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quinta-feira

Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente


Os sacerdotes nunca deixaram de ser os curas de almas. São eles os zeladores delas, nutrindo-as com a Palavra de Deus e o Pão dos anjos no Santo Sacríficio da Missa. São eles os primeiros dentre todos, a serem os adoradores eucarísticos, os amantes da Casa de Deus aqui na terra, os ordenadores do silêncio e da modéstia dos lugares sagrados.
Cada paróquia é um aprisco que pertence ao único Sumo e Eterno Sacerdote e Bom Pastor, Jesus Cristo, que confia à administração aos seus sacerdotes. Mesmo vivendo na era digital e das facilidades de nossos dias, os ministros de Deus devem chamar o povo fiel a viverem do Céu, mesmo estando no mundo. Isto chamamos de viver no Céu por antecipação: “aonde está o teu tesouro, aí estará teu coração”. (Mt 6, 21)
O sacerdote nunca deve esquecer de proclamar que, dentre tantas maravilhas de Deus contidas na Sagrada Escritura, o cristão nasceu para a luta! e quanto mais encarniçada ela se apresentar, tanto mais segura deve ser a crença na vitória de Deus, dizia Leão XIII. Por causa desse fato, cada católico tem a santa obrigação de ver com Santa Terezinha que, o seu sofrimento deve tornar-se o seu Céu aqui na terra. Não vendo nunca os outros como uma ameaça, um inferno ou a sua morte em vida.
Certo dia lendo alguns escritos sobre a Eucaristia, vi as palavras de um padre que se perguntava ao Senhor: “meu Deus, por que não colocaste azeite em minhas veias, em vez de sangue? Pois, se tivesse azeite, te daria sempre, me consumiria em vossas lâmpadas que ladeiam os sacrários da terra”.
Santo Afonso Maria de Ligório dizia: “Tenho inveja das flores que são postas ao lado de Jesus, pois elas ficam lá até entrarem em processo de acabamento. Assim queria eu também ficar, sempre ao lado de Jesus Hóstia Santa”.
Quero dizer que é somente no culto eucarístico que chamamos de hora santa, que encontraremos respostas para as nossas perguntas, consolo para as nossas dores, luz para as nossas trevas e descanso para as nossas almas.  
Percebemos aqui que Sacerdote e Eucaristia estão intimamente ligados, não existe um sem o outro. Então, cada fiel católico vive dos dois. Estes são os presentes que o Senhor deu a Igreja católica na última Ceia.  Rezemos por cada ministro ordenado em particular, para que a cada dia sua boca fale daquilo que seu coração esteja cheio, cheio de Deus, da Graça do Espírito Santo. Para que ao ouvirmos a ele, possamos dizer: “eu vi o Senhor”.
Nos sacrifiquemos por eles para que neles, não se cumpra a Palavra de Deus neste passagem de Jeremias (48, 10) que reza: Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente.  Só depende de nós!
Rezai pelos os sacerdotes e os vereis mais santos.

quarta-feira

A origem e a função do bispo


Uberaba, 20 ago (RV) – O arcebispo de Uberaba, MG, Dom Benedicto de Ulhôa Vieira publicou um artigo, nesta quinta-feira, no site do Jornal da Manhã, da cidade, onde explica a origem e a função do bispo.
Eis o artigo, na íntegra:





Vem-se notando na imprensa o hábito lamentável de designar com o título de "bispo", o pastor ou o líder de qualquer agrupamento religioso.

Reflitamos: se alguém colocar na porta de seu escritório ou de sua residência uma placa indicativa com seu nome e – sem o ser – acrescentar "médico", "advogado", "professor" ou outra profissão, pode ser processado por falsidade profissional. Igualmente com o termo "bispo". Daí a necessidade de se ter noção exata do que seja o uso correto do termo.


No início da pregação evangélica, os apóstolos de Cristo escolheram colaboradores que, após a sua morte, lhes sucedessem no governo das comunidades nascentes e na pregação da mensagem cristã. Inicialmente eram chamados de "sucessores dos apóstolos", como nos informa Clemente Romano, no ano 96 da era cristã, na bela e conhecida Carta à Igreja de Corinto.

A missão destes sucessores era responsabilizar-se pelas comunidades que se formaram ao redor dos apóstolos, supervisionando a sua vida evangélica. Daí o verbo "episkopein" (supervisionar), de que vem o substantivo "epískopos": o que zela como guarda e protetor, por supervisionar o rebanho. Em latim "epíscopus" e, em português bispo, isto é: o que tem a nobre missão, como autêntico sucessor dos apóstolos, de responsabilizar-se pela comunidade dos fiéis.

Hoje, quem escolhe e nomeia o bispo é o sucessor de São Pedro, o Papa. O eleito recebe a plenitude do sacramento da Ordem pela "keirotonia", isto é: imposição das mãos de três outros bispos e pela unção e oração consecratória. Há, pois, uma corrente genealógica ascendente, que chega até um dos doze apóstolos, do qual o bispo atual é verdadeiro sucessor.

Não fica pois, difícil entender que esta função de suceder a um dos doze apóstolos, função de superintender o rebanho de Cristo – "episkopein" – não pode ser usurpada. O despreparo teológico (ou ousadia) chega até a usar o termo no feminino!

A autoridade do bispo, sucessor dos apóstolos, vem da palavra de Jesus aos doze: "todo poder me foi dado no céu e na terra. Ide pois: batizai e ensinai que observem o que lhes ensinei." (Mt 28,19ss).

Triste saber que o termo que designa o poder espiritual de zelar pela Igreja, transmitido por Jesus Cristo aos doze apóstolos e, posteriormente aos sucessores, seja usurpado e vulgarizado, como vem acontecendo de algum tempo para cá. Esta explicação teológica da palavra "bispo" e sua função nos mostram que seu uso atual para designar qualquer líder religioso, não é apropriado e correto."


Dom Benedicto de Ulhôa Vieira é membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. (AF)

terça-feira

A falta de testemunho de muitos membros de pastoral que trabalham em nossas paróquias


           

Estando a frente de meu computador, resolvi dar continuidade a matéria que estamos estudando, e sendo assim, continuaremos falando a cerca da oração, dado tão importante em nossas vidas, mas agora, o foco será as tão lindas pastorais em nossa Igreja. A cada dia que passa o secularismo ateu vem dominando milhões de pessoas que se dizem cristãs no mundo. Se olharmos para dentro de nossas igrejas matrizes, capelas e grupos, vamos perceber que alguém nos abandonou ou simplesmente, deixaram a pastoral, movimento ou grupo que faziam parte na Igreja. O que passou com essas pessoas? Por que esfriaram na fé? Qual foi o motivo de não sentirem-se realizadas espiritualmente na vivência da fé católica? 


