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quinta-feira

Carta aos Catequistas

     
Wisdom of Life

Catequese


A Coordenação Paroquial de Catequese,
Aos Catequistas,
Aos irmãos católicos de boa vontade.


A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo esteja sempre com cada um de vocês (II Cor 13, 13).

Quero dirigir-me a você catequista neste dia, para falar-lhe da importância que tem o seu trabalho em nossa comunidade paroquial. A sua missão de ajudar no processo de crescimento e amadurecimento da fé daqueles que a Igreja particular da diocese de Osasco lhes confia, sejam crianças, adolescente, jovens ou adultos tem um valor enorme, diante de Deus e dos irmãos.
Percebo que juntos, demos um grande avanço! Mas, infelizmente não conseguimos atingir a todos os catequistas da paróquia, como queríamos.
Qual foi o motivo que não pudemos alcançá-los? Não foi a falta de tempo, mas o fechamento que houve por parte de alguns, em não querer participar de nenhuma formação paroquial promovida pela coordenação paroquial de catequese. Eu fiquei sem entender, e fiz estas perguntas que hoje, no uso da liberdade fraterna, torno a público:


 Foi a falta de tempo que não permitiu que alguns catequistas não estivesse presentes em nossas formações?

 A nossa linguagem não ajudou os nossos irmãos a sentir-se membros da Igreja, gerando neles uma apropriação alheia de sua sala de catequese? Ou melhor: As crianças e os jovens foram catequizados segundo pede o Plano Diocesano de Catequese?

 Que material pedagógico catequético utilizam estes catequistas?

 De quem foi a falha? (da coordenação paroquial de catequese ou das pessoas que se intitulam “catequistas”, mas que caminham com suas próprias pernas, pensando que não precisam de nada, nem de ninguém?)

Fazendo estas perguntas, procurei refletir nestes últimos dias, sobre a ação evangelizadora da Catequese em nossas paróquias. Após levantar algumas questões, veio como fruto alguns pontos fundamentais que faço chegar a você por meio desta carta.


Boa leitura e até a próxima!

1. Ser catequista é colaborar com a graça de Deus e com o irmão na fé, para que ele assuma seu sim a Deus, e avance rumo à maturidade na Fé, na Esperança e no Amor. O primeiro catequista da diocese é o Bispo! Sobre seus ombros estão a responsabilidade de receber, alimentar e confirmar na fé todos os batizados da Igreja em sua diocese. Cada catequista é um colaborador direto do Bispo, depois do sacerdote em cada paróquia. Vejamos com atenção alguns números do DECRETO CHRISTUS DOMINUS SOBRE O MÚNUS PASTORAL DOS BISPOS NA IGREJA:.

2 Os Bispos, constituídos pelo Espírito Santo, sucedem aos Apóstolos como pastores das almas, e, juntamente com o Sumo Pontífice e sob a sua autoridade, foram enviados a perpetuar a obra de Cristo, pastor eterno. Na verdade, Cristo deu aos Apóstolos e aos seus sucessores o mandato e o poder de ensinar todas as gentes, de santificar os homens na verdade e de os apascentar. Por isso, foram os Bispos constituídos, pelo Espírito Santo que lhes foi dado, verdadeiros e autênticos mestres, pontífices e pastores.

n.12 No exercício do seu múnus de ensinar, anunciem o Evangelho de Cristo aos homens, que é um dos principais deveres dos Bispos, chamando-os à fé com a fortaleza do Espírito ou confirmando-os na fé viva. Proponham-lhes na sua integridade o mistério de Cristo, isto é, aquelas verdades que não se podem ignorar sem ignorar o mesmo Cristo. E ensinem-lhes o caminho que Deus revelou para ser glorificado pelos homens e estes conseguirem a bem-aventurança eterna, além disso, que as coisas terrestres e as instituições humanas no plano de Deus Criador se ordenam também para a salvação dos homens e podem, por conseguinte, contribuir não pouco para a edificação do Corpo de Cristo. Ensinem, por isso, quanto, segundo a doutrina da Igreja, valem a pessoa humana, com a sua liberdade e a própria vida corpórea; a família e a sua unidade e estabilidade, a procriação e a educação dos filhos; a sociedade civil, com as suas leis e profissões; o trabalho e o descanso, as artes e a técnica; a pobreza e a riqueza. Exponham, por fim, os princípios com que se hão-de resolver os problemas gravíssimos da posse, do aumento e da justa distribuição dos bens materiais, da paz e da guerra, e da convivência fraterna de 
todos os povos.

