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terça-feira

A espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus

A espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus


Santo Agostinho compara o Coração de Jesus à arca de Noé, onde todos os que entrarem Nele, durante as tempestades deste mundo, serão salvos do naufrágio. Deste Coração aberto dimana, disse São Cipriano, a fonte que saltará até a vida eterna. O Coração de Jesus, disse São Bernardo, é um forno mais ardente de caridade destinado a abraçar o universo. São Pedro Damião chama a este Coração de Tesouro universal da sabedoria e da ciência. São Francisco de Sales, a fonte de todas as graças. São Boaventura, o Tesouro de toda a sorte de bens. São Francisco de Assis, Santa Clara, São Luis Gonzaga, lhe invoca sem cessar como a fogueira do divino Amor. “Publicai por todo o mundo e inspirai”, lhe disse o Senhor a Santa Margarida Alacoque, e “recomendai esta devoção a todos com um meio seguro e fácil de conseguir de mim, um verdadeiro amor de Deus e chegar a pouco tempo á mais sublime perfeição”.


O quanto é bom e doce, exclama São Bernardo, fazer morada neste Sagrado Coração; “basta recordar-me de vosso Coração Divino para encher-me de alegria”! E o que será de nós, continua o mesmo santo, si entrando Nele, morar-mos ali todos os dias? Colocai-me, Jesus meu, dentro desse divino Coração que tanto atrativo tem para mim. Santa Catarina de Sena tomou com tanto amor essa devoção que, fez uma inteira renúncia de seu coração á seu Esposo divino e mereceu uma mudança que cedeu Jesus Cristo seu próprio Coração.

Não teremos direito de chamar-nos de adoradores do Sagrado Coração, senão quando houver feito as nossas, todas as suas intenções e nos ocuparmos sem cessar nos grandes interesses que unicamente lhe preocupam no seu augusto Sacramento do Altar, donde reside como vítima de nossa religião santa, que expia os pecados de todo o mundo e aplica seus méritos como um suave balsamo que cicatriza as feridas de todas as almas. Não é sólida a amizade aonde não existe uma mútua comunicação de bens e fusão de interesses.

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus não é um privilégio exclusivo de algumas almas piedosas, pois o Salvador recomendou que fosse publicada e estendida por todo o mundo. Não somos todos os homens o terno objeto de sua ternura? Não foi ferido e aberto o Coração de Jesus pelos pecados de todos os homens? O Coração de Jesus é o tesouro de todos os homens por todos e para todos foi aberto sobre a Cruz: todos, ainda os mais culpáveis, tem parte nas misericórdias de seu amor. É, pois, um dever de todos os homens renderem ao Coração de Jesus um tributo de amo, de reconhecimento, de reparação e de anexo á seus interesses, á seus olhares, á aspirações que tem no Sacramento augusto de amor. Eis aqui a razão porque todo coração verdadeiramente piedoso se compras na recordação do decreto de Pio IX, em virtude da qual a festa do Sagrado Coração de Jesus deveria ser celebrada em toda a Igreja como, uma das festas mais importantes de ano. Para vermos que essa devoção deve ser a essência do cristianismo, o compêndio e sumário substancial de toda a Igreja.

A imagem do Sagrado Coração de Jesus em nossas casas deve ser a maior, a mais bela que deve ser colocada em um lugar de honra, em destaque na sala e com uma vela perpétua acesa ao seu lado. Pois o Coração de Jesus é nosso Tesouro. Por isso que em nossas igrejas, o Sacrário ocupa o lugar de destaque porque ali está Jesus por inteiro, onde as almas devem acorrer para buscar refúgio e amparo debaixo da tenda de seu amor misericordioso. Faça um oratório exclusivo para o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria, para ser posto no lugar principal de sua casa.

Pois o Coração de Jesus foi à alegria dos Santos.  Todas essas práticas devocionais dirigidas ao Santíssimo Coração de Jesus nos levarão a uma união transformante com Ele mesmo ou usando a palavra mais popular para todos, nos levará a um matrimonio espiritual com Cristo, onde perpassa todo o pré-conceito racial, econômico e sexual. Prevalecendo a fé católica ortodoxa e sacrifical.

Onde, a alma devota deverá passar por dores, sacrifícios e união em tudo com Cristo. Se não tem uma semelhança perfeita com Cristo, não existe um matrimonio espiritual com Ele.