Se observarmos as respostas virão a dezenas e os sintomas serão fatos não só daquela pessoa que deixou de fazer parte do Corpo místico. E se deixarmos a preguiça e a hipocrisia de lado, os diagnósticos virão, também a dezenas. O que passa é que muitos grupos existiram na Igreja, grandes movimentos que ganharam adeptos nacionais, mas graças à falta de oração, de humildade por parte de seus idealizadores, por falta de assistência espiritual contínua do sacerdote; hoje não ficaram, nem se quer uma pessoa pra contar a história. Estão percebendo que o problema é tão fácil de se detectar, como se imagina? Hoje existem muitos movimentos, dentro da Igreja que estão no pronto socorro da fé. Podem fazerem exorcismos, orações de libertação de todos os tamanhos, que o problema não vão ser resolvidos. O que precisa é que todos que estão ligados as pastorais e movimentos na Igreja:

Sejam pessoas de oração;
Pessoas comprometidas pela causa do outros do mesmo grupo;
Que vivam a unidade na diversidade;
Que não procurem ver quem é sempre o melhor;
Que todos tenham vez e voz para assumir ou se comprometerem com a causa assumida;
Que deixem de revisarem a vida dos outros e comecem a trabalhar um método de revisão pessoal e muito particular, á luz da palavra de Deus para cada um;
Que os encontros não sejam somente para debaterem problemas, como, mexericos e econômicos do grupo;
Que cada pastoral sejam verdadeiros grupos de oração e que cada membro seja um intercessor um dos outros;
Que a unidade com o seu pároco seja tão perfeita que tudo o que ocorrer de especial na paróquia ou diocese, o meu grupo participe e bem participado. Falo isso, porque encontramos em todas as paróquias um grupo que quer caminhar a seu próprio modo, do seu próprio jeito, e o pior de tudo: grupos que nem da Missa querem participar. Se a Eucaristia é a ação de graças na unidade, por que não unir-se para celebrar-la? Encontrai na Eucaristia, sacramento da unidade e da comunhão, a força para superar as dificuldades que vossa Igreja experimentou nos últimos anos para achar os caminhos do perdão, da reconciliação e da comunhão. É a Eucaristia que funde nossas diversas pastorais na unidade do único Espírito, fazendo delas uma riqueza para todo o povo de Deus. A Eucaristia é o pão de vida que nutre vossas comunidades e as faz crescer na unidade e na caridade;
É obrigatório em todas as pastorais e movimentos, o estudo do Catecismo da Igreja Católica, da Bíblia e da Liturgia, para serem verdadeiramente, uma pastoral da Igreja. Sua pastoral estuda tudo isso? Você já se perguntou o porquê da Igreja usar imagens, de os padres não se casarem, de nós não crermos na reencarnação, de nós termos a Eucaristia, de nos batizarmos, quando criança, etc. e as outras não? Então está na hora de sua pastoral iniciar o estudo que ela está precisando para saber dar razão de sua fé;
Você sabia que sua pastoral deve ser missionária, assumindo um campo de missão na Igreja, seja ela na comunidade local, num grupo, numa ONG ou ela mesmo criar sua missão e apresentar ao seu padre para a aprovação eclesiástica. Se não está ainda nesta idéia que Igreja nos apresenta, já está passando da hora de você iniciar-la.

            Enfim, são muitas coisas que nossas pastorais necessitam e por isso elas muita das vezes não caminham ou não vão à frente. O problema não é o padre, nem o coordenador que monopoliza a pastoral, mas o problema está em você que faz parte desse grupo. Muitas das vezes deve ser que encontremos um irmão nosso que precisam ser renovado na fé. Não importa a idade. Encontramos pessoas de 20 anos com uma fé e visão de pessoa de 200 anos. E pessoas de 200 anos com a fé e visão animadora, renovada e linda de pessoa de 20. Todos querem colocar a culpa no outro, mas, ninguém quer levar a culpa. Não é verdade? 

            O que passa é quem muitos grupos na Igreja, vivem com deficiência e ficam colocando a culpa nos outros, sendo que, são eles mesmos a deficiência. A oração é o remédio de todos os males e a Eucaristia é a restauração de todos os membros das pastorais. Cuidado! Que a língua é o termômetro da alma. Se existem membros que falam de um aos outros, é porque lamentavelmente esse (a) coitado (a) precisa rezar mais. Para essas pessoas, Cristo ensina e entrega três chaves para abrirem os olhos da fé: a oração com meditação, o jejum e a caridade.

            Falamos dos membros das pastorais, mas queremos também mostrar a realidade que cada sacerdote é convidado a viver em sua vida ministerial. Por isso eis o tema:

A teologia ascética, necessária para o sacerdote e para os fiéis na vida da Igreja

Tem o sacerdote, o dever de santificar-se a si próprio e de santificar a seus irmãos. E por esta nobre razão, está obrigado a estudar a ciência dos santos. O sacerdote está obrigado não somente a aspirar à perfeição, senão também a possuir-la no mais alto gral, que o simples religioso. É coisa que demonstraremos mais adiante com razões de Santo Tomais. Mas, o conhecimento da vida cristã e dos meios que contribuem a perfeição é normalmente necessário para chegar à perfeição. Esse estudo é ainda mais necessário em nossos tempos: vivemos verdadeiramente em meio de uma atmosfera de dissipação, do racionalismo, do sensualismo que cala até os ossos, a multidão da almas cristãs e se entra ainda no santuário. Então a santificação das almas está aos sacerdotes confiados. Isto é fato, pois ainda podemos encontrar nas nossas paróquias, algumas almas escolhida que Deus a perfeição, as quais, se forem bem dirigidas, ajudarão ao sacerdote no exercício de seu apostolado com suas oração, seus bons exemplos e com miles de bons ofícios. Sempre poderá formar algumas que escolha dentre as crianças que vão ao catecismo. Para levar a cabo a obra de tamanha importância e importante que o sacerdote seja um bom e santo diretor para conhecer a fundo as regras ditadas pelos santos e que estão nos livros de espiritualidade; sem lê, carecerá da aflição e condições necessárias para a arte tão difícil de formar as almas.