n.14 Vigiem que a instrução catequética, que se orienta a fazer com que a fé, ilustrada pela doutrina, se torne viva, explícita e operosa nos homens, seja cuidadosamente ministrada quer às crianças e aos adolescentes, quer aos jovens, quer até aos adultos: procurem que esta instrução seja dada segundo a ordem e o método que mais convêm não só à matéria de que se trata mas também à índole, capacidade, idade e condições de vida dos ouvintes, e que se baseie na Sagrada Escritura, na Tradição, na Liturgia, no magistério e na vida da Igreja. Procurem, além disso, que os catequistas se preparem devidamente, adquirindo perfeito conhecimento da doutrina da Igreja e aprendendo teórica e pràticamente as leis psicológicas e as ciências pedagógicas. Esforcem-se também por estabelecer ou organizar melhor a formação dos catecúmenos adultos.


2. O catequista recebeu um dom, uma vocação, um chamado de Deus, que não é apenas uma tarefa meramente de ensinar, de passar conteúdos doutrinais, mas de anunciar uma pessoa, Jesus Cristo, Filho de Deus vivo.

3. Entendamos que o catequista é alguém que foi seduzido pelo Senhor e se deixou seduzir (Jr 20, 7). Por isso procura viver sua proximidade e intimidade com Deus. É incoerente ouvir dizer que “é catequista” e não é uma pessoa de oração diária, confissão sacramental e leitura bíblica constante, missa dominical e comunhão eucarística.

4. Partindo da experiência apostólica dos primeiros séculos da era cristã, vemos que o catequista passou a existir, junto aos bispos e sacerdotes na vida da Igreja Católica. Ele era escolhido a dedo para instruir e ensinar, nas escolas paroquiais e catedrais, a Sã Doutrina aos catecúmenos e aos novos cristãos que, pelo batismo, iniciavam uma vida nova em Cristo (II Cor 5, 17).

5. Tomando esta consciência, o catequista, depois do Bispo, é aquele que faz ressoar a Palavra Libertadora de Deus nos corações das pessoas que receberam o primeiro anuncio.

6. O dado importante que podemos relembrar é todo catequista tem a obrigação de ser uma pessoa de fé, em busca de profunda espiritualidade, se deixa evangelizar e evangeliza mais exemplo que pela palavra. Ele vive num processo permanente de educação da fé faz da catequese uma fonte de espiritualidade, celebra, reza e canta a vida e os acontecimentos na presença de Deus.

7. O catequista é chamado a transmitir o amor de Deus para os catequizandos, seus familiares e para toda a comunidade, mostrando que Deus nunca nos abandona. A responsabilidade dele é ser uma pessoa exigente consigo mesma, procurando dar testemunho de vida moral e ética, sem vício algum, de fé, oração, espiritualidade, dedicação e compromisso, mostrando sem nenhum discurso barato que ele é o profeta do mundo de hoje.

8. É fato! Não existe o catequista perfeito, mas, ele vai se formando, vai adquirindo e desenvolvendo aptidões, qualidades humanas, práticas metodológicas, conhecimento, etc…, na medida em que ele persevera e compromete-se com a sua formação constante. É uma pessoa atenta a tudo o que acontece na Igreja: formação diocesana, paroquial e comunitária. Para que? Para com a Igreja, saber dar resposta ao mundo contemporâneo.