Assim é, depois que a alma devota passar por tantas purificações, chegará por fim á união tranquila e permanente com o Coração de Jesus, que se chama união transformante, onde parece ser o último término da união mística e a preparação imediata para a visão beatífica. Na Mística, que conhecemos como a ciência dos santos, encontramos a forma mais original possível de se unir a Jesus, ainda aqui na terra através da natureza e seus efeitos.


 Natureza da união transformante


Indico: 1º seus caracteres principais; 2º a descrição que dela faz Santa Tereza, a grande. Seus principais caracteres são a intimidade, o sossego e a indissolubilidade.
  1. A Intimidade. Por ser esta união mais íntima que as demais, chamasse matrimônio espiritual; entre os esposos já não existe segredos: confundam-se as duas vidas em uma só. Assim a união da alma com Deus; Santa Tereza explica com uma comparação: aqui é como se caindo água do céu em um rio ou fonte, onde fica tudo feito água que não poderão já dividir, nem apartar qual é a água do rio ou o que caiu do céu.(Castillo, moradas séptimas, cap. II, n. 4)
  2. O sossego. Neste estado já não existe êxtases nem arrombamentos, ou pelo menos, muito pouco deles; eram aquelas fraquezas e desfalecimentos que desapareceu cause de tudo, para abrir praça á aquela paz e sossego de que desfrutam o esposo e a esposa, seguros para sempre de seu mútuo amor.
  3. A indissolubilidade. As outras uniões não eram senão transitórias; esta é permanente como acontece no matrimônio cristão.
Vemos, então que: a união é tão íntima e profunda que não pode deixar de produzir maravilhosos efeitos de santificação. Compendia-se em uma só frase: chamasse a alma transformada aquela que, se sente esquecida de si mesma para não pensar já mais que em Deus e em sua glória. De onde nasce:

1º) A Santa Entrega nas mãos de Deus, a qual chega ao ponto que a alma não oferta nada absolutamente, de tudo o que não seja de Deus;

2º) O Desejo Imenso de Padecer, mas sem inquietude, em conformidade com a vontade de Deus. Diz Santa Tereza que: “... tem também estas almas um grande gozo interior quando são perseguidas, com muito mais paz que o que fica dito e sem nenhuma inimizade com os que fazem o mal e desejam fazer: antes lhes dar um amor particular...” rezando pelos seus perseguidores dia e noite. (Castillo, moradas séptimas, cap. IV, n. 6)

3º) Ausência de desejos e de penas interiores: “O fim é, que os desejos destas almas não são já de presentes, nem de prazeres... Desejo de estar sempre, ou a sós, ou ocupadas em coisa que seja proveitoso de alguma alma. Não securas espirituais, nem trabalhos interiores, senão com uma memória e ternura com Nosso Senhor que nunca queria estar se não dando-lhe louvores.


O Coração de Jesus é fonte e modelo do amor de Deus


O amor é a entrega total que se faz o Amante e por esta entrega total que de si, se faz, sentimos seu acolhimento em seus olhos e em suas santíssimas mãos, onde Ele nos aponta o seu terno e doce Coração. Quão perfeito é o amor de Jesus a seu Pai! Amor que Ele reparte com cada um de nós. Mas, como se reparte? Através da Santíssima Eucaristia. Cristo Jesus, Filho Benditíssimo do Pai e de Maria penetra no íntimo de nosso ser de uma forma muito especial. Forma esta que lava, transforma e consola a todos os corações destruídos pelo ódio e o pecado.

Só Jesus tem o poder de restaurar-nos, de refazer-nos de uma forma surpreendente. Por isso no espaço de tempo que temos para sair de nosso posto no banco em que estamos sentados até a frente do altar, deve ser uma preparação bem feita para receber Aquele que um dia nos receberá em sua glória.   

Terminemos esta meditação implorando ao Espírito Santo dizendo:

Vinde, Espírito Santo, fazei de nós receptáculos de vossos dons, para que possamos fornecer a nossos irmãos o caminho seguro nestes tempos confusos
Senhor, Tu nos permitiste invocar o Teu nome e chamar-te de Pai; permite-nos agora, através da Tua misericórdia, invocar o Santo Espírito em favor da Tua Igreja.





Autor: +José Wilson Fabrício da Silva 

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