A utilidade da teologia ascética
Muitos podem agora perguntar: qual é a utilidade dessa tal teologia ascética para mim? Posso responder com todo o coração; serve para avivar e manter o desejo de perfeição e para adquirir o conhecimento da natureza da vida cristã e os meios para fazer-la perfeita. E aqui podemos perguntar: quantas almas não sentiram fortemente impulsionadas para a perfeição quando leram a Imitação de Cristo, o Combate Espiritual, a Instrução á vida devota, a Prática do amor de Deus, o Caminho da oração, As Glórias de Maria, o Tratado a verdadeira devoção a Santíssima Virgem Maria, etc.? Por isso que grandes e santos homens se destacaram nessa matéria, quando falamos de leituras espirituais. Por exemplo: muitos padres gregos e latinos mais ilustres, S. Atanásio, S. Cirilo de Alexandria, S. Agostinho, S. Hilário; os grandes teólogos da Idade Média, Ricardo de S. Victor, S. Alberto Magno, S. Tomais de Aquino e S. Boaventura cuidaram de fundar suas doutrinas espirituais sobre os dogmas da fé e referir a eles as virtudes cuja natureza e graus expõem. Fez assim especialmente a Escola francesa do séc. XVII, com Bérulle, Condren, Olier, J. Eudes, etc.

A ciência infusa
Não temos nossos direitos a ela por nossa natureza, porque é própria dos anjos; a ciência não podemos conseguir-la, senão progressiva e dificilmente, segundo as leis psicológicas. Mas, para que o homem pudesse facilmente cumprir seu ofício de cabeça e educador do gênero humano, concedeu-lhe Deus gratuitamente, o conhecimento infuso de quantas verdades lhe convenia saber e certa facilidade para adquirir a ciência experimental: acercando-se assim aos anjos.

A imortalidade corporal
Por sua natureza, está o homem sujeito a enfermidade e a morte; mas, por uma providência especial, foi preservado desta nobre fraqueza, para que pudesse a alma dedicar-se com maior liberdade ao cumprimento de seus deveres mais excelsos. Todos esses privilégios tinham por fim preparar ao homem para receber um dom muito mais precioso, inteira e absolutamente sobrenatural, a graça santificante e para fazer bom uso dela.
Por sua natureza é o homem servo de Deus, coisa e propriedade sua. Por uma insigne bondade, que nunca poderemos agradecer a altura, quis Deus dar-lhe entrada em sua família, adotar-lhe por filho, fazer-lhe seu participante herdeiro, guardando-lhe um posto em seu Reino; e para que esta adoção não fora uma simples formalidade, lhe comunicou uma participação de vida divina, uma qualidade criada pela que poderia desfrutar na terra das luzes da fé, muito superiores as da razão. E possuir a Deus no céu pela visão beatífica e um amor proporcionado a claridade desta visão. Isso nós podemos ver na própria Palavra de Deus que diz: “Na casa de meu Pai há muitas moradas, se não fosse assim... eis que vou preparar-vos um lugar....” (Jo 14, 1-4)

As três vias
Comentei aqui das três vias que a alma devota deve passar para chegar preparado ao encontro definitivo com Deus. A primeira via chamamos de: purgativa.
O que seria essa via purgativa?      
É justamente a purificação que deve acontecer durante a nossa caminhada na Igreja. Deixando os velhos hábitos, os maus costumes, os maus pensamentos e o que está acima de tudo, a luta constante e travada para a mudança radical de vida, direcionada sempre para o espiritual. Uma das grandes cartilhas que o interessado é convidado a ler é As moradas de S. Tereza e A Ciência da Cruz de S. Edith Stein. São livros maravilhosos para uma leitura espiritual e renovadora.
O que é a via iluminativa?
Depois que a alma se purificou de suas faltas passadas por meio de uma larga e penosa penitência, segundo o número e a gravidade de seus pecados; quando já está forte na virtude pelo exercício da meditação, da mortificação e pelo vencimento das más inclinações e das tentações, entre a via iluminativa. Chamasse assim por consistir especialmente na imitação de Nosso Senhor por meio da prática positiva das virtudes cristãs; e ser Jesus a luz do mundo e porque, quem segue, não caminha nas trevas (Jo 8, 12).
O que é a via unitiva?
Logo que estamos se purificado nossa alma e logo temos adornado com o exercício positivo das virtudes, já estamos dispostos para a união habitual e íntima com Deus, ou seja, para a via unitiva.
Assim a Santíssima Trindade, pois, concorre a nossa santificação de duas maneiras: vem morar em nossa alma e produz nela um organismo sobrenatural que sobrenaturaliza a alma para que possa fazer atos deiformes.  Sendo a vida cristã uma participação da vida mesma de Deus, é evidente que só Deus pode comunicar-la. Ele nos comunica, colocando sua morada em nossas almas para que podemos adorar-lhe, gozar de sua presença e deixar-nos governar por ela com docilidade e assim exercitarmos na imitação dos exemplos e virtudes de Jesus Cristo; isto os teólogos chamam de graça incriada