9. Tudo isto porque a missão do catequista exige uma formação compacta que engloba o campo espiritual, sacramental, o hábito da oração, o sentido profundo da excelência da mensagem cristã, a atitude de caridade, humildade e prudência. Um testemunho constante, equilíbrio psicológico, diálogo e comunicação, liderança com afetividade, trabalho em equipe, conhecimento profundo da Palavra de Deus e dos documentos da Igreja (Diretório Nacional de Catequese, Manual de Catequética, Catecismo Igreja Católica, Catequese Renovada, entre outros). Participar e conhecer a realidade da vida da comunidade. Ter respeito pela dignidade e pela consciência de cada pessoa, discernimento e inculturação. Não viver uma catequese isolada, fora da realidade e da cultura da comunidade e da Igreja. Não faz de sua sala de catequese o seu mundo, blindando-a contra a presença da coordenação paroquial, do padre e de outros membros da comunidade.

10. Ser um transmissor da fé é ser uma pessoa com a Igreja, para a Igreja e na Igreja. É levar a todos os seus catequizandos a conhecer outras pastorais e movimentos que compõe a comunidade paroquial. Para que, ao concluir uma etapa de formação doutrinal, o catequizando não viva uma autossuficiência religiosa, chegando a viver sua vida de fé, fora da convivência eclesial.

11. Quero imensamente agradecer a sua dedicação, seu amor a esta missão de conduzir a Jesus, o Bom Pastor (Jo 10, 11), os nossos catequizandos. Que esta missão seja cumprida primeiramente pelo testemunho, e depois pelo anuncio explícito do Evangelho, pois a Fé cristã é, antes de tudo, adesão à pessoa de Jesus Cristo e ao seu Evangelho. Ela não é uma ciência, mas uma experiência prática de vida. É acolhida do dom gratuito que vem de Deus.

12. Nenhum catequista é um transmissor de idéias, conhecimentos, doutrinas humanas e pessoais, mas canal da Palavra de Deus feita Carne (Jo 1, 1) que só se conhece por meio da experiência que está no encontro pessoal com a pessoa do próprio Jesus Cristo. Essa experiência é comunicada pelo ser, saber e saber fazer em comunidade. O ser e o saber do catequista sustentam-se numa espiritualidade da gratuidade, da confiança, da entrega, da certeza de que o Senhor está sempre presente e é fiel.

13. Façamos dos nossos encontros formativos uma oportunidade para renovar as nossas forças, na nossa batalha em construir o bem e levar o evangelho vivo através do nosso testemunho.

14. O mundo vive uma crise de identidade. As pessoas não se conhecem. Vivem das superficialidades, do movimento da massa em consequência do momento e das transitoriedades que os cercam. A perda da identidade é justamente o esquecimento do valor como pessoa, da condição que nos assegura de sermos prediletos de Deus. Quanto mais conscientes do que somos, faremos e seremos homens e mulheres realizados, prontos para o desafio de transformar o mundo.

15. Que cada encontro formativo promovido pela nossa paróquia seja um momento especial para nos encontrarmos mais intimamente com Deus e com os irmãos de outras comunidades que realizam o mesmo trabalho evangelizador que fazemos. Estes encontros sirvam de momentos em que estamos para aprender e somar experiências que podem nos ajudar mutuamente. Isto faz parte da espiritualidade do catequista.

16. Portanto, quando colocamos nossa atenção comunitária e desejo ser com a Igreja em Deus, nos unimos com nosso entendimento e com nossa vontade para nos transformar-nos em canal da graça santificante do Espírito de Jesus no Pai.

17. Querido (a) catequista, que a experiência do encontro com Jesus Cristo seja a força motivadora capaz de lhe trazer o encantamento por esse fascinante caminho de discipulado, cheio de desafios que o (a) faz crescer e acabam gerando profundas alegrias. A Igreja Católica dispensa aos homens a vida divina, restaura a natureza humana, e é a arca da salvação, a luz que bilha nas trevas, sobre tudo, a Mãe espiritual fecunda do homem e a Mestra da verdade revelada.

18. Para Santo Agostinho não existe separação entre Igreja Católica e o Corpo sacrossanto de Cristo! Pelo batismo fazemos parte desse Corpo. Por isso, somos convidados a repetir por amor, as ações de Cristo. A maior ação de Cristo foi pregar o seu Evangelho para a mudança de vida do povo de Deus.

