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sexta-feira

Homossexualismo na Igreja Católica, como eu o encaro?


Olá amados internautas!
Como o assunto é do interesse de muitos, faço chegar a todos os nossos apreciadores uma matéria elaborada por um colega religioso que autorizou gentilmente a publicação de seu texto:


O homossexualismo dentro da Igreja Católica deve ser encarado de maneira séria, cautelosa, honesta e sem medo. Presumo que ninguém escolhe ser heterossexual ou homossexual, do mesmo modo creio da importância de entender que Deus nos ama incondicionalmente e independente da orientação sexual sendo assim deve existir a compreensão, a aceitação e a compaixão.
Olhando dessa forma, entendo que algumas posturas da igreja católica, em inúmeras ocasiões são no mínimo contraditórias. De um lado em alguns casos existe a severidade e em outros acontece justamente o oposto, como se por algum motivo alguns pudessem ser perdoados e outros não. Ora já passou a ‘santa inquisição’ e na luz do evangelho não podemos classificar as pessoas como homo ou heterossexuais, mas sim todos como filhos de Deus.
Concordo com Frei Beto quando esse escreveu em um texto, de não entender os motivos da CNBB em querer levar um advogado até o senado, tentando pressionar a não aprovação da lei que descriminaliza a união estável de homossexuais. Essa é uma ação no mínimo contrária ao evangelho pregada por Jesus que coloca a misericórdia sempre em plano de destaque. Segregar os homossexuais dessa forma bate de frente ao que Jesus falou em acolher a todos do modo que são sem os condenar, onde ficam os atos misericordiosos? Em contrapartida o que se vê são inúmeros casos de homossexualismo por parte de vários padres e em casos assim o que é colocado em prática muitas vezes é a conivência e não a misericórdia. O nosso Catecismo fala em acolher o pecador e não o pecado.
No Catecismo da Igreja Católica (CIC) é citada à exigência de se evitar qualquer discriminação aos homossexuais e esses precisam ser acolhidos com respeito, porém o mesmo texto não fala em ser conivente com as autoridades eclesiais quando esses o são. O mesmo catecismo indica que homossexuais devem viver a sua castidade e por meio da oração junto com a graça sacramental podem e devem se aproximar de maneira gradual e resolutamente da perfeição cristã. Mas, fica no mínimo irônico ver alguns padres falarem de castidade entre pessoas do mesmo sexo se muitos destes não a vivem. E vendo exemplos como estes, fica difícil acreditar que exista seriedade no tratamento desse tema.
A misericórdia pode ser aplicada quando entendemos que existem sempre os que se esforçam para viver de modo maduro e consciente sua opção pelo voto de castidade e que em algum momento encontram-se fragilizados no espírito e acabam caindo diante alguma tentação. Entretanto sabe-se que existem os que não se esforçam para viver dignamente o voto feito diante de Deus através da Igreja, e até consideram normal, em casos assim vemos o quanto nossa igreja precisa caminhar. Jesus falava em misericórdia e não em conivência.
Não é fácil viver a castidade, todavia as pessoas que livremente resolveram assumir esse compromisso diante de Deus devem lutar para cumprir este voto, independente da orientação sexual. É importante encarar o homossexualismo de forma séria e cautelosa. Sem querer enquadrar ninguém nas ‘fórmulas’ que possam ser consideradas corretas.
Como filhos amados por Deus, somos chamados a amar a todos. E amar implica em cuidar, respeitar, acolher e quando preciso corrigir. Homossexualismo não é defeito, portanto não acho que deva ser uma postura para se corrigir, porém, religiosos que assumem o compromisso de viverem sua castidade e ainda assim tem práticas que vão contra o voto feito, vejo que é algo que deva ser corrigido sim. Porém essa é uma correção que deveria ter sido feita no passado a ponto de não considerar que esse tipo de atitude seja comum. Ora ver ações destas e encarar como algo que é feito por todos e, portanto é comum, acredito que no mínimo existe uma falha na formação cristã.
É necessário ter uma formação madura que faça conhecer as limitações e os pontos que devam ser orientados de maneira mais incisiva, e com o conhecimento dos próprios limites fica mais fácil afastar-se do que o faz cair. Se souber que certa ocasião proporciona o erro ficar longe é o melhor conselho. E uma pessoa que tem consciência das suas forças caminha com mais segurança e menos margem de erro.

Autor: Francisco das Chagas Santiago Silvestre Júnior da Congregação São Pedro Ad Vincula - SPAV

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