domingo

Homilias da Semana Santa








Domingo de Ramos



Queridos irmãos!
Hoje nos reunimos para celebrar a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. E para que ele entrou em Jerusalém? Para fazer cumprir toda a profecia do Antigo Testamento. Entra em Jerusalém para pagar com a própria vida, a nossa libertação do inferno! O pecado fere profundamente o Coração de Deus, pois o homem não foi feito para o pecado, mas por sua livre vontade, escolheu desobedecer ao seu Criador. E a consequência dessa desobediência foi à condenação a morte. O homem longe de Deus chega a sua verdadeira realidade, dar-se conta que é pó e para o pó há de voltar. Foi isto que meditamos na quarta feira de cinzas, dando assim, a abertura do tempo quaresmal.
Recordemos que Deus nos fez à sua imagem e semelhança. E, uma das características dessa nossa semelhança com Javé, é a imortalidade da alma. Deus não morre, Ele é Eterno! Se somos imagem dEle, também nós não morremos, somos eternos. Agora, devemos examinar a nossa consciência constantemente; mudando algumas atitudes de morte (de pecado) que trazemos dentro de nós, que colaborará tanto para a vida, como para a morte.
Dentro de nós há uma guerra constante, onde podemos dizer que é a luta do bem e do mal, ganha essa batalha, àquele de alimentarmos mais. Por isso que a quaresma é importante em nossa vida. É um tempo que a Igreja nos apresenta para fazer uma faxina dentro de nós, para melhorarmos em alguma coisa. Já dizia Santo Agostinho: “Triste do homem que não repensa a sua vida e não muda”. Então, é por isto que estamos aqui neste momento. Para colocarmos a Palavra de Deus em nossa consciência, e assim vermos em que precisamos fazer diferente.
A quaresma que fizemos, nos lembrou o retiro que Moisés realizou com o povo de Deus, caminhando por 40 anos à terra prometida; nos lembrou o jejum de 40 dias que fez o profeta Elias; e os 40 dias de tentação e deserto que Jesus passou antes de sua Paixão.
Estamos hoje no domingo de ramos da semana santa, é a semana mais importante do ano, por isto que a chamamos de santa, porque ela coloca freio em nossas atividades (trabalhos) para refletirmos, revivermos, fazermos memória ao ato de libertação nossa, feita por Jesus Cristo, no seu sofrimento e morte de Cruz.
O domingo de ramos nos faz reviver a entrada de Jesus em Jerusalém, perto da celebração da Páscoa. Jesus entra na cidade rodeado por uma multidão em júbilo. Podemos dizer que as expectativas de Israel sobre o Messias chegaram ao ápice naquele dia. Eram expectativas alimentadas pelas palavras dos antigos profetas e confirmadas por Jesus de Nazaré com seus ensinamentos, e, especialmente, com os sinais que tinha realizado. Aos fariseus, que interpelaram Jesus no meio da multidão pedindo que repreendesse os seus discípulos, Jesus respondeu: “Eu vos digo, se eles se calarem, as pedras gritarão” (Lc 19, 40). Neste caso, fazia referência às paredes do templo de Jerusalém, construído de frente para a avenida do Messias e, reconstruído com grande esmero depois de ter sido destruído quando da deportação para a Babilônia. A lembrança da destruição e reconstrução do templo ainda estava viva na consciência de Israel, e Jesus fazia referência a isto quando afirmava: “Destruí este templo, e em três dias eu o levantarei” (Jo 2, 19). Da mesma forma como o antigo templo de Jerusalém tinha sido destruído e reconstruído, assim também, o templo novo e perfeito do corpo de Jesus deveria morrer na cruz e ressuscitar ao terceiro dia.

           A primeira leitura nos apresenta o servo de Javé que se oferece com generosidade aos insultos e cusparadas. É uma prefiguração do Cristo que passou por tudo isto da Quinta a Sexta feira Santa (primeira leitura). Na epístola aos Filipenses, Paulo apresenta uma reflexão profunda sobre a humilhação de Cristo, que chega até uma obediência de morte e morte de Cruz (segunda leitura). Era necessário que o Cristo sofresse para que assim entrasse na sua glória (Lc 24, 26).
Esta semana nos ajuda a compreendermos que Jesus foi rejeitado pelo seu povo, onde não se importaram com o valor de sua Palavra, levando-O a morte. Mas ele não ficou na morte, Ele ressuscitou!
Hoje, acontece a mesma coisa. A sociedade está tirando Deus de sua vida. Estão tirando Deus da família, da escola, do trabalho e da política. A consequência dessa rejeição estamos vendo; tudo está comprometido. Sem Deus nada progride, sem Deus tudo é destruído.  Inclusive a família. Cristo para muitos é um produto que eu encontro nas prateleiras das seitas, grupos religiosos, igrejas e templos, onde quem paga, recebe a melhor parte, mas não é assim. Ele está em cada batizado que pertence a sua Esposa, que é a Igreja Católica, pela qual derramou todo o seu sangue.
Nesta semana, vamos rever o sofrimento de Cristo, causado pelo peso de nossos pecados, para abrir as portas da Salvação a todos nós.
A procissão que fizemos hoje, simboliza que nós Igreja Militante, estamos caminhando a espera da segunda vinda gloriosa de Jesus, vinda esta que há de marcar o fim dos tempos e o aperfeiçoamento final das criaturas na Eternidade.
Os ramos que trouxemos nas mãos é o troféu de Vitória de Cristo, Rei e Pacífico que os mártires levam nas mãos. É os ramos verdadeiros que nos recordam que, Jesus é a Arvore e nós, somos os ramos dessa arvore.
 Esta semana é o coração do mistério da salvação. Quando Jesus entra em Jerusalém, já sabe que o júbilo da multidão o introduz no coração do “mistério” da salvação, que é o mistério da morte e ressurreição, mistério de dar a vida para resgatá-la de novo. Jesus é consciente de ir ao encontro da morte e de que não receberá uma coroa real, mas uma de espinhos. Não se engana quando vê multidão que o aclama. No seu olhar e no seu coração, a glória do Pai e a salvação dos homens através do seu sacrifício está presente.
Ele é o Messias, mas o modo de salvar o seu povo é diferente daqueles que os homens poderiam ter pensado. Repito, as leituras da celebração de hoje fazem referência ao sofrimento do Messias até o ponto culminante da paixão. Este mistério de dor e de amor insondável é proposto pelo profeta Isaías – considerado como o evangelista do Antigo Testamento – e pelo salmo que acabamos de rezar: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Sal 21, 2). Devemos ter os mesmos sentimentos de Cristo para saber morrer. Saber morrer nas pequenas batalhas de cada dia; saber morrer para a desordem, para a busca da própria glória, para passar a procurar sempre Deus e o seu plano de salvação; saber morrer nos sofrimentos de cada dia; saber morrer nas limitações que a idade impõe, nas penas da vida, dos sofrimentos físicos e morais. A contemplação de Cristo sofredor nos convida a suplicar ao Pai, que misteriosamente quis a humilhação para o seu Filho, que nos conceda a graça de ter sempre em mente o ensinamento da sua paixão, para participarmos assim da sua ressurreição (oração coleta).