19. Santo Agostinho, quando afirma que assim podemos vê a Igreja: “O mistério de Cristo total, Cabeça e Corpo, Esposo e Esposa, Cristo e a Igreja, dois em uma só carne, dois em uma só pessoa” (Em. im Ps 3, 9; in os. 9, 14; in os 17, 51; … S. 321, 1). Entendemos qual é o nosso papel dentro desse corpo. Recebemos parte da responsabilidade de ajudar a Igreja a ser Mãe dos batizados que acolhe, alimenta e educa na fé.

20. Ele destaca que o sentido geral da comunidade de fiéis, tanto do Antigo como do Novo Testamento, estão unidos substancialmente na mesma fé em Deus e em Jesus Cristo prometido. É aceitar “o Salvador, que reúne em sua Igreja universal a todos os justos, desde Abel até o fim do mundo, formando o seu Corpo Místico” (Serm. 341, 1-12). Também Agostinho nos leva a compreender a Igreja Católica como a sociedade eterna dos eleitos, da qual a igreja terrena (igreja que peregrina) nos ajuda na preparação para o nosso encontro definitivo com Deus.

21. Segundo o Doutor da Graça, a Igreja deve ser entendida como sociedade específica, ele a distingue das demais sociedades humanas por suas características especiais. Estas características são: origem, missão e meios sobrenaturais, porque está para salvar almas (Mt 28, 19-20; Mc 16, 15). E, o catequista faz parte dessa missão apostólica.

22. A mais bela de todas as interpretações que podemos fazer sobre o pensamento eclesiológico de Santo Agostinho, é um meio eficaz que apresentamos como um fundamento necessário na missiologia da Igreja. Vemos que Jesus Cristo, fundador divino, encomendou a sua Igreja a um fim muito especial: continuar sua missão de salvar aos homens até o final dos tempos. E para realizá-lo, deve existir uma relação estreita entre Jesus Cristo e a Igreja. Ele é a cabeça da Igreja e a Igreja, indiscutivelmente, é o seu Corpo místico. O catequista tem a missão de fazer favorecer esta relação entre Deus e o homem, por meio de sua ação evangelizadora.

23. Se quisermos entender isto, devemos partir da Sagrada Escritura, quando afirma de distintos modos, ao falar de “minha Igreja” (Mt 16, 18), “apascenta meus cordeiros, apascenta minhas ovelhas” (Jo 21, 16), “foi-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28, 19) e, “como o Pai me enviou, assim também eu vos envio” (Jo 20, 21). Estas são passagens bíblicas que orientou o pensamento agostiniano, fazendo perdurar através da Doutrina da Igreja, quando escuta o seu divino fundador, Jesus Cristo dizendo: “Eu sou a videira e vós os ramos” (Jo 15, 5).

24. O catequista não pode esquecer de que somente de Jesus procede toda a vida sobrenatural que se comunica a todos os seus membros (Col 1, 18).

25. O Documento de Aparecida nos números 297, 298, 299 e 300 faz uma reflexão sobre a catequese dizendo:

1. O fortalecimento dessa identidade (cristã) passa por uma catequese adequada que promova adesão pessoal e comunitária a Cristo, sobretudo nos mais fracos na fé.

2. A catequese não deve ser só ocasional, reduzida a momentos prévios aos sacramentos ou à iniciação cristã, mas sim “itinerário catequético permanente”.

3. Para que em verdade o povo conheça Cristo a fundo e o siga fielmente, deve ser conduzido especialmente na leitura e meditação da Palavra de Deus, que é o primeiro fundamento de uma catequese permanente.

4. A catequese não pode se limitar a uma formação meramente doutrinal, mas precisa ser uma verdadeira escola de formação integral. Portanto, é necessário cultivar a amizade com Cristo na oração, o apreço pela celebração litúrgica, a experiência comunitária, o compromisso apostólico mediante um permanente serviço aos demais. Para isso, seriam úteis alguns subsídios catequéticos elaborados a partir do Catecismo da Igreja Católica e do Compêndio da Doutrina Social da Igreja, estabelecendo cursos e escolas de formação permanente aos catequistas.

