos católicos participem da Santa Missa e ganhem as indulgências anexas a este dia.
Se nós acreditamos na assunção do pecador Enoc aos céus de corpo e alma (Hb 11, 5/ Gn 5, 21-24); na assunção do pecador Elias em corpo e alma, sobre um carro de fogo (2Rs 2, 9-14), por que não crer na elevação da Virgem Maria, a “Creia de graça”, ao Céu em corpo e alma? Será que a Mãe de Deus Filho poderia conhecer a putrefação do corpo e a condenação da Alma, ou pelo menos esperar a segunda vinda de seu Filho para voltar a vida corporal e ir definitivamente morar em Deus? Claro que não!
Não tendo o pecado penetrado nunca na alma puríssima de Maria, era conveniente que o seu corpo, do qual o Verbo se dignou Encarnar, fosse isento de toda a mancha, tendo como consequência, a não corrupção no túmulo.
Para termos autoridade sobre aquilo que acreditamos sobre a Assunção de Maria, na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, o Servo de Deus Pio XII, definiu que “Deus quis excetuar da lei geral do pecado original, a bem-aventurada Virgem Maria. Por um privilégio inteiramente singular ela venceu o pecado com a sua concepção imaculada; e por esse motivo não foi sujeita à lei de permanecer na corrupção do sepulcro, nem teve de esperar a redenção do corpo até ao fim dos tempos”.
Partindo de uma reflexão sobre a Assunção, o padre Teólogo Leomar Brustolin afirma que em Maria se possibilita a compreensão do futuro da humanidade e de toda a criação em Cristo. E da mesma forma como ela está unida à encarnação do Verbo, participa de forma singular da parusia.
O importante é não entendermos a Assunção de Nossa Senhora como um evento individual, ou que Maria ressuscitou e subiu ao Céu por força e vontade própria, mas como ressurreição realizada por Cristo e somente com Cristo. Por isso, o que aconteceu com Maria foi efetivo e real para a glória de Deus e a alegria de toda a Igreja militante, que vê na Mãe de Deus Filho por antecipação, aquilo que vai acontecer conosco na vinda última de Jesus Cristo sobre a terra.
Maravilhosa é a liturgia bizantina ao afirmar nos primeiros séculos da era cristã no Oriente, que a assunção corporal da Virgem Maria é relacionada diversas vezes não só com a dignidade de Mãe de Deus, mas também com os outros privilégios, especialmente com a sua maternidade virginal, decretada por um singular desígnio da Providência divina: “Deus, Rei do universo, concedeu-vos privilégios que superam a natureza; assim como no parto vos conservou a virgindade, assim no sepulcro vos preservou o corpo da corrupção e o conglorificou pela divina translação“.
Devemos glorificar a Deus porque por sua obra e graça “a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”, para participar do seu Reinado que nunca tem fim. Da glória dos Céus, a augusta Senhora pede por nós aqui na terra, até o dia que o justo Juiz virá com sua majestade e poder julgar a terra (Mt 28, 20/ 1Jo 4, 17).
Que Nossa Senhora da Assunção reze por nós. Amém!









Autor: Cônego José Wilson Fabrício da Silva, OCRL

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