Quarta-feira Santa


            Domingo passado revivemos com nossa caminhada, a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, para com essa entrada, entregar-se aos juizes religiosos da época para morrer por nós.
Mas, hoje somos convidados a refazer uma revisão daquilo que fomos aprendendo a cada domingo que passamos nesta quaresma:
            No 1° Domingo da quaresma, a liturgia nos apresentou a tentação de Jesus, como também os remédios para resistir às nossas. Sendo estes remédios: o jejum, a caridade e a oração.
            No 2° domingo, vimos a transfiguração de Jesus e o desejo de Deus, que é de salvar a todos nós, entregando-nos os meios necessários para que isto aconteça. Sendo como o primeiro ponto de partida, a renuncia do mundo.
            No 3° domingo, Jesus matou a sede da samaritana no poço de Jacó com seu amor e quer com a sua Palavra nos saciar também.
            No 4° domingo, Jesus curou um sego, significando que Sua voz ouvida, tira toda a cegueira que o pecado nos colocam. As vezes já estamos tão acostumados com o pecado que, pensamos que o pecado que fazemos não é pecado. Deus quer curar-nos dessa cegueira. 
No 5° domingo, Jesus ressuscitou a Lázaro. Para esta ressurreição, Santo Agostinho ensina:
“Jesus realizou tres ressurreições; a 1° foi a da filha de Jairo – ela estava em casa – significa os pecados dos maus desejos e os demais pecados internos; a 2° foi a do filho da viúva – no caminho para o cemitério significa os pecados cometidos em atos, a mentira, o roubo, a fofoca, etc.; a 3° foi a de Lázaro – já estava enterrado, podre – significa a cura dos vícios, da morte espiritual”. Mesmo que digam que não tem mais jeito, o Senhor cura, salva e liberta.
            Hoje, a liturgia nos apresenta em Isaias, a profecia de que Jesus seria flagelado e humilhado, mesmo sendo Deus. Já no evangelho de Mateus, vemos a instituição da Eucaristia, que é para nós hoje, a vida da Igreja. Amanhã trataremos com mais dignidade sobre este grande tesouro que temos, a Eucaristia.
            O que a Igreja que nos ensinar hoje, é que não se pode fazer a Deus coisa mais agradável, que apresentar-lhe os méritos da Paixão de Jesus, para que nos perdoe os pecados e nos conceda as graças que necessitamos. A Paixão do Senhor deve ser não somente meditada, mas também sentida mediante sincero arrependimento dos pecados; é preciso queridos irmãos, a todo o custo, arrancar do próprio coração o pecado, que foi o algoz de Cristo, o que mais doeu Nele, por nossa culpa.
            Para isto, vamos olhar os Tesouros que Deus nos entregou, que são os seus Sacramentos. Estes, são sinais eficazes e sensível da Graça, instituído por Jesus Cristo para a santificação dos homens. Sem os Sacramentos é impossível uma pessoa ser salva, diz a Palavra de Deus: “Quem Crer e for Batizado, será salvo. Quem não crer, será condenado” (Mc 16, 16). Percebam que Fé e Batismo fizeram parte da pregação dos Apóstolos e da Grande Ordenança de Jesus. Quer dizer, é eu acreditar (viver minha fé na Igreja, viver meu Batismo), no mundo que me levará a receber aquilo que me é de direito pelo Batismo: a Salvação.
            Porque, então, o Batismo? Assim como a Cruz, o batismo foi instituído por Jesus para a Igreja Católica como símbolo. Símbolo exterior de uma revolucionária transformação interior que deve ser renovada a cada ano na Páscoa.
            O católico que não vive à semelhança de Cristo, desonra o batismo e desonra seu Mestre. O batismo por si só não salva, mas a vivência sincera de um batizado convicto pode induzir pessoas à salvação, pela fé em Cristo. É para isto que serve a vida dos santos na Igreja. Ao ser batizado, aquele que crê dá testemunho de que morreu para o mundo e ressuscitou para Deus. Aquele que se submete ao batismo meramente por conveniência social, menos preza o poder da fé em Cristo e entrona o símbolo no lugar do simbolizado, será condenado.
            Hoje á tarde começou o tempo de trevas, com que nestes dias a Igreja celebra de algum modo, as exéquias do Senhor. Chama-se de trevas porque era neste dia que apagavam todas as luzes da igreja, cobria as imagens, deixando transparecer somente a imagem do Cristo flagelado. Vamos pedir a Deus que nos dê os mesmos sentimentos de Nossa Senhora para acompanhar a Jesus nestes passos que ele quer fazer em nossa vida. Ninguém neste mundo, soube como Maria viver dos mesmos sentimentos de Cristo Jesus. Amém.






Quinta feira Santa


 
Hoje, Quinta Feira Santa, iniciamos a celebração do Tríduo Pascal. Estamos celebrando o Mistério Maior de nossa fé. A Quinta Feira Santa antecipa e vive o Mistério dos três dias de maneira sacramental, como fez Nosso Senhor Jesus Cristo e mandou que fizéssemos o mesmo. É o mistério da tragédia e o mistério da festa,  que chamamos de Mistério Pascal! A Imolação do Cordeiro Pascal e a Vitória do Cordeiro sobre o pecado e a morte! Mistério que dá sentido e força à nossa vida, vida de dor, de esperança e de vitória. Vida de dor porque ela é uma realidade dura na história do novo Povo de Deus, quando experimentamos as consequências do pecado, ou o próprio pecado a nos levar à tentação do desânimo e desolação.
Hoje, a Igreja, mesmo pensando e se compadecendo da Morte temporária de Jesus, para alegrar-se com Ele na sua Ressurreição no domingo próximo, celebra a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio. São estas duas instituições o nosso Tesouro, Pérola que Jesus entregou a sua Igreja antes de sua Paixão, para que após a sua gloriosa Ressurreição, a Igreja continuasse a fazer memória, a tornar real e atual este Mistério. Eu vos pergunto: Que valor estamos dando a Eucaristia e ao Sacerdócio? Estamos rezando pelos padres, para que eles sejam santos e nos santifiquem? As vezes só queremos que o padre venha a nós, mas não queremos e nem apoiamos que um jovem saia de nossas casas para ir ao seminário. 
Se soubéssemos o valor da Eucaristia, as nossas igrejas todos os dias estavam lotadas. Pois a ela não tem valor nenhum aqui na terra, que pague a sua Riqueza. A Eucaristia é nosso Tesouro. Hoje queremos agradecer a Deus por esses dois presentes que ele nos deu: a Hóstia Consagrada e o ministério sacerdotal. Na Hóstia, Cristo vem a nós; no Sacerdote, Cristo de manifesta no meio de nós! Não existe Eucaristia sem Sacerdote, nem Sacerdote sem Eucaristia.
 Quinta-feira Santa é um convite para fazermos da Eucaristia o centro da nossa vida. É um convite para participarmos da missa dominical todas as semanas “lembrando-nos das maravilhas que Deus fez por nós”. É um convite para irmos, sempre que possível, fazer uma visita ao sacrário e conversar com Cristo, que está real, verdadeira e substancialmente presente no sacramento do altar.
Na Eucaristia, cheio de graça e de verdade, Jesus Cristo ordena os costumes, forma o caráter, alimenta as virtudes, consola os aflitos, fortalece os fracos, convida à sua imitação todos aqueles que se aproximam dele; e enche os sacerdotes de graças para incrementar a santificar o Corpo Místico.
Vimos na leitura do Evangelho que Cristo lava os pés dos discípulos, com este gesto de humildade ensina-os o dom do serviço, dizendo: se quisermos ser grandes no Reino dos Céus, temos que o servidor de todos. Isto é difícil para muitos hoje, pois vivemos em uma sociedade marcada pelo poder, pela facilidade e pelo comodismo. Descer e servir o outro é sinal de humilhação para muitos. Jesus insiste: tem que servir aos demais, tem que sofrer aqui na terra, para descansarmos eternamente em Deus.
Só imitando o gesto de Jesus é que seremos realmente amados por Deus. Lembremos aqui de tanto irmãos nossos, que entenderam esta mensagem: Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Padre Eustáquio, Padre Mariano de la Mata, Santa Paulina, Santo Antonio Galvão e tantos outros de nosso tempo. 
Hoje, em todas as igrejas católicas do mundo, se inicia o Tríduo Pascal com a transladação do Santíssimo Sacramento, que vamos fazer após a comunhão. Vamos com Jesus ao monte, vamos acompanhar-Lo em sua dor por nós. Contemplando nesta tarde o mistério do amor que a última Ceia volta a nos propor, também nós, somos convocados a permanecermos em comovida e silenciosa adoração até o Sábado Santo.