5. Deve-se dar catequese apropriada que acompanhe a fé já presente na religiosidade popular. Maneira concreta pode ser a oferta de um processo de iniciação cristã com visitas às famílias, onde não só se comuniquem a elas os conteúdos da fé, mas que também as conduza à prática da oração familiar, à leitura orante da Palavra de Deus e ao desenvolvimento das virtudes evangélicas, que as consolidem cada vez mais como Igrejas domésticas.


26. Um momento importante da animação pastoral da Igreja onde se pode sapientemente descobrir a centralidade da Palavra de Deus, é a catequese.

27. Nela acontece novamente o encontro dos discípulos de Emaús com Jesus, descrito pelo evangelista Lucas (24, 13-35). Este encontro, representa em certo sentido, o modelo de uma catequese em cujo centro está a “explicação das Escrituras”, que somente Cristo é capaz de dar.

28. Não devemos esquecer que a catequese tem o dever de ser impregnada e embebida de pensamento, espírito e atitudes bíblicas e evangélicas, mediante um contato assíduo com os próprios textos sagrados; que a catequese só alcançará a sua riqueza e eficácia, quanto mais ler os textos com inteligência e o coração da Igreja. (Verbum Domine 74)

29. Convido-vos a fazerem a experiência de refletir nas salas de catequese os fundamentos mais elementares do Catecismo da Igreja, e verão que eles serão luzes que iluminarão o caminho de fé de vossos catequizandos por toda a vida. Eles reconhecerão que aquilo que a nossa fé católica transmite aos batizados é para que eles tenham, até os últimos dias, sua existência na vida de Deus.

30. O horizonte para o qual deve tender todo caminho pastoral, inclusive a catequese, é a santidade. O catequista é o primeiro a viver e ser o protagonista de que o batismo é um verdadeiro ingresso na santidade de Deus. Disse o Beato João Paulo II no final do Jubileu do ano 2000; “Seria um contrassenso contentar-se com uma vida medíocre, pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial”. (N. M. I.

31. Muitos que se deparam com a afirmação do Beato João Paulo II é impactado fortemente! Ou para abandonar a missão que está realizando, como os discípulos de Jesus que foram embora (Jo 6), ou para afirmar com mais força, aquilo que com amor foi rezado por Pedro: “A quem iremos Senhor? só tu, tens palavra de vida eterna!”

32. Às vezes nos reclamamos e perguntamos: os nossos pastores estão preocupados com a formação catequética? A missão de instruir na fé é o dever de todo o cristão batizado. Se os pastores falham em sua missão, tomemos a frente nós, no que nos é possível a fazer, criando em nosso coração um interesse de educar na fé os irmãos abandonados.

33. Até aqui vimos que os catequistas na Igreja ocupam um lugar eminente! Os catequistas educam na fé! Participam do “múnus episcopal” no ensinamento que é próprio do bispo. O catequista é aquele que tem consciência de que a vida cristã não é uma peça teatral no mundo, onde ninguém deve viver de fingindo que é de Deus. Que a Santa Missa não é um encontro social, comparado a qualquer movimento sindical, reunião privada etc. Mas, o momento da manifestação de Deus, em que as palavras, os hinos, os gestos e ações são grávidos de Deus.

34. Quando assumimos uma vocação, obviamente renunciamos todas as outras. A exigência é dada, a renúncia é certeira. Se não sabem, a missão de catequizar requer um encontro pessoal com Jesus, para não sermos cristãos garçons, onde ensinam que Deus é paz, perdão, alegria, amor, misericórdia, etc., mas não experimentam nada do que oferecem.

35. Um encontro verdadeiro com Jesus Cristo exige uma mudança de comportamento, atitudes e pensamentos. Modos como o vestir, falar, rezar etc., porque tudo em nós ensina e fala de verdade a quem servimos.

