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terça-feira

A Igreja Católica no ensinamento de Santo Agostinho

 


 
Depois de celebrarmos a festa do glorioso Santo Agostinho, quero trazer a você que visita hoje a nossa página na Internet uma breve reflexão do pensamento agostiniano sobre a Igreja Católica Apostólica Romana. Como o bispo de Hipona pensava a Igreja? Que contribuição Agostinho deu à Igreja na matéria da eclesiologia?
Estas são perguntas que tentarei, muito limitadamente, responder à luz dos escritos de Santo Agostinho, nosso pai espiritual; conhecido em tudo o mundo por sua filosofia, também destaco a maravilhosa contribuição que ele deu ao cristianismo com a sua teologia. O bispo de Hipona, foi reconhecido pelos sumos pontífices como o Doutor da Graça, da Eclesiologia e da Caridade.
A Igreja para Santo Agostinho é aquela que se identifica com Cristo, o Verbo encarnado feito homem. Ele viu que a essência do cristianismo é a Igreja em sua origem. Nos seus sermões vamos identificar alguns atributos que lhe caracteriza como Igreja de Jesus Cristo e Reino de Deus na terra:
  • Autoridade;
  • Desenvolvimento e ministério;
  • Sacramentos;
  • Evangelização;
  • Caridade;
  • Unidade;
  • Apostolicidade;
  • Santidade;
  • Comunhão;
  • Catolicidade, que continua sobre a Terra a obra de Cristo.
A Igreja Católica dispensa aos homens a vida divina, restaura a natureza humana, e é a arca da salvação, a luz que bilha nas trevas, sobre tudo, a Mãe espiritual fecunda do homem e a Mestra da verdade revelada.
Não existe separação entre Igreja Católica e o Corpo sacrossanto de Cristo! Pelo batismo fazemos parte desse Corpo. Por isso, somos convidados a repetir por amor, as ações de Cristo.
Para entendermos isto, escutemos Santo Agostinho, quando afirma que assim podemos vê a Igreja: “O mistério de Cristo total, Cabeça e Corpo, Esposo e Esposa, Cristo e a Igreja, dois em uma só carne, dois em uma só pessoa” (Em. im Ps 3, 9; in os. 9, 14; in os 17, 51; … S. 321, 1).
Santo Agostinho destaca que o sentido geral da comunidade de fiéis, tanto do Antigo como do Novo Testamento, estão unidos substancialmente na mesma fé em Deus e em Jesus Cristo prometido. É aceitar “o Salvador, que reúne em sua Igreja universal a todos os justos, desde Abel até o fim do mundo, formando o seu Corpo Místico” (Serm. 341, 1-12). Também entende por Igreja Católica como a sociedade eterna dos eleitos, da qual a igreja terrena (igreja que peregrina) é a preparação e imagem imperfeita (Serm. 138, 5), onde só alcançará a sua perfeição no encontro definitivo com o seu Esposo.
Quando Santo Agostinho afirma que a Igreja deve ser entendida como sociedade específica, ele a distingue das demais sociedades humanas por suas características especiais. Estas características são: origem, missão e meios sobrenaturais, porque está para salvar almas (Mt 28, 19-20; Mc 16, 15).
A mais bela de todas as interpretações que podemos fazer sobre o pensamento eclesiológico de Santo Agostinho, é um meio eficaz que apresentamos como um fundamento necessário na missiologia da Igreja. Vemos que Jesus Cristo, fundador divino, encomendou a sua Igreja a um fim muito especial: continuar sua missão de salvar aos homens até o final dos tempos. E para realizá-lo, deve existir uma relação estreita entre Jesus Cristo e a Igreja. Ele é a cabeça da Igreja e a Igreja, indiscutivelmente, é o seu Corpo místico.
Se quisermos entender isto, devemos partir da Sagrada Escritura, quando afirma de distintos modos, ao falar de “minha Igreja” (Mt 16, 18), “apascenta meus cordeiros, apascenta minhas ovelhas” (Jo 21, 16), “foi-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28, 19) e, “como o Pai me enviou, assim também eu vos envio” (Jo 20, 21). Estas são passagens bíblicas que orientou o pensamento agostiniano, fazendo perdurar através da Doutrina da Igreja, quando escuta o seu divino fundador, Jesus Cristo dizendo: “Eu sou a videira e vós os ramos” (Jo 15, 5).
De Jesus procede toda a vida sobrenatural que se comunica a todos os seus membros. São Paulo entendeu claramente a relação de Jesus a Igreja, quando escreveu aos Colossenses afirmando que a Igreja é o Corpo de Cristo e “Ele é a cabeça do Corpo que é a Igreja” (1, 18).
Enfim, Santo Agostinho recebeu da tradição um legado doutrinal muito importante sobre a Igreja, mas o ampliou e desenvolveu com um estudo profundo e minucioso da Palavra de Deus e da Tradição. Tirando a conclusão de que, para ser uma Igreja verdadeira, jamais poderia faltar nenhuma dessas características:
  • Virgem,
  • Mãe,
  • Esposa,
  • Una,
  • Santa,
  • Católica,
  • Apostólica,
  • Sociedade perfeita (povo de Deus),
  • Ter o Espírito Santo como Alma da Igreja,
  • A autoridade verdadeira que deveria está na Sede de Roma (porque lá estava Pedro),
  • Lugar de comunhão,
  • Antecipação do Céu.
Agostinho entendeu que Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, se uniu pela Encarnação intimamente com sua Igreja, por sua forma de servo, porque “assim como toda geração carnal procede de Adão, assim toda geração espiritual, deveria proceder de Jesus Cristo” (De pec. mer. 1, 15, 19.)
Santo Agostinho de Hipona, rogai por nós!
OREMOS
Senhor Jesus Cristo que inspirastes em Santo Agostinho o desejo de servir-te como religioso e sacerdote. Te pedimos, enviai jovens vocacionados que atendendo o teu convite, te sirva com o Pai, no Espírito Santo na vida canonical lateranense. Que todos os chamados a nossa família religiosa não se percam no caminho do mundo, mas sigam em “um só coração e uma só alma voltados para ti”. Amém.

Autor: Cônego José Wilson Fabrício da Silva, ocrl

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