Sexta feira Santa


Sexta Feira Santa ou simplesmente da Paixão e Morte de Jesus. Somos levamos a contemplar e vivenciar o mistério manifestado por causa da iniquidade humana na pessoa de Jesus sim, mas e, sobretudo o mistério do Seu triunfo definitivo. O rito da apresentação e adoração da cruz vem como consequência lógica a proclamação da Paixão de Cristo. A Igreja ergue diante dos fiéis o sinal do triunfo do Senhor, que havia dito: “Quando vocês levantarem o Filho do Homem, saberão que Eu sou” (Jo 8, 28).
Nós não vamos adorar a cruz, como o sentido da palavra dar a entender, mas o nosso gesto de beijar a Cruz, perpassa a cruz como objeto, chegando ao seu fim último que é Jesus Cristo Nosso Senhor.
Por que vamos em gesto de adoração a Cristo beijar a cruz?
Porque foi a cruz o instrumento escolhido por Nosso Senhor, para ser a lenha posta sobre o Altar do Cordeiro que é o próprio Jesus, onde a Oferenda e o Ofertante foi Ele mesmo. Então, a Cruz é o canal que vamos usar para manifestar a nossa adoração e gratidão a Deus pena sua entrega total por nós.
            Especialmente neste dia em que estamos aqui, imprimamos nas chagas sacrossantas de Jesus o beijo de nosso mais vivo arrependimento, do mais ardente amor, da mais sentida gratidão e do mais firme propósito para uma vida sempre mais cristã.    
A Cruz foi-nos entrando, ao longo da última quaresma, pelos olhos dentro, atravessando, como dor e amor, o nosso próprio coração. Recordamos, então, como, num texto de singular densidade, São Paulo nos diz que a Cruz é “Cristo exposto por escrito diante dos nossos olhos” (Gal. 3,1). A Cruz tornara-se assim uma “palavra” silenciosa e eloquente do amor, que fala por si de Deus e de nós; uma espécie de filme dobrado, de uma paixão onde vemos a Deus e nos vemos a nós; um “espetáculo de amor” destinado a fazer-nos bater no peito e a converter as nossas vidas (Lc.23,48).
Naquela sua poderosa impotência, o Crucificado, esse Servo de Deus humilhado, é a parábola que nos faz ver, até aonde a simples vista não alcança: faz-nos ver, por um lado, bem dentro de nós, a crueza da nossa violência e malvadez; por outro lado, faz-nos ver n’Ele, no Crucificado, a beleza da força subversiva e nova do amor e do perdão de Deus. Digo de outro modo: O Crucificado releva, por um lado, a debilidade e a culpa do homem e, por outro, o verdadeiro poder de Deus, ou seja, a gratuidade do seu amor incondicional e invencível por nós: precisamente esta total gratuidade do amor, este amor sempre dado, mesmo se não amado, é toda a sabedoria e poder de Deus.
O Crucificado é sabedoria e poder de Deus, porque manifesta verdadeiramente quem é Deus, ou seja, o poder imenso do seu amor, que vai até à Cruz, para salvar o homem.
Pois bem, “a séculos de distância, nós vemos que, na história do mundo, venceu a Cruz e não a sabedoria, que se opõe à Cruz. Deus serve-se de modos e instrumentos que, à primeira vista, nos parecem tão débeis e frágeis. E isso diz-nos, com toda a clareza e beleza, que podemos encontrar a nossa força, precisamente na humildade do amor. Podemos encontrar a sabedoria, naquele amor, que nos torna frágeis, naquele amor, capaz de renunciar a si mesmo, para nos fazer entrar assim na força de Deus (Bento XVI), fiados na sua graça”.
Meus queridos irmãos e irmãs: Anunciar hoje a morte de Jesus não tem qualquer sentido fúnebre. Não é anunciar o sofrimento dorido ou a coragem do herói, tão-pouco a resignação de um vencido, ou, no lado oposto, qualquer combate sangrento pela fé contra a impiedade dos homens. Trata-se hoje, apenas de anunciar a soberana novidade desta dádiva incessante da vida, por amor, e a todos sem exceção.
Doravante, devemos formar a nossa vida sobre esta verdadeira sabedoria: não viver mais para nós mesmos, mas para os outros, por amor daquele, de quem todos nós havemos de dizer, como São Paulo: Amou-me e entregou-se por mim! (Gal 2,20) na Cruz, assim e até ao fim.