36. Em meio as nossas atividades diárias, não nos esqueçamos de que somos embaixadores de Deus. De que as crianças, os jovens e o povo de Deus precisam de quem, em nome de Deus, lhes sirva de pai, de mãe, de irmão, de mestre, de tudo!

37. São João Calábria chamava a atenção de seus irmãos de comunidade para nos encontros com os pobres, a amar as suas almas e, não, a suas aparências externas.

38. É fato! A verdadeira catequese se dá não com palavras, dinâmicas e encontros vazios, mas com palavras, gestos, amor e muito, mais muito amor verdadeiro por Deus nos irmãos.

39. Se fizermos o nosso trabalho bem, no final de nossa vida terrena, Jesus repetirá o que disse a Natanael: “aí vem um cristão de verdade, um homem sem falsidade!” (Jo 1, 47) Pois, o maior pecado de Judas foi a falsidade.


Dicas para ser um bom catequista



I.Seja uma pessoa de oração (CIC 2663). Nunca comece ou termine qualquer atividade religiosa sem a oração;

II. Seja uma pessoa integrada na comunidade. Não pense que a sala de catequese “é sua”. Você tem a missão de instruir em “nome da Igreja”, não em seu nome;

III. Tenha um gosto pela Palavra de Deus e a Tradição. Ame o Catecismo da Igreja Católica, tire dele o ensinamento que os seus catequizandos necessitam;

IV. Procure ter qualidades humanas necessárias para trabalhar com pessoas, se possível, com a ajuda de profissionais competentes. Procure ser uma pessoa equilibrada, pontual, respeitosa, limitada no linguajar a ser utilizado para melhor compreensão da mensagem;

V. Saiba trabalhar em equipe. Procure ajuda sempre que precisar falar de assuntos delicados, sobre a fé. Existe uma equipe paroquial de catequese, esteja associado a ela;

VI. Tenha amor pelos catequizandos. Procure ter noção de psicopedagogia. Conheça os familiares de seus catequizandos, crie encontros que os envolvam;

a) Seja autodidata na Doutrina da Igreja. Participe dos encontros formativos que a equipe 
paroquial, regional e diocesana de catequese disponibiliza;

b) Planeje junto com a equipe paroquial de catequese o cronograma, os assuntos e as celebrações de sua sala de catequese;

IX. Crie consciência de que você faz um serviço para Deus, em Nome da Igreja, para a Igreja e com a Igreja (DGC pág. 162 cap. 156). O catequista não age sozinho, não diz o que quer e como quer;

X. Seja capaz de respeitar a individualidade da cada catequizando, amando-o com um amor singular. Muitos não são tratados com carinho em casa, na Igreja deve ser diferente;


40. Atenção! Cristo deve ser o centro da catequese (CIC 426)! Pois, sua finalidade na Igreja é levar os cristãos batizados a um perfeito conhecimento de Jesus Cristo, nosso Salvador e Deus, com o Pai e o Espírito Santo (CIC 428-429).

41. As pistas que trago aqui devem ser acolhidas com amor, porque se não, causará reações contrárias na vida do catequista. Espero que este texto seja assimilado por você amado catequista que doa a sua vida por amor a Jesus Cristo e a sua Igreja, com o seu sim ao Reino. Você é importante na vida das pessoas de fé. Lembre-se de que muitos vão lhe agradecer no futuro pelos ricos momentos que você lhes proporcionou em sua sala de catequese. Deus te abençoe e parabéns pela sua missão!

42. Espero que no próximo ano a nossa amizade fraterna em Cristo Jesus se estreite. Termino esta reflexão vos convidando a junto darmos as mãos para um desenvolvimento muito maior na vida catequética de nossa paróquia. Vamos juntos formar forças para edificarmos a construção do Reino de Deus.