Sábado Santo


Meus queridos irmãos e irmãs,
Durante todo o tempo da Quaresma, a Igreja foi nos preparando com orações, encontros nas casas, celebrações nas comunidades e as Vias Sacras, fazendo com todos estes momentos paralitúrgicos o convite a mudarmos de vida e a praticarmos as obras de caridade e jejuns, para esta “Santíssima Noite”.
Tudo nos trouxe para esta noite, deste Sábado Santo. Toda a Liturgia de hoje, nas suas orações e preces, faz menção a esta “noite”.
E a palavra “noite” aparece 14 vezes em toda a Liturgia. Segundo as regras da interpretação quando num texto ou dentro de um contexto uma mesma palavra vem repetida várias vezes, quer dizer ela é a chave de interpretação de todo o texto ou contexto.
            Dai a pergunta: “que tem de especial esta ‘noite’? Que tem de diferente a noite de sábado, que a liturgia chama ora ‘santa noite’, ora ‘ santíssima noite’?
            O grande hino pascal que cantamos logo à chegada ao altar com as nossas velas acesas, o “Pregão Pascal”, o anúncio público, alegre e vitorioso, dá resposta, diz-nos qual é a importância para nós desta “noite santíssima”.
Esta “santa noite” faz memória daquela noite em que, aos nossos pais, filhos de Israel, foram libertos por Deus do cativeiro do Egito. A pé enxuto os fez atravessar o mar vermelho. A leitura do Êxodo relembrou-nos o grande evento da libertação dos filhos de Israel da terra do Egito. Deus por amor e mantendo-se fiel ao seu juramento feito a Abraão, Isaac e Jacob, vendo a opressão do seu povo, decide-se em libertá-lo. Naquela noite o anjo exterminador passou pelas terras dos Egito e matou todos os primogênitos dos homens e dos animais, deixando com vida aqueles dos filhos de Israel. Serviu de sinal o “sangue” dos cordeiros colocados nos umbrais das portas. Hoje Deus nos quer libertar do pecado, não com o sangue de touros ou cabritos, mas com o sangue do Cordeiro Inocente, Jesus Cristo. Para ser estrondosa e definitiva a vitória do Senhor sobre Faraó, Deus afoga no mar vermelho os valorosos combatentes do Egito que perseguiam o seu povo. Atravessando o mar vermelho a pé enxuto, o Povo de Deus passa definitivamente da casa da escravidão para a terra da promessa, onde mana leite e mel.
Esta noite é santíssima porque faz memória daquela “noite em que destruindo a prisão da morte, Cristo se levanta vitorioso do Túmulo”.
Hoje é o dia da Páscoa do Senhor, a vitória de Jesus sobre a morte:
por que motivo procurais entre os mortos Aquele que está vivo? – perguntam os anjos às mulheres – Não está aqui! Ressuscitou”.
Não se trata de uma vitória parcial, provisória; é uma vitória total, definitiva e gloriosa. Cristo se levanta do túmulo e com a sua ressurreição são confirmados os desejos mais ardentes do homem de ver a morte despedaçada; aquela morte que dissolvia ‘no nada’ todas as esperanças e sonhos do homem. Jesus morrendo destruiu a morte e ressuscitando restaurou a vida, dando outro sentido, outro rumo a nossa vida, vivemos, “não já para nós próprios, mas para Ele que por nós morreu e ressuscitou...”.
Esta noite faz memória daquela “noite que através de Jesus o mundo inteiro foi introduzido na liberdade de Cristo, tendo força para ser livre dos vícios do mundo e da cegueira do pecad;, para os restituir à graça e fazer participantes da santidade”.
Cristo morreu e ressuscitou por nós, restituiu-nos à vida. Como outrora Deus interveio para libertar o seu Povo da casa da escravidão, hoje também Cristo passa e quer libertar-nos a nós, aqui da cidade de (falar o nome do lugar); quer tirar-nos do abismo da morte para a vida verdadeira. Cristo passa também por nós para nos libertar dos nossos vícios. Quer restituir-nos à graça e fazer-nos santos como nosso Pai Celeste é Santo. Quais são estes vícios que se opõem à vida que Cristo com a sua morte e ressurreição inaugurou? Nesta noite da vigília pascal Cristo Ressuscitado passa também pela nossas casas e pelas nossas famílias e nos quer libertar daquilo que é a origem de todos os males: a inveja, que não nos deixa amar e sermos amados. Ela é a mãe de todos os vícios e a origem de todos os pecados.
Esta Noite Santíssima é, finalmente, a noite de graça que “os crimes afugenta, as culpas apaga, aos pecadores restitui a inocência, aos tristes a alegria”. É a noite batismal, deste sacramento que nos cancela a culpa original e outros pecados atuais, que torna filhos de Deus, membros de Cristo e da Igreja.
Aquela água regenera-nos para Deus, em novas criaturas, passamos da morte do pecado para a vida da graça.
Nesta noite louvamos e agradecemos a Deus que na Igreja hoje, da fonte batismal, são gerados novos filhos adotivos. Nesta noite também nós fazemos memória do nosso batismo e queremos mais uma vez, com o coração iluminado com a graça do Senhor Ressuscitado, renovar as nossas promessas batismais: renunciando a tudo quanto nos impede a ser verdadeiros cristãos e prometendo adorar unicamente a Deus Pai, Filho e Espírito Santo.
Meus irmãos, eis a mensagem que eu vim aqui a esta comunidade, em nome de Cristo, neste dia do Senhor por excelência para transmitir-vos: “se ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto”. Procurar as coisas do alto significa, vivendo cá no quotidiano as fadigas do dia a dia, ter os olhos fixos, voltado para o Senhor Ressuscitado na esperança de encontrá-lo um dia na sua glória. Procurar as coisas do alto significa imitá-lo, Ele que passou cá na terra fazendo o bem e sanando a todos. Significa concretamente, como Ele procurar e fazer o bem a todos, em particular “aqueles que nos odeiam”; significa ter sentimentos bons e construtivos. E a paz que é o grande dom de Deus, a verdadeira paz, só se alcança e nela se persevera fazendo o “bem a todos”, estendo a mão da reconciliação e do perdão àqueles que nos ofenderam; respeitando o outro e aquilo que lhe pertence; respeitando e aceitando as diferenças políticas, religiosas e de proveniência dos outros.
            Cristo Ressuscitado é a nossa paz; Ele, com a sua morte e ressurreição, abriu-nos o caminho que nos conduz ao Pai; e abateu o muro que nos separava, tornando-nos irmãos uns dos outros e filhos do mesmo Pai. Procuremos, então no nosso dia a dia, as “as coisas do alto, lá onde se encontra Cristo Ressuscitado”.
Agora, vamos ficar de pés e renovar as promessas do nosso batismo, professando a nossa fé e renunciar as obras das trevas.


Domingo de Páscoa


Querido irmãos!
Hoje estamos celebrando a Ressurreição de Jesus, o dia dos dias, a verdadeira libertação de todo o povo de Deus. É a festa das festas, a solenidade das solenidades! A primeira e mais augusta, o dia do Senhor por excelência.
Jesus com sua morte não ficou dormindo ou apagado aos olhos humanos. Ele neste tres dias de silêncio para a humanidade que, chamamos nesta semana santa de Tríduo Pascal, desceu aos infernos para destruir as potências de satanás. Houve um grande reboliço nos infernos, pois neste dia, todos os demônios viram a glória de Deus. Jesus mostrou a eles com sua morte que, nenhuma condenação, nem escravidão de morte eterna, estariam com aqueles que estarão nEle.
Jesus foi atormentar àqueles que decidiram abandonar a Trindade no início dos tempos, quando aconteceu a rebelião dos anjos que se tornaram maus com Lúcifer. Foi quebrar as correntes que prendiam os primeiros homens, criados a Imagem e Semelhança de Deus. Neste dia, Adão e Eva foram libertos de sua condenação. O Senhor foi aos infernos para sentenciar a seus inimigos, foi para riscar do livro da condenação os nomes dos justos que terminaram suas vidas em uma perfeição incompleta.
É isto que celebramos neste dia! A Páscoa que quer dizer passagem. Por ordem de Deus, os hebreus a celebravam com maior solenidade, em memória de sua libertação do Egito e, dos milagres que operara o Senhor, mandando o anjo exterminador a imolar os primogênitos dos egípcios; até que o Faraó deixasse partir os Hebreus. O mesmo anjo do Altíssimo guiou-os, assinalando-lhes os passos com maravilhas, até á terra prometida a Abraão e a sua descendência, que já então formava nação numerosa, para sempre. O povo com sua libertação, foi convidado por Deus a ser um povo santo. Mas, o pecado do povo de Deus foi mais forte. Os sacrifícios já não Lhe estavam agradando, a idolatria tomava parte das vidas das pessoas, Deus já não era mais importante para eles.
Isto, estamos vendo justamente acontecer novamente nos dias atuais! O consumismo com todas as suas facilidades é o ídolo dominante da sociedade em geral, até para àqueles que dizem “ter fé”. Deus é um produto chamado de “necessidade da necessidade”.
Enquanto que esta realidade não começar a mudar em nossas famílias para serem atingidas no mundo, as consequências dos pecados do mundo sentiremos. Precisamos reintroduzir Deus sobre todas as coisas em nossa vida, em nossa família. Cristo não morreu para nada. Morreu para que, Ressuscitando, ressuscitemos com Ele para a Vida que não morre.
Então, Páscoa quer dizer libertação! Significa que ainda temos chances de receber aquilo que nos é de direito pelo batismo que renovamos ontem. Basta mudar de vida. Diz o Senhor em sua Palavra: “Não quero a morte do ímpio, mas que ele mude de conduta e vida” (Ez 18, 23). 
Para que isto aconteça, precisamos reconhecer a nossa dignidade de filhos de Deus e deixar ser conduzidos por Ele mesmo que Diz: “Agora, irmãos, pela misericórdia de Deus, eu vos exorto a vos oferecerdes como sacrifício vivo, santo e aceitável: seja esse o vosso culto espiritual. Não vos ajusteis a este mundo, e sim transformai-vos com uma mentalidade nova, para discernir  a vontade de Deus, o que é bom, aceitável e perfeito” (Rm 12, 1-2).
A Ressurreição de Jesus libertou a todos os homens desde sua origem até o seu término. Claro, esta libertação são para àqueles que querem estar em Deus. Não são todos os que serão salvos, mas os que querem ser salvos por Jesus.
Neste dia, Jesus mostrou quem Ele verdadeiramente É. Ele não é um simples filho de Deus, mas Ele é o próprio Deus. Sendo Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, não é menor em nada a Deus Pai e Espírito Santo.
Jesus é o Cordeiro de Deus, mas também é o Leão da tribo de Judá, Ele tomou nossas cadeias e nos libertou. Ele é a rocha da nossa vitória, nossa força em tempos
de fraqueza, uma torre em tempos de guerra. Basta reconhecer os benefícios que o Santíssimo Sangue de Jesus trouxe para os batizados.
Enfim, a Ressurreição de Jesus é a garantia e o penhor da ressurreição final de todos os justos, filhos da Igreja Católica, Esposa Virgem e sem mancha de pecado. A Ressurreição de Jesus nos deu a posse de Deus no Céu.
Em cada domingo, depois de hoje, vamos carregar baterias, encher de combustível o depósito da nossa alma. Junto de Jesus ressuscitado, que ficou conosco pelos tempos fora, na Eucaristia. Vamos encher-nos de energias para viver essa vida nova que nos trouxe pela Sua morte e ressurreição. Se ressuscitastes com Cristo – lembra-nos o Apóstolo – aspirai às coisas do alto, onde está Cristo sentado à direita de Deus.
Em cada domingo afinamos o rumo da nossa vida, para corrermos mais animosos em direção à meta que nos espera. Enchemo-nos de esperança e de coragem. Oferecemos os nossos trabalhos, as nossas penas e alegrias a Deus pelas mãos de Jesus.
Tocamos em Seu corpo, como os apóstolos, contemplamos as Suas chagas, reafirmamos a certeza de vencer com Ele o pecado e o demónio, nas tentações de cada dia, enchendo-nos da Sua força para levarmos uma vida de santidade.
Como aqueles cristãos no início de nossa Igreja que, na perseguição de Diocleciano, foram presos quando participavam na Eucaristia de domingo, também nós havemos de dizer: não podemos viver sem o domingo. Sem o dia do Senhor e, sobretudo, sem a Santa Missa, que é o centro de cada domingo, a nossa vida vai perdendo sentido e sabor.
Em alguns países o domingo é chamado o dia do sol. Os cristãos aproveitaram esse nome; porque Jesus é o verdadeiro sol que ilumina e aquece a nossa vida. O domingo é para nós o dia do Sol, que é Jesus Cristo ressuscitado.
O domingo é dia do descanso “Graças ao descanso dominical – lembra o servo de Deus João Paulo II na carta apostólica o Dia do Senhor, que vale a pena ler ou reler – as preocupações e afazeres quotidianos podem reencontrar a sua justa dimensão: as coisas materiais, pelas quais nos afadigamos, dão lugar aos valores do espírito; as pessoas com quem vivemos, recuperam no encontro e diálogo mais tranquilo a sua verdadeira fisionomia: As próprias belezas da natureza – frequentemente malbaratadas por uma lógica de domínio, que se volta contra o homem – podem ser profundamente descobertas e apreciadas (O dia do Senhor, 67).
Saibamos organizar os programas de domingo, evitando tudo o que pode afastar de Deus. Não deixando, por exemplo, que a preguiça, os programinhas de bebedeiras ocupe o primeiro lugar ou impeça de ir à missa, sobretudo aos mais novos. Os pais têm de estar atentos àqueles que por má fé ou por irreflexão ocupam com atividades desportivas as manhãs de domingo. E isto está a acontecer cada vez mais, por toda a parte de nossas cidades.
Como as Santas Mulheres, como os Apóstolos que foram correndo ao Túmulo para encontrar o Túmulo vazio, corramos também nós à nossas igrejas para Ouvir, Ver e Comungar o Senhor que repete o Sacrifício da Cruz em cada Santa Missa celebrada.
Que Deus nos ajude a melhor viver a nossa fé.

Autor: Côn. José Wilson Fabrício da Silva, OCRL