43. Que Maria Santíssima, aquela que foi a primeira catequista interceda por nós, para juntos conhecermos e levarmos os outros ao conhecimento perfeito de nosso Salvador Jesus Cristo. Amém.
Em Jesus e Maria


José Wilson Fabrício da Silva, ocrl

O Sacramento da Confissão





O sacramento da reconciliação é um dom maravilhoso que o Senhor nos deu. No “tribunal” da Penitência o culpado jamais é condenado, mas sempre absolvido pelo próprio Deus. Pois quem se confessa não se encontra com um simples homem, mas com  Jesus, o qual, presente em seu ministro.
Os Padres da Igreja gostavam de chamar o Sacramento da Confissão de a “segunda tábua de salvação depois do batismo”. Isto significa que todos os pecados cometidos depois do batismo, diante de Deus tem uma chance de ser perdoado por meio da “Confissão” feita a um ministro ordenado segundo a Ordem de Melquizedeque (Hb 5, 6), quer dizer, segundo o mandato apostólico.
Engana-se todos aqueles que apoiados em convicções pessoais ou em uma interpretação deturpada da Sagrada Escritura, dizer que não necessitamos mais de confessar os nossos pecados, devido o que S. Paulo escreve em 2ª Coríntios 5, 17.  Não é possível obter o perdão dos pecados mortais depois do Batismo sem a acusação dos mesmos na Confissão, embora seja possível antecipar o perdão com a contrição perfeita acompanhada do propósito de confessar-se. Mas, a confissão dos pecados tem que acontecer (Num. 5, 6-7 / Prov. 28, 13 / At 19, 18 / Mt 3, 5-6).   

     É  necessário para se fazer uma boa confissão:
Um cuidadoso exame de consciência à luz dos Mandamentos da Lei de Deus e da Igreja. Tenho pecado contra os Mandamentos da Lei de Deus? São estes:
1º Amarás a Deus sobre todas as coisas.
2º Não tomarás o Nome de Deus em vão.
3º Santificarás as festas.
4º Honrarás a teu pai e a tua mãe.
5º Não matarás.
6º Não cometerás adultério.
7º Não roubarás.
8º Não dirás falso testemunho.
9º Não pecar contra a castidade.
10º Não cobiçarás os bens alheios.
 Tenho cumprido os Mandamentos da Igreja corretamente?:
1-      Participar da Missa aos Domingos e outras festas de guarda – ficando livre de trabalhos e de atividades que pudessem impedir a santificação desses dias.
2-      Confessar-se ao menos uma vez por ano.
3-      Receber o sacramento da Eucaristia pelo menos pela Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
4-      Abster-se de comer carne e observar o jejum nos dias estabelecidos pela Igreja. Dias de jejum: quarta-feira de cinzas e sexta-feira santa. Dias de abstinência de carne: sextas-feiras da quaresma.
5-      Atender às necessidades materiais da Igreja, cada qual segundo as próprias possibilidades.

  •  Arrepender-se  dos pecados cometidos com o firme propósito de não cometê-los mais (contrição);
  • Cumprir a penitência proposta pelo confessor;
  • Fazer uma revisão de vida pautada nas obras de misericórdia. Eu tenho faltado contra qualquer uma dessas?:
1 – Dar de comer a quem tem fome;
2 – Dar de beber a quem tem sede;
3 – Vestir os nus;
4 – Dar pousada aos peregrinos;
5 – Visitar os enfermos e encarcerados;
6 – Remir os cativos;
7 – Enterrar os mortos;
8 – Dar bons conselhos;
9 – Ensinar os ignorantes;
10 – Corrigir os que erram;
11 – Consolar os aflitos;
12 – Perdoar as injúrias;
13- Sofrer com paciência as fraquezas do próximo;
14 – Rogar a Deus pelos vivos e defuntos.
Diante de Deus e dos irmãos, como tenho me comportado? Estou vivendo em algum Pecado Capital?:
1– Orgulho,
2– Avareza,
3– Luxúria,
4– Inveja,
5– Gula,
6– Ira,
7– Preguiça,
8– Poluição ambiental,
9– Manipulação genética,
10– Acumulação de riqueza excessiva,
11– Geração de pobreza,
12– Consumo e tráfico de drogas,
13– Experimentos moralmente discutíveis,
14– Violação de direitos fundamentais da natureza humana.

Na vida cristã existem os pecados contra o Espírito Santo, tenho-os praticado? São eles:

1– Desesperar-se de sua própria salvação;
2– Presumir ser salvo sem méritos;
3– Resistir à verdade conhecida;
4– Ter inveja do mérito de outros;
5– Ser obstinado pelo pecado;
6– Morrer impenitente.
É necessário que o penitente esteja verdadeiramente arrependido! Basta que o pecador perceba o quanto ofendeu a Deus, que tenha consciência da gravidade do pecado, reconheça os seus pecados para formular um firme propósito de emenda. O pecador deve abeirar-se do confessionário com uma firme resolução de abandonar a vida de pecado e com firme propósito de não voltar a pecar. “Vai em paz e não voltes a pecar”, diz-nos Jesus.
Antes de definir o que é o Sacramento da Confissão, O Catecismo da Igreja Católica começa a falar do pecado, afirmando que o “pecado” é uma ofensa a Deus, ruptura da comunhão com Ele. Ao mesmo tempo, é um atentado contra a comunhão coma Igreja. É por isso que a conversão traz consigo, ao mesmo tempo, o perdão de Deus e a reconciliação coma Igreja, o que é expresso e realizado liturgicamente pelo sacramento da Penitência (CIC 1440).
Respondendo a falácia protestante que afirma que “só Deus perdoa pecado e só a ele devemos nos confessar”, afirmo que isto é pura verdade! Mas, esta afirmação não deve substituir a confissão auricular que fazemos a um ministro ordenado. Entendamos à luz da Palavra de Deus e do nosso Catecismo:
- Só Deus perdoa os pecados. Jesus, porque é Filho de Deus, diz de Si próprio: “Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados” (Mc 2, 10) e exerce este poder divino: “Os teus pecados são-te perdoados!” (Mc 2, 5). Mais ainda: em virtude da sua autoridade divina, concede este poder aos homens para que o exerçam em seu nome (1441).
- Cristo quis que a sua Igreja fosse, toda ela, na sua oração, na sua vida e na sua atividade, sinal e instrumento do perdão e da reconciliação que Ele nos adquiriu pelo preço do seu sangue. Entretanto, confiou o exercício do poder de absolvição ao ministério apostólico. É este que está encarregado do “ministério da reconciliação” (2 Cor 5, 18). O apóstolo é enviado “em nome de Cristo” e “é o próprio Deus” que, através dele, exorta e suplica: “Deixai-vos reconciliar com Deus” (2 Cor 5, 20) (1442).
Este sacramento confere a graça santificante em todo batizado:
  •   É com ele que são perdoados os pecados mortais e também os veniais que se confessaram e de que haja arrependimento.
  •   Muda a pena eterna em temporal, da qual também é perdoada uma parte maior ou menor, conforme as disposições do penitente.
  •   Dá vida ao merecimento das boas obras feitas antes de se cometer o pecado mortal;
  •   Reanima a alma com auxílios oportunos para não recair no pecado e restitui a paz à consciência
Podemos chegar a conclusão de que o Sacramento da Confissão é necessário para se salvarem todos aqueles que, depois do Batismo, cometeram algum pecado mortal!
O importante é sabermos que este sacramento pode ser recebido quantas vezes for necessária para a nossa perfeição. Quando Pedro perguntou se podia dar o perdão de um pecado até sete vezes, Nosso Senhor Jesus Cristo lhe respondeu: “Eu não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 28, 22). Mesmo assim, para bem nos confessarmos devemos, antes de tudo, pedir ao Senhor que nos dê luz para conhecer todos os nossos pecados e força para os detestar.
Para que um pecado seja mortal é necessário coloca-lo na balança da consciência olhando: 1) A matéria grave: quando se trata de uma coisa notavelmente contrária à Lei de Deus e da Igreja; 2) A Plena advertência: quando se conhece perfeitamente que se faz um mal grave; 3) O Consentimento perfeito da vontade: quando se quer fazer deliberadamente uma coisa, embora se reconheça que é culpável.
O Sacramento da Confissão foi, é e sempre será a manifestação da misericórdia de Deus.

Autor: Cônego José Wilson Fabrício da Silva